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A uma janela de Roma
Escolhidos para o serviço da Igreja
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O Patriarca de Lisboa recebe este sábado, no Vaticano, o anel e o barrete cardinalício. Na semana em que o Papa voltou a falar de Lampedusa, a Santa Sé publicou um guia para homilias sem "improvisações". Francisco condenou o tráfico de seres humanos e enviou carta aos bispos de todo o mundo.

 

1. D. Manuel Clemente é, este fim-de-semana, dias 14 e 15 de fevereiro, elevado a Cardeal da Igreja. O Patriarca de Lisboa recebe no sábado, das mãos do Papa Francisco, o anel e o barrete cardinalício, e no Domingo participa na Missa presidida pelo Sucessor de Pedro. Antes de partir para Roma, em entrevista à Rádio Renascença, o novo Cardeal português sublinhou que esta era uma eleição para o serviço da Igreja.

Antes, na quinta e sexta-feira, dias 12 e 13, Francisco reuniu-se com todos os Cardeais dos cinco continentes, convocados para um Consistório, não apenas destinado à elevação de novos membros, mas também para os consultar sobre assuntos relacionados com a vida da Igreja universal e a reforma da Cúria. O Consistório de sábado e Domingo, com carácter público e mais festivo, será também uma ocasião para o Papa Francisco deixar indicações a todo o colégio cardinalício sobre os desafios da Igreja e o que espera dos seus pastores.

 

2. O Papa está preocupado com a situação de muitos imigrantes que tentam chegar à ilha italiana de Lampedusa e apela à "solidariedade" internacional. "Sigo com preocupação as notícias que chegam de Lampedusa, onde se contam outros mortos entre os imigrantes por causa do frio, durante a travessia do Mediterrâneo", disse Francisco, no final da audiência pública semanal, no Vaticano, na passada quarta-feira, dia 11. "Desejo assegurar a minha oração pelas vítimas e encorajar novamente à solidariedade, para que não falte a ninguém a ajuda necessária", acrescentou.

O Arcebispo de Agrigento, D. Francesco Montenegro, responsável pela ilha de Lampedusa, disse à Rádio Vaticano que estas mortes "indignas para um ser humano" convidam ao "silêncio e à oração".

Cerca de 300 pessoas terão morrido no mar ao tentar chegar a Lampedusa. De acordo com a porta-voz das Nações Unidas para os Refugiados, que cita o testemunho de alguns sobreviventes, três barcos insufláveis partiram da Líbia rumo à costa de Itália, mas o estado do mar pode ter provocado o naufrágio destas embarcações. Apenas nove pessoas sobreviveram e 29 acabaram por morrer de hipotermia, durante o resgate das autoridades italianas.

O Papa, recorde-se, esteve em Lampedusa em junho de 2013. Foi a primeira viagem apostólica do seu pontificado e a primeira de sempre de um Papa à ilha italiana do Mediterrâneo, ponto de passagem para milhares de imigrantes que tentam chegar à Europa. Calcula-se que 165 mil pessoas tenham feito a travessia entre janeiro e setembro de 2014, em comparação com as 60 mil do ano passado – tornando 2014 um ano recorde que reflete o nível de desespero das pessoas que deixam as regiões de conflito, segundo a Agência da ONU para Refugiados.

 

3. A Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos apresentou, esta terça-feira, um novo diretório para ajudar sacerdotes e seminaristas a prepararem as suas homilias, pedindo que evitem a improvisação. “A homilia não pode ser improvisada, é preciso que quem a pronuncia saiba e reavive em si sem cessar a consciência do que a Igreja lhe pede”, declarou, em conferência de imprensa, o arcebispo inglês Arthur Roche, secretário deste dicastério da Santa Sé.

O diretório homilético pretende fornecer um conjunto de “linhas mestras” que ajudem a inspirar quer os membros do clero quer os futuros padres para o desempenho da sua missão. Nesse sentido, recomenda que a homilia seja preparada com estudo, não seja demasiado longa e se mostre atenta à atualidade e à vida da comunidade concreta em que é pronunciada. Articulado em duas partes, o documento debruça-se sobre “a natureza, a função e o contexto peculiar da homilia”, ao mesmo tempo que enuncia “as coordenadas metodológicas e de conteúdo que o sacerdote deve conhecer” e “levar em consideração ao preparar e pronunciar a homilia”.

 

4. O Papa Francisco lembrou que o dia da oração e reflexão contra o tráfico de seres humanos. “Encorajo todos os que estão empenhados a ajudar homens, mulheres e crianças escravizados, explorados, abusados como instrumentos de trabalho ou de prazer e frequentemente torturados e mutilados”, frisou o Papa, no Vaticano, na manhã do passado Domingo, dia 8. “Espero que todos os responsáveis de governo atuem com decisão para remover as causas desta chaga vergonhosa, indigna de uma sociedade civil”, declarou Francisco, em Roma.

 

5. O Papa quer fazer tudo o que for possível para garantir a segurança de menores na Igreja e enviou, no passado dia 5, uma carta a todos os Bispos diocesanos e responsáveis por ordens religiosas, para os incentivar a adotar normas internas para lidar da melhor maneira com eventuais casos de abusos. Na carta, Francisco recorda o seu encontro com vítimas de abuso, no Vaticano, dizendo: “Fiquei profundamente emocionado pelo testemunho da profundidade do seu sofrimento e pela força da sua fé. Esta experiência reafirmou a minha convicção de que devemos fazer tudo o que for possível para livrar a Igreja do flagelo do abuso sexual de menores e abrir caminhos para a reconciliação e cura dos que foram abusados”. O Papa Francisco aponta para a criação da Comissão para a Proteção de Menores, pelo Vaticano, que inclui peritos leigos de todo o mundo e pessoas que foram abusadas em criança e que hoje se dedicam a combater este problema, e pede às dioceses que sigam as recomendações e o exemplo desta comissão.

Os Bispos e superiores são incentivados também a cumprirem as normas emitidas pelo Vaticano em 2011, que incluem a obrigatoriedade de cada Conferência Episcopal ter um código de conduta interno para casos deste género. Estas normas devem ser periodicamente revistas e aperfeiçoadas e incluem a indicação de colaborar, sempre que isso for possível, com as autoridades civis. “Não deve ser dada prioridade a qualquer tipo de preocupação, seja de que natureza for, tal como o desejo de evitar escândalos, uma vez que não existe qualquer espaço no sacerdócio para pessoas que abusam menores. As famílias precisam de saber que a Igreja está a fazer tudo ao seu alcance para proteger os seus filhos. Devem saber também que têm todo o direito a voltarem-se para a Igreja com toda a confiança, porque é uma casa segura”.

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