Lisboa |
Novos cardeais da Igreja
Papa Francisco propõe uma Igreja próxima dos marginalizados
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O Papa lembrou aos novos cardeais, entre os quais D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, que a disponibilidade é um sinal distintivo da Igreja Católica e que não basta “só acolher e integrar”. Segundo Francisco, é preciso “ir à procura, sem preconceitos nem medo”.

 

O Papa Francisco reforçou, no passado Domingo, dia 15 de fevereiro, em Roma, que a Igreja deve estar junto dos marginalizados e pediu aos novos cardeais para estarem disponíveis para servir os outros. Na homilia da Missa que presidiu, na Basílica de São Pedro, com os 20 novos cardeais criados na véspera, Francisco afirmou que, apesar dos perigos, o caminho da Igreja é de misericórdia e de integração. “Isto não significa subestimar os perigos nem fazer entrar os lobos no rebanho, mas acolher o filho pródigo arrependido, curar com determinação e coragem as feridas do pecado, arregaçar as mangas em vez de ficar a olhar passivamente o sofrimento do mundo”, sublinhou o Papa, na Missa concelebrada, entre outros cardeais, pelo novo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. Francisco esclareceu que o caminho da Igreja "é não condenar eternamente ninguém, derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com coração sincero" e "precisamente sair do próprio recinto para ir à procura dos afastados nas 'periferias' da existência".

Aos novos cardeais, o Papa Francisco lembrou que a disponibilidade é um sinal distintivo da Igreja e que não basta "só acolher e integrar": é preciso "ir à procura, sem preconceitos nem medo, dos afastados revelando-lhes gratuitamente aquilo que gratuitamente recebemos". "A disponibilidade total para servir os outros é o nosso sinal distintivo, é o nosso único título de honra", acrescentou o Papa, dirigindo-se especificamente aos novos membros do Colégio Cardinalício.

Nesta celebração do passado dia 15 de fevereiro, o novo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, foi um dos cardeais que subiu ao altar da Basílica de São Pedro para a oração eucarística.

 

Francisco pede “amor sem limites” aos novos cardeais

Os novos cardeais da Igreja foram criados pelo Papa na manhã do passado sábado, dia 14 de fevereiro. O capítulo 13 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, conhecido como Hino à Caridade, foi como que a ‘carta-mestra’ entregue pelo Papa Francisco aos novos cardeais. No chamado Consistório Público, que decorreu na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e em que o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, recebeu os símbolos do cardinalato, o Papa pediu caridade – “amor sem limites” – aos seus novos conselheiros e salientou que entre os homens de Igreja não é aceitável irritação e, muito menos, o rancor. “A caridade ‘tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’. Temos aqui, em quatro palavras, um programa de vida espiritual e pastoral. O amor de Cristo, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, permite-nos viver assim, ser assim: pessoas capazes de perdoar sempre; de dar sempre confiança, porque cheias de fé em Deus; capazes de infundir sempre esperança, porque cheias de esperança em Deus; pessoas que sabem suportar com paciência todas as situações e cada irmão e irmã, em união com Jesus, que suportou com amor o peso de todos os nossos pecados”, afirmou Francisco.

O Papa reconheceu que “ao pastor que vive em contacto com as pessoas, não faltam ocasiões para se irritar”, acrescentando que “o risco de se irritar é talvez ainda maior nas relações entre nós – irmãos – embora tenhamos efetivamente menos desculpa”. Por isso, deixou o aviso: “Também disto é a caridade, e só a caridade, que nos liberta. Liberta-nos do perigo de reagir impulsivamente, dizer e fazer coisas erradas, sobretudo, liberta-nos do risco mortal da ira retida, 'aninhada' no interior, que te leva a ter em conta os malefícios recebidos. Não. Isto não é aceitável no homem de Igreja. Entretanto, se é possível desculpar uma indignação momentânea e imediatamente moderada, não se pode dizer o mesmo do rancor. Que Deus nos preserve e livre dele!”.

Nesta celebração, o Patriarca de Lisboa foi o segundo dos 20 novos cardeais a receber os símbolos do cardinalato das mãos do Papa Francisco, que lhes lembrou que “a dignidade cardinalícia é certamente uma dignidade, mas não é honorífica”. “Não se trata, portanto, de algo acessório, decorativo que faça pensar a uma honorificência, mas de um eixo, um ponto de apoio e movimento essencial para a vida da comunidade. Vós sois ‘junções cardinais’ e estais incardinados na Igreja de Roma, que ‘preside à universal assembleia da caridade’”, reforçou Francisco. De joelhos no altar da confissão, diante do Sucessor de Pedro, o agora Cardeal-Patriarca de Lisboa recebeu o barrete, o anel e a bula com a sua nomeação, que lhe atribui em Roma a Igreja de Santo António dos Portugueses.

 

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“É uma enorme alegria, um gesto com elevado significado para o país. D. Manuel Clemente é um pastor de grande envergadura moral e espiritual.”

Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho

 

“É um dia de júbilo e de alegria. D. Manuel Clemente é um homem de fé, de cultura, um homem por quem os crentes têm muita admiração e cuja densidade, profundidade, interessa também àqueles que não são crentes.”

Vice Primeiro-Ministro, Paulo Portas

 

“Certamente será um ótimo cardeal, como foi um ótimo arcebispo e bispo. É um grande acontecimento, que ficará gravado com letras de ouro na história da Igreja portuguesa, em particular na Igreja de Lisboa.”

Cardeal D. José Saraiva Martins, Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos

 

“É uma grande alegria [acolher D. Manuel Clemente no Colégio Cardinalício].”

Cardeal D. Manuel Monteiro de Castro, Penitenciário-mor Emérito da Santa Sé

 

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Novo Cardeal deixou mensagem à diocese

Na mensagem vídeo que foi gravada nos momentos após o Consistório Público, em Roma, D. Manuel Clemente dirigiu-se ao Patriarcado de Lisboa, destacando a ligação da Igreja diocesana à Igreja de Roma. “A nomeação de um Bispo português para Cardeal da Igreja de Roma reforça a ligação das nossas dioceses, e concretamente da Diocese de Lisboa à Igreja universal, com um apoio ainda maior, na oração e disponibilidade para o serviço da Igreja, com o Papa Francisco”, salientou o novo Cardeal-Patriarca de Lisboa.

A mensagem vídeo está disponível no canal YouTube do Patriarcado de Lisboa (www.youtube.com/patriarcadolx).

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