Domingo |
À procura da Palavra
A maior intensidade
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DOMINGO DE RAMOS Ano B
“Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.”
Mc 15, 39

 

Entramos na Semana Santa com a promessa de muito calor! E tudo se conjuga para umas pequenas férias vividas com intensidade, no calor primaveril, depois da chuva, neve e vento que pareciam prolongar o inverno. Estes são também os dias de maior intensidade da liturgia cristã ao celebrar a Páscoa de Jesus na nossa vida. Na força dos gestos e das palavras que se escutam, reviver os passos de Cristo, do sofrimento à explosão da vida ressuscitada, não é uma simples memória, nem a reprodução gasta de ritos ancestrais. É confrontar-nos de novo com o que é importante e decisivo em ser cristão. A Páscoa, mais do que uma data, é um dinamismo de vida nova, um princípio de mudança e de transformação do que está mal e pode ser bem e melhor. Se não nos comprometer com maior intensidade no crescimento das pessoas e do mundo, como Deus nos mostra em Jesus crucificado e ressuscitado, talvez o melhor seja mesmo aproveitar uns dias de sol e praia!        

Foi já há quinze dias que li uma entrevista do filósofo e pensador José Gil ao jornal “i”. E daí retirei esta expressão “intensidade” para esta partilha de hoje, que ele coloca na definição de felicidade: “Entendo a felicidade como um terreno que permite todos os prazeres vividos com a maior intensidade. Nesse aspecto, ser feliz não é um estado de espírito, mas uma disposição geral que faz com que cada prazer e cada dor, sejam subordinados ao prazer de existir. […] (A felicidade) deveria ser a reivindicação de uma vida feliz em comunidade, a predisposição de uma comunidade para viver intensamente, para existir intensamente. A felicidade não é egoísta.” Mas a “intensidade” revela-se também quando diz: “já não distinguimos bem o que é importante do que é acessório”, ou “o mundo tenta domesticar quem pensa o que não é o pensamento único”, e também, “o amor ainda salva. Quando deixar de salvar, não é amor”.

Os vários personagens que encontramos no relato da paixão segundo São Marcos são uma espécie de espelho para nós: Judas que trai o seu mestre com um beijo, os fariseus que não se importam em condenar um inocente, Pilatos e Herodes que “lavam as mãos” para contentarem as multidões, Pedro que nega conhecê-l’O depois de três anos de caminhos comuns, os soldados que se entregam a uma violência excessiva, as multidões que O acusam e insultam. São só eles? Com que intensidade vivemos as paixões que continuam a tocar pessoas tão próximas de nós? Continuamos a assistir a uma “correcta” distância, como os apóstolos e tantos discípulos? Se a Páscoa de Jesus é fonte de felicidade para todos, é porque Ele nos mostra que é possível viver com a máxima intensidade. Chamou-lhe “vida em abundância”, “rios de água viva”, “há mais alegria em dar do que em receber”, “amai-vos como Eu vos amei”, “fazei isto em memória de mim”, “vai e não tornes a pecar”, e tantas outras! E se já sabemos as palavras, talvez só falte pôr mais intensidade no que somos e fazemos!

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