Domingo |
À procura da Palavra
“Foi isso mesmo o que Ele disse…”
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DOMINGO VI DA PÁSCOA Ano B

"O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.”

Jo 15, 17

 

Conta uma antiga tradição que, estando já velhinho o apóstolo São João (a trdição diz que foi o único que não morreu mártir) lhe vieram perguntar, mais uma vez, sobre o que dizia Jesus. Ao que teria respondido: “Meus filhinhos, Jesus dizia: “Amai-vos! Amai-vos uns aos outros!” E insistia, repetindo as palavras. Piedosamente alguém teria comentado baixinho: “Coitado. Já está senil e repete sempre a mesma coisa!” Mas os ouvidos do apóstolo ainda não estavam assim tão moucos e ele respondeu enérgicamente: “Mas foi isso mesmo o que Ele disse!”

Serve a história para dizer que o essencial do cristianismo é profundamente simples, e talvez por isso, porque preferimos complicar em vez de viver a sério o que vale a pena, desculpamo-nos com o “bric-a-brac” de coisinhas religiosas ou o jeitinho para condenar os outros em nome de Deus. Como o caso daquele bispo que visitava uma paróquia perguntou a uma criança que ia fazer a primeira comunhão em que é que se distinguiam os cristãos. Perante a hesitação da criança apontou para a cruz de ouro e pedras preciosas que trazia ao peito e quase sussurrou: “Pela cruz,… pelo sinal da cruz!” Mas teve de engolir as palavras pois a criança, de olhos brilhantes, e num repente, disse: “Já sei: é pelo amor!” Claro que a cruz é sinal de um amor até ao fim, mas também foi sinal de muita opressão e violência, de muito pouco amor!

Quando S. João define Deus como amor (só possível pela revelação de Jesus), produz-se uma verdadeira revolução nas ideias comuns sobre Deus. Ele já não é ameaçador e os seres humanos podem deixar de ter medo. Não é violento e está ao nosso lado para salvar e libertar. Não quer sacrifícios nem oferendas mas quer-nos a nós como filhos e irmãos. Quer que permaneçamos no seu amor, este amor oferecido a partir da pobreza e do despojamento de Jesus. Tão diferente de um amor oferecido a partir do poder, como aquele que o imperador Frederico da Prússia, ao passar revista às suas tropas e descobrindo um soldado que tremia de medo dele lhe impõe: “Ordeno-te que não tenhas medo e que me ames!” É o amor que dá sentido pleno à vida, que faz existir o outro e o eleva, que não procura retorno e quer sempre a felicidade do amado. É esta a seiva da nossa existência. Se não é por amor, que sentido têm o trabalho, os compromissos, os laços, a criatividade, a alegria e a festa, a justiça e a verdade, a arte, a beleza, a cultura, o rir e o chorar com os outros, o sofrimento absurdo e misterioso, o sonho e a esperança?

Este é o essencial que parecemos esquecer, quando ser religioso se torna um assunto mais doutrinal do que uma experiência de amor, e os ritos e preceitos se tornam obrigações pesadas, desvinculados de valores, e prolongam um cristianismo triste, cinzento, azedo e pesado. Permanecer no amor de Jesus é viver com Ele e como Ele, em fraternidade cada vez maior, numa “alegria completa”. Porque é o essencial, o amor não é fácil; é o mais difícil, mas sem ele produz-se um vazio que nada consegue encher. Levar à humanidade o amor sem limites de Deus, e que ele nos ensina a viver é o essencial do cristianismo. Bem dizia o meu querido Sebastião da Gama: “Tens muito que fazer? Não, tenho muito que amar!

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