Lisboa |
Festa da Família, no Mucifal (Colares)
“O matrimónio cristão é possível!”
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Foram 103 os casais que celebraram as suas bodas matrimoniais na Festa da Família, organizada pelo Patriarcado de Lisboa. No Mucifal, em Colares, Sintra, no passado Domingo, 17 de maio, o Cardeal-Patriarca garantiu que as famílias “são uma prioridade de toda a pastoral da Igreja”.

 

“O matrimónio cristão é possível! Não basta dizer que é, é preciso mostrar que é assim mesmo. E vós, meus queridos irmãos e irmãs que hoje celebrais as vossas bodas nupciais do matrimónio cristão, sois o exemplo vivo de que é possível. Contra factos não há argumentos: é possível e vós estais aí!”, declarou D. Manuel Clemente, dirigindo-se, de forma especial, aos 103 casais que, na Festa da Família, celebraram as suas bodas matrimoniais (10, 25, 50 e mais de 50 anos). “É muito bom vermo-nos assim, como família grande dos filhos de Deus na qual tantas famílias, que casam no Senhor, permanecem e vão ultrapassando as dificuldades que sempre surgem, como um sinal magnífico da graça de Deus, que a todos une e reúne e com o qual sempre podemos contar”, assegurou ainda o Cardeal-Patriarca de Lisboa, durante a Eucaristia de encerramento da Festa da Família, que reuniu, no complexo desportivo do União Mucifalense, perto de 2500 pessoas, segundo a organização.

No Domingo da Ascensão do Senhor, D. Manuel Clemente recordou ainda aos casais e às famílias que “a cruz é o trono em que Jesus ascende, se manifesta e nos atrai”. “Isto significa que só verdadeiramente sobe quem sobe com Cristo para Deus e para os outros, numa doação completa. Este sim, este é o topo das nossas vidas. Assim também deve ser na vida daqueles que se casam no Senhor, no sacramento do matrimónio”, manifestou, lembrando depois a presença de Deus nas famílias cristãs: “Os casais cristãos são uma bênção para toda a Igreja, porque na vossa vida de casais e de família exercitais o que é o verdadeiro amor. O amor que se prova, com provas dadas e manifestas, numa doação mútua que sempre mais e mais exige, porque exige tudo para ser completa. Este sim é o sacramento, porque um amor assim só se consegue com a graça de Cristo”.

No final da celebração, o Cardeal-Patriarca desejou que “as comunidades cristãs se transformem numa família de famílias, como pediu o Papa João Paulo II”, e garantiu que “a pastoral familiar está, hoje, no cerne e no objetivo primeiro de toda a pastoral da Igreja”, lembrando o Sínodo dos Bispos sobre a Família.

Nesta festa, que encerrou na Diocese de Lisboa a Semana da Vida (10 a 17 de maio), o diretor do Setor da Pastoral Familiar, padre Rui Pedro Carvalho, deixou um “agradecimento muito especial a todas as famílias que estiveram presentes, e às que celebraram as bodas matrimoniais”, e desejou que “a família, verdadeira Igreja doméstica, possa, cada vez mais, ser o foco que irradia o amor de Deus para todos com quem vive e convive”.

 

Momentos de festa

Após a celebração da Eucaristia, que foi transmitida em direto pelo site do Patriarcado (www.patriarcado-lisboa.pt) e que pode ser revista no canal do YouTube da diocese (www.youtube.com/patriarcadolx), o Cardeal-Patriarca e o Bispo Auxiliar de Lisboa D. José Traquina fizeram a entrega dos diplomas aos 103 casais que celebravam as bodas matrimoniais e que quiseram, assim, assinalar os jubileus dos 10 anos (34 casais), 25 anos (33 casais), 50 anos (28 casais) e mais de 50 anos (8 casais). Segundo revelou a organização ao Jornal VOZ DA VERDADE, o casal com maior longevidade a receber a bênção celebrava 63 anos de matrimónio!

‘O sonho missionário de chegar a todas as famílias’ foi o lema desta 2ª edição da Festa da Família, relacionando assim com o tema do Sínodo Diocesano que o Patriarcado está a preparar para 2016. No complexo desportivo do União Mucifalense, após a oração de manhã, a festa iniciou com a chamada Feira Familiar, que este ano contou com a colaboração de diversas associações, movimentos e instituições ligadas à família: Pastoral da Família do Patriarcado de Lisboa, Vinha de Raquel, Novahumanitas, Equipa Vicarial de Sintra, Associação Família e Sociedade, Associação Católica dos Enfermeiros e Profissionais de Saúde, FertilityCare Portugal, Movimento Defesa da Vida, Apoio à Vida, Paulus Livraria, Pastoral das Vocações: Seminário de Caparide, Grupo Namoral (Algueirão), ‘Procura’ - Grupo de Jovens em Missão (Mira-Sintra, Agualva), Agrupamento 704 (Mira-Sintra), Acólitos de Rio de Mouro, Princípia Editora, CPM - Centros de Preparação para o Matrimónio, Família Blasiana - Movimento por um Lar Cristão, Equipas de Nossa Senhora, Movimento Famílias Novas (Focolares), Movimento Famílias de Nazaré, Casais de Santa Maria, Alêtheia, Centro Social e Paroquial de Colares, Catequese de Colares, Irmãs Franciscanas CONFHIC, Casa Seis (Mira-Sintra), CENOFA - Centro de Orientação Familiar, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Irmãs do Bom Pastor, Schoenstatt, Verbum Dei, Comunidade Emanuel.

Ao mesmo tempo, os longos espaços verdes, as pinturas faciais, os jogos e o grande insuflável faziam as delícias de pequenos e graúdos. Eram muitas também as famílias que chegavam ao Mucifal trazendo uma Cruz Florida. A exposição destas cruzes, segundo a organização, teve a participação de aproximadamente 200 famílias. No pavilhão estava situada a capela de oração e o confessionário, que ajudavam as famílias a aproximarem-se de Deus. O piquenique, na mata que circunda o campo de futebol, foi também um momento que reuniu à ‘volta da toalha’ as famílias. A parte da tarde foi animada pelo grupo de jovens do Algueirão, com um concerto de música cristã, e com a apresentação de uma dança pelo projeto Agitarte, do Centro de Educação para Cidadãos com Deficiência (CECD Mira-Sintra), além dos diversos testemunhos.

 

Oração em casal e em família

Neste encontro diocesano, a família Líbano Monteiro (Tiago e Regiani), acompanhada de cinco dos seus sete filhos [Diogo, 20; Luís, 18; Ana, 16; Tomás, 14; João Paulo, 12; Maria e Rita, 9 (gémeas)], refletiu sobre a ‘Educação e transmissão da fé’, assegurando que a oração “é fundamental” na educação dos filhos. Contudo, lembraram primeiro a importância da “oração em casal”. “No nosso CPM - Centro de Preparação para o Matrimónio, ouvimos uma frase que nos acompanha até hoje: ‘O primeiro filho do casamento é o casal’. E isto tem-nos acompanhado ao longo destes 22 anos de casados. É o casal que é o fundamento sólido da família. Importa, por isso, garantir em primeiro lugar a solidez do casal”, partilhou Regiani, brasileira, de 48 anos, formada em Estatística mas “mãe a 100 por cento”, como sublinhou. O marido, Tiago, português, de 50 anos, é formado em Engenharia e trabalha num Banco, e lembrou também a relevância da “oração familiar”. “Nós rezamos em família antes das refeições, à noite e no início das viagens. São sempre orações simples para conseguirmos cumprir, porque mais vale fazer uma oração curta do que não rezar”, observou.

Além da oração, este casal sublinhou igualmente a importância da educação para a liberdade. “Este é um grande desafio que temos pela frente: educar para a liberdade! Seria muito mais fácil educar para a obediência, por exemplo, mas só a educação para a liberdade conduz à descoberta do amor e da felicidade! Porque o amor é, por natureza, totalmente livre! Ninguém pode ser forçado a amar, porque só existe amor num ato totalmente livre e gratuito, nunca num ato forçado”, asseguraram Regiani e Tiago. O pai de família salientou igualmente o perdão. “Na sociedade atual é muito difícil viver esta experiência. A justiça do mundo está muito centrada em dar o castigo que cada um merece, mas a justiça de Deus está centrada na misericórdia”, frisou.

Este casal, que pertence há 21 anos às Equipas de Nossa Senhora, é da paróquia de Algés. Regiani lembrou, na Festa da Família, um desafio do padre da sua paróquia. “Uma experiência interessante foi um convite que o nosso pároco fez para eu dar catequese em conjunto com um dos nossos filhos. O nosso ‘sim’, a dois, em família, tem sido uma experiência muito interessante ao nível da partilha da fé”, sublinhou, lembrando que “a integração de cada filho em grupos de jovens e movimentos também é fundamental”. “Uns estão na paróquia, outros no movimento de Schoenstatt e todos passaram por campos de férias”, contou.

Após o seu testemunho na Festa da Família, o casal Líbano Monteiro revelou ao Jornal VOZ DA VERDADE que se conheceu no Brasil, em 1990, durante o 1º Encontro Nacional das EJNS - Equipas de Jovens de Nossa Senhora. “Estive cerca de 15 dias em terras brasileiras e começámos a namorar no momento em que nos despedimos, a 1 de fevereiro”, conta Tiago, que na altura tinha 25 anos e era responsável pela Região Sul de Portugal do movimento das EJNS. “Sabíamos que se vivêssemos no mesmo país iniciávamos namoro; em países diferentes, por que não começar na mesma? Será que só por causa de um oceano iriamos deixar de começar namoro?”, recorda Tiago. Há 25 anos não havia praticamente internet no mundo, pelo que o contacto e o namoro era feito por carta e telefone. “Falávamos um quarto de hora de 15 em 15 dias, porque cada um dos pais autorizava um telefonema mensal”, refere Regiani, lembrando que “a família e os amigos foram percebendo que não era apenas uma amizade, mas havia um namoro”.

Regiani, então com 23 anos, veio depois a Portugal, em 25 de agosto desse ano de 1990, naquele que foi o segundo encontro do jovem casal e que durou 20 dias. “Após 2 anos e 7 meses de namoro à distância – que resultaram em 7 meses juntos fisicamente –, casámos no Brasil, há 22 anos, e viemos viver para Portugal”, conta Regiani. Tiago lembra-se “das saudades” que sentiram um do outro durante o tempo de namoro, fruto dos oito mil quilómetros de distância, e revela duas formas que encontraram para se sentirem ‘juntos’. “Olhar para a lua à mesma hora e, sobretudo, comungarmos os dois na Missa. Se a lua era um sinal romântico, o ir à Eucaristia era um sinal interior de uma união em Cristo”, refere.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Diogo Paiva Brandão e Nuno Fortes
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