Artigos |
Manuel Barbosa, scj
Reavivar o Ano da Vida Consagrada
<<
1/
>>
Imagem

Duas iniciativas próximas incidem em pleno no Ano da Vida Consagrada: a nível do Patriarcado, a celebração do Dia da Igreja Diocesana a 31 de maio; a nível nacional, as Jornadas Pastorais dos Bispos, de 15 a 17 de junho em Fátima, onde estarão também, como convidados, os superiores e superioras maiores dos institutos de vida consagrada. Cito o que de incisivo nos diz D. Manuel Clemente na convocação para esse dia: «Em pleno Ano da Vida Consagrada, o Dia da Igreja Diocesana reconhece e agradece o grande dom dos irmãos e irmãs que assim radicalizaram a sua condição batismal, estimulando-nos a todos com o alento dos respetivos carismas. Cada instituto religioso ou secular sublinha uma dimensão específica da infinita riqueza de Cristo, exemplarmente vivida pelos respetivos fundadores/as e oferecida à Igreja para a sua edificação e missão».

Já vivemos 162 dias, faltam 253 para terminar este Ano: números a recordar a necessidade de reavivar, se tal fosse necessário, a sua celebração, sem nos cansarmos de cuidar da vocação cristã nesta forma específica de consagração, bem no coração da Igreja.

Estamos já ocupados na preparação do Ano Santo da Misericórdia, que coincidirá em dois meses com o Ano da Vida Consagrada. Estamos a meio de duas assembleias sinodais dos bispos sobre a família. Que essas preparações não nos tirem a energia e o entusiasmo pelo que está em plena realização. Daí a iniciativa em Lisboa, como aliás em quase todas as dioceses; daí o conjunto de tantas outras previstas até 2 de fevereiro de 2016 nas comunidades cristãs e religiosas, nas paróquias e vigararias.

Sabe bem retomar a Carta Apostólica do Papa Francisco para este Ano; as suas propostas, embora por vezes possam parecer só para consagrados e consagradas, afinal servem para todos. Seleciono 12 provocações, literalmente tiradas do seu texto, que importa revisitar para bem reavivar o caminho que ainda nem a meio chegou.

1. Olhai com gratidão o passado! Repassai a própria história para manter viva a identidade! Não se trata de fazer arqueologia nem cultivar inúteis nostalgias…

2. Que este Ano da Vida Consagrada seja ocasião para confessar, com humildade e grande confiança em Deus Amor, a própria fragilidade e para a viver como experiência do amor misericordioso do Senhor…

3. Vivei com paixão o presente! O Evangelho é verdadeiramente o vademecum da nossa vida? Jesus é verdadeiramente o primeiro e único amor?

4. Os nossos serviços, as nossas obras, a nossa presença correspondem àquilo que o Espírito pediu aos nossos Fundadores? Temos a mesma paixão pelo nosso povo?

5. Abraçai com esperança o futuro! A esperança não se funda sobre números ou sobre as obras, mas sobre Aquele em quem pusemos a nossa confiança! Não cedais à tentação dos números e da eficiência, e menos ainda à tentação de confiar nas vossas próprias forças!

6. Onde há religiosos, há alegria. Que entre nós não se vejam rostos tristes, pessoas desgostosas e insatisfeitas, porque «um seguimento triste é um triste seguimento»!

7. A vida consagrada não cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes!

8. Sem vos perder em vãs «utopias», criai «outros lugares» onde se viva a lógica evangélica do dom, da fraternidade, do acolhimento da diversidade, do amor recíproco!

9. Não cedais à tentação de fugir, de subtrair-se ao dever de profeta, porque é demasiado exigente, porque se está cansado, desiludido com os resultados!

10. Sede peritos em comunhão, homens e mulheres de comunhão! Praticai e fazei crescer a comunhão! Críticas, bisbilhotices, invejas, ciúmes, antagonismos são comportamentos que não têm direito de habitar nas nossas casas!

11. Saí de vós mesmos para ir às periferias existenciais! Não vos fecheis em vós mesmos, não vos deixeis asfixiar por pequenas brigas de casa, não fiqueis prisioneiros dos vossos problemas!

12. Encontrareis a vida dando a vida, a esperança dando esperança, o amor amando!