Vida Consagrada |
Ano da Vida Consagrada
A Vida Consagrada no segundo milénio
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No passado mês de janeiro, nesta mesma rubrica, apresentámos as origens da Vida Consagrada até o monaquismo beneditino, o que engloba praticamente todo o primeiro milénio do cristianismo. Agora gostaria de apresentar sucintamente a segunda parte desta rica história da Vida Consagrada.

 

No segundo milénio, grandes transformações aconteceram no espaço europeu. A vida religiosa, liderada pelos monásticos e pela Igreja institucional, teve certa relutância em avançar para esse mundo emergente que se constituía. De forma criativa, sem questionar ou dissentir da tradição monástica ou da hierarquia da Igreja, movimentos mendicantes, liderados por Domingos de Gusmão e por Francisco de Assis, deslocam-se para esses novos espaços.

Francisco de Assis, após conversão profunda, fará um regresso às fontes evangélicas, propondo o ideal de pobreza. Domingos de Gusmão, no seu ministério e na proposta de fundação, centra o seu ministério numa luta de fidelidade à verdade. A partir destes dois homens carismáticos, com as subsequentes fundações, emerge a figura do religioso consagrado que não se recolhe isolado no mosteiro, mas a do mendicante que se aproxima das pessoas como irmão de todos, e se encontra a qualquer momento no novo urbanismo que se consolida. Nasce assim um ministério de consagrado itinerante, caracterizado principalmente pela prática do testemunho e pela organização da vida apostólica e que se entrelaça com o estilo de vida dos homens daquele tempo.

A organização das ordens mendicantes, franciscanos e dominicanos, estendeu-se a uma segunda ordem, que se constituiu como ramo feminino; posteriormente também se formou uma terceira ordem, destinada a leigos; quer uma quer outra mantiveram e mantém estreitos laços com a primeira ordem no referente à espiritualidade e até à orientação de vida de consagração.

Já nos séculos XV e XVI, as viagens por mar dentro, as descobertas, o encontro com outros povos fizeram emergir novas formas de ver o mundo, o universo e as populações que se foram encontrando. As ordens religiosas mendicantes, sem se afastarem do seu ideário de vida, posicionaram-se na disposição de assumir tarefas de anúncio cristão. O claustro mendicante torna-se outro: estende-se às dimensões do mundo na sua pluralidade social, cultural e religiosa. Este mesmo período é também marcado pelas várias fundações de clérigos regulares, dedicados especialmente a tarefas humanizadoras: educação, cuidado de doentes, missão itinerante, paroquialidade e cultura.

Nos séculos XVII e XVIII dá-se uma nova reforma no clero regular com o aparecimento das sociedades de padres de vida em comum ou sociedades de vida apostólica. O fim dessas instituições religiosas foi a evangelização dos estratos mais simples da população. A tarefa era exigente, daí a necessidade de terem uma formação muito apurada na dimensão espiritual.

Com a Revolução Francesa, e subsequentes mudanças introduzidas pelos regimes liberais, hostilizou-se a Igreja e a Vida Consagrada. A Igreja viu-se praticamente remetida à sacristia, muito limitada em dar expressão pública da sua fé. Entretanto viu-se inúmeros fundadores e fundadoras, levados pelo imperativo da fé, instituírem sociedades de vida consagrada (congregações religiosas) onde a centralidade da primazia de Deus se traduz através de inúmeros carismas em resposta ao irmão ou à irmã, carentes de escola, cultura, assistência hospitalar, proximidade, carinho e muitos outros desconfortos indo ao encontro de um sem-número de padecimentos físicos e espirituais.

A vida ativa, em missão, passou a ser a agenda inadiável das muitas congregações que se fundaram no decurso do século XIX e início do século XX. Esses singulares carismas em ação terão efeitos benéficos em Roma e nas igrejas locais. O mundo movia-se e comovia-se. Boas notícias circulavam. A Boa Nova expandia-se, a fé celebrava-se e o Evangelho, vivo e atuante, propiciava proximidades e comunidades como expressões da eterna fraternidade de Deus.

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