Lisboa |
Família de Lisboa parte em missão para a Sérvia
Tornar Jesus Cristo presente num lugar onde não há Igreja
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Mais do que um serviço, é a gratidão a Deus que move a família Cruz. A poucos dias da partida, Pedro e Catarina revelam ao Jornal VOZ DA VERDADE que estão confiantes na providência de Deus para a nova missão. Na Missa de envio, no passado Domingo, 19 de julho, na Apelação, D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, desejou que o exemplo desta família leve outros a interrogarem-se sobre “o segredo que os faz partir para longe”.

 

“Uma família, com o seu filho, sai da Apelação para longe. Porquê? Porque o Senhor os chamou, os escolheu e porque eles se dispuseram a anunciar o Evangelho, não apenas aqui, mas em terras distantes, ajudando a comunidade cristã, da Sérvia, Belgrado, a crescer e frutificar-se”, referiu D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa que presidiu à Missa de envio desta família, no passado dia 19 de julho, na Apelação. Na homilia da celebração, D. Nuno Brás lembrou o paralelismo desta atitude com as primeiras comunidades cristãs. “Nos Atos dos Apóstolos encontramos também famílias que deixam a sua terra e comunidade para ir anunciar o Evangelho, para ir construir comunidade, para ir construir Igreja noutros sítios onde ainda não conhecem Jesus Cristo. É isto que vamos presenciar e viver. Que muitos ao olharem para eles se interroguem sobre qual o segredo, por terem deixado a sua vida feliz e descansada, para partirem para longe. Um pouco de nós, da nossa vida também parte vai com eles”, assegurou.

 

Fidelidade

Pedro e Catarina Cruz desde muito cedo sentiram o desejo de partir em missão, mesmo antes de pertencerem à segunda comunidade Neocatecumenal da Apelação. Contrariamente ao que seria previsível, consideravam que o facto de não terem filhos seria um fator impeditivo. “Pensávamos – de forma errada – que o facto de não termos filhos faria com que não déssemos um bom testemunho numa missão. Mais tarde, percebemos que isso era um engano e disponibilizámo-nos para a missão, muito antes de termos o nosso filho. Fomos sendo fiéis a esse chamamento que o Senhor nos fazia e a dada altura o Senhor surpreendeu-nos. A Catarina ficou grávida do Isaac – quando nós já não esperávamos”, conta Pedro Cruz. Para Catarina, este acontecimento foi confirmado por Deus, um dia após ter sabido da notícia de que estava grávida. “A segunda leitura que escutámos, na Eucaristia do dia seguinte a sabermos a novidade, era da carta aos Hebreus: ‘Pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber, e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido’. (Heb, 11, 11). Também uns meses antes, os nossos catequistas tinham-nos dito que Deus nos ia compensar pela nossa fidelidade. Guardámos aquelas palavras e, através dos acontecimentos, reconhecemos que foi Deus que nos quis conceder esta graça”, afirma Catarina.

 

Do serviço à gratidão

Se no tempo antes de serem pais o que movia este casal para a missão era “o desejo de serviço ao outro, estando disponíveis e abertos à vida”, com o nascimento do filho Isaac – agora com 15 meses, este casal reconhece que, perante esse acontecimento, move-os agora a “profunda gratidão para com Ele por ter sido generoso”.

Ambos professores do ensino secundário, Pedro e Catarina reconhecem que, ao saírem em missão, a possibilidade de regressarem para os seus postos de trabalho, no ensino público, fica irremediavelmente comprometida. “Em Portugal, será quase impossível conseguir uma colocação numa escola pública, porque estando dois anos sem concorrer, seremos sempre colocados no fim da lista de colocações”, refere Catarina, confiante na providência divina. “Deixamos tudo e entregamo-nos à providência de Deus. É arriscar no Senhor e fazemo-lo com confiança”, garante.

 

Onde não há Igreja

Este casal que também foi enviado, em março deste ano, pelo Papa Francisco, numa audiência, no Vaticano, tem à sua espera uma longa viagem, de carro, até Belgrado, capital da Sérvia – país maioritariamente ortodoxo. No local, a preparar esta missão ad gentes, já se encontra uma família das Honduras que se prepara para receber mais famílias. “Esta missão é composta por quatro famílias. Uma das Honduras, que já se encontra no terreno há quatro anos, uma família de Espanha, outra de Itália e nós. Contamos também com um presbítero, um seminarista e quatro jovens raparigas que irão prestar um apoio às famílias, no que for necessário. Formaremos uma comunidade e iremos tornar Jesus Cristo presente num lugar onde não há Igreja”, conta Pedro Cruz, convicto de que “o objetivo não é tanto pregar, mas evangelizar, a partir da integração na sociedade, e, a pouco e pouco, ir construindo a Igreja, chamando as pessoas à fé”.

Sobre o que esperam receber desta missão, Catarina é perentória em responder: “A fé!”. “Quando me disponibilizei para ir em missão tinha muitas expectativas. Agora, e depois de escutar testemunhos de outros casais em missão, vejo que o que tenho para receber é a fé e a certeza de que a minha vida vai mudar e eu me vou converter, mesmo com todos os sofrimentos que daí podem advir”, afirma.

 

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Pedro, 39 anos, e Catarina Cruz, 38 anos, juntamente com o seu filho Isaac, de 15 meses, são da paróquia da Apelação e vão partir, numa missão ad gentes, no próximo dia 15 de agosto para a cidade de Belgrado, na Sérvia.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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