Nestes dias longos de Verão, nos passeios à beira-mar, cruzamo-nos com muitos pescadores que esperavam uma sarda ou um robalo, ou do que viesse à linha… Lembrei-me das palavras de Jesus para Simão e seu irmão André quando lançavam as redes ao mar: “vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4, 19).
Aqui pelo Oeste, desde a Ericeira, a Peniche e Nazaré, este mar parece fazer lembrar as palavras de chamamento à evangelização. Chamamento à escuta da Palavra de Deus, à reflexão e à partilha, ao respeito e amor à natureza. Não terá sido em vão que pela primeira vez – no dia 1 de Setembro – vivemos o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.
“A pesca está fraca! O tempo já não é como era dantes.”, diziam-nos invariavelmente os pescadores com quem nos cruzávamos. E todos reconheciam que as alterações climáticas têm de uma maneira ou de outra alguma influência na pesca. Tal como para a sociedade está a vivência da fé em família, hoje tão ameaçada nos seus valores e no que é transmitido de geração em geração…
Tempo de férias, tempo para Deus e para os homens, tempo para sairmos de nós mesmos e irmos à procura dos mais necessitados. Ir junto daqueles com quem habitualmente não estamos e a que o Papa Francisco apelidou de “periferias”.
Temos em curso um Sínodo da Família; está a decorrer o Sínodo Diocesano com temas de reflexão e trabalhos de grupo; temos catequeses para adultos; temos uma multiplicidade de encontros para os mais diversos fins e circunstancias. Mas muitas vezes não damos a conhecer esta riqueza. A maior parte das vezes não saímos do nosso “bairro” para irmos às “periferias”.
Fica o desafio para sermos “pescadores de homens”.
texto escrito por Diác. JPauloRomero
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Notícias do Sínodo dos Bispos sobre a família
De 4 a 25 do próximo mês de Outubro acontecerá, no Vaticano, a próxima Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos. O tema desta assembleia é a “Vocação e Missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
As questões centrais da reunião consultiva dos episcopados católicos estão presentes no instrumentum laboris apresentado no passado mês de Junho após nova consulta aos católicos de todo o mundo na sequência da assembleia extraordinária de 2014.
O documento de trabalho divide-se agora em três partes, num total de 147 números. A primeira é um olhar para os desafios da família no mundo contemporâneo, a segunda parte intitula-se o discernimento da vocação familiar e a última parte aborda a questão da missão da família nos nossos dias. Partilhamos o link onde pode encontrar e ler todo o documento de trabalho: http://goo.gl/5urs3s (link para o site da Conferência Episcopal Portuguesa).
Entretanto rezemos pelos bons frutos do Sínodo.
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Encontro Mundial das Famílias
É já este mês que se realiza o VII Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, EUA. O tema do encontro é "O Amor é a nossa missão: a família plenamente viva", e contará com a presença do Papa Francisco e de uma delegação da Diocese de Lisboa. Esta é uma oportunidade importante para que as famílias se encontrem e, em Igreja, reflitam sobre os desafios com que se deparam e identifiquem estratégias para cumprir plenamente a sua missão. Num mundo tão carente de Amor, é necessário que as famílias sejam focos de Amor que iluminam a realidade à sua volta.
Nesta edição partilhamos a 10º catequese preparatória do Encontro. Mesmo para quem fica, é um importante instrumento de trabalho e reflexão.
Recordamos ainda que em Outubro se irá realizar em Roma o Sínodo dos Bispos, dedicado à Família. Solicitamos a vossa oração por esta intenção.
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Catequese doméstica: Missão da família para a totalidade da vida
Deus criou-nos com um propósito. A nossa missão é o seu amor. Esta missão capacita-nos a encontrar a nossa verdadeira identidade. Se escolhermos abraçar esta missão, teremos uma nova perspetiva em relação a muitas questões, não somente em relação à família. O Deus que encontramos em Jesus Cristo ama-nos e chama-nos a amar como Ele. Se compreendermos que o amor é nossa missão nos matrimónios, nas famílias, junto às crianças e nas paróquias, então aprenderemos uma verdade básica que moldará muitas outras áreas da vida.
Por exemplo, se a fidelidade para aqueles que fazem parte da aliança implica limitações, se nossos corpos e o mundo material podem ser receptáculos da graça divina, então podemos abordar as questões de ecologia, tecnologia e medicina com renovada humildade. Da mesma maneira, se seguimos o compromisso de Deus a uma aliança de amor mais forte que o sofrimento, então temos novos motivos para ser solidários com o próximo que está aflito ou magoado. Caso entendamos que ser à imagem de Deus, e, portanto, ter a dignidade humana, possui raízes mais profundas que qualquer habilidade ou feito humano contingente, então, compreenderemos por que a Igreja tem tanto amor pelos mais jovens, pelos idosos, pelos inválidos e por todos aqueles que dependem de outrem para os cuidados básicos.
Agora percebemos por que a catequese sobre a família é, na verdade, uma catequese para toda a vida. Como diz o papa Francisco, “O anúncio do Evangelho, passa de fato, antes de tudo, através das famílias para depois, chegar até aos diversos âmbitos da vida diária.” Se aprendermos a pensar nossas famílias como igrejas domésticas, se aprendermos por que o individualismo moral não é o contexto correto para experimentar o ensinamento católico, então adotamos uma visão que reorientará toda a nossa identidade.
Excertos da X Catequese preparatória para o Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia 2015. O texto completo pode ser acedido em http://familia.patriarcado-lisboa.pt/EMF.
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Equipas de Nossa Senhora: Uma proposta para o desenvolvimento da espiritualidade conjugal
Se há algo que hoje mais impressiona é a incrível fragilidade dos casais cristãos, surgindo por exemplo tantas vezes como aparente causa de divórcio a necessidade de uma “realização pessoal”, que choca radicalmente contra a verdadeira essência do matrimónio católico. Quem nunca ouviu falar da “necessidade de ser feliz” ou do “amor acabou”, como justificativos para o divórcio, mesmo entre católicos? E quantos de nós não nos ficamos relativamente ao matrimónio, por meras noções básicas e erradas de a “Igreja proíbe” ou “Igreja permite” como se a Igreja fosse a dona do Magistério de Cristo? O caminho deve ser outro, de exigência, mas no fundo o caminho da Igreja de Cristo, única fonte de crescimento, de paz, de crescimento e de realização, deve ser este o caminho da espiritualidade conjugal. Há, portanto, que propor aos casais uma conjugalidade espiritual de certa forma renovada, mas que espelhe a verdadeira essência e a realidade do mistério do matrimónio.
Durante algum tempo, relativamente ao matrimónio, a Igreja pôs sobretudo o enfoque na sua finalidade primária (a procriação) e menos naquilo que este significa e personifica. Foi principalmente a partir do século XX que se sentiu a necessidade de se aprofundar a vida espiritual do casal, pois era cada vez mais evidente que muitas das riquezas desta estavam ainda por descobrir. O Movimento das Equipas de Nossa Senhora (E.N.S.) fez parte deste redescobrir do pensamento sobre o matrimónio cristão, herdeiro de toda uma reflexão que vinha tendo lugar em toda a Europa desde há muito. O Movimento surge no final dos anos trinta e parte de uma iniciativa de casais que vão encontro de um sacerdote, o Pe. Caffarel (o fundador do Movimento), desejosos de acompanhar as evoluções sociológicas e afetivas que vinham ocorrendo no seio do casamento e em muitos aspetos é considerado um movimento inovador, pois por um lado a vida conjugal é considerada sob uma perspetiva personalista (destacando-se o papel fundamental do amor conjugal na economia do casal) e por outro, os leigos são chamados à reflexão, o que não era até então um hábito.
Os fundamentos da espiritualidade conjugal das E.N.S. assentam em primeiro lugar no facto desta ser distinta de todas as outras, pois o seu fundamento reside no facto de o matrimónio cristão estar indelevelmente ligado a um sacramento (diferente por exemplo do sacramento da Ordem), fonte de todas as graças e por conseguinte a união conjugal é uma forma particular dos cônjuges se unirem a Deus: “Da mesma forma que o individuo é consagrado pelo batismo e a confirmação, também o casal é “sagrado”, consagrado pelo seu próprio sacramento, o matrimónio. Desde o seu primeiro cato conjugal – os “sins” pronunciados perante o sacerdote, a aliança colocada no dedo -, cumpre um ofício sacerdotal, já que os esposos são os ministros do seu próprio sacramento.” (Pe. Caffarel, L´Anneau d´Or, 1963) Da mesma forma, a relação do casal com Cristo deve ser vista à luz da relação de aliança de Cristo com a sua Igreja, a este propósito dizia o Pe. Caffarel que “A união homem-mulher está ligada organicamente à união Cristo-Igreja: ela participa da sua natureza, da sua vida, do seu carácter de mistério. Ela é levada, penetrada, irrigada, transfigurada por esta união grandiosa de Cristo e da Igreja” (L´Anneau d´Or, 1963).
Centrais para as E.N.S. são os chamados “pontos concretos de esforço e que cada casal deve esforçar-se por cumprir em ordem à sua caminhada na fé dentro do Movimento. Destaquemos dois destes pela sua importância e significado relativamente à espiritualidade conjugal: a oração e o “dever de se sentar”. A oração deve ser central na vida do casal, nomeadamente a oração conjugal e em família, como expressão desta nova entidade, o matrimónio, formada sacramentalmente por ambos os cônjuges. O “dever de se sentar” é uma ocasião em que ambos os esposos fazem mensalmente uma reflexão de vida sobre os pontos essências da sua vida a dois, contribuindo para uma tomada de consciência de eventuais aspetos menos concertados na vida do casal e de tomar as medidas corretivas.
texto escrito por Teresa e Rui Barreira
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