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Papa visita Cuba e Estados Unidos “com grande esperança”
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O Papa Francisco realiza por estes dias a sua 10ª viagem apostólica. Na semana em que foi publicada a Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente, Francisco encontrou-se com o movimento das Equipas de Nossa Senhora e desafiou os novos bispos. A entrevista exclusiva que o Papa Francisco concedeu à Renascença teve grande impacto na imprensa internacional.

 

1. O Papa parte este sábado, 19 de setembro, para a sua 10ª viagem apostólica, visitando desta vez Cuba e Estados Unidos. “Uma missão à qual me dedicarei com grande esperança. O motivo principal desta viagem é o VIII Encontro Mundial das Famílias, que se realiza em Filadélfia. Irei também à sede central da ONU, no 70º aniversário desta instituição. Desde já, cumprimento com carinho os povos cubano e norte-americano que, conduzidos pelos seus Pastores, se prepararam espiritualmente. Peço a todos que me acompanhem com a oração, invocando a luz e a força do Espírito Santo e a intercessão de Maria Santíssima, a Padroeira de Cuba Nossa Senhora do Cobre, e Padroeira dos Estados Unidos, Imaculada Conceição”, salientou o Papa, durante a audiência-geral da passada quarta-feira, dia 16 de setembro. Francisco visita a ilha cubana de 19 a 22 de setembro e depois viaja para os Estados Unidos, até ao dia 27.

Nesta audiência semanal na Praça de São Pedro, o Papa sublinhou ser necessária uma nova aliança do homem e da mulher para emancipar os povos da “colonização do dinheiro”. Esta aliança, segundo o Papa, deve voltar a orientar a política, a economia e a convivência civil. Na última catequese dedicada à família, Francisco garantiu ainda que “cada família é uma bênção para o mundo, até ao final da história”.

No final, o Papa Francisco saudou também os peregrinos de língua portuguesa, “em particular os membros da Fundação Fé e Cooperação de Portugal”. “Deixai-vos guiar pela ternura divina, para que possais transformar o mundo com a vossa fé”, apelou.

 

2. Na mensagem para o 24º Dia Mundial do Doente, que vai ser celebrado a 11 de fevereiro de 2016, o Papa assinala que a doença coloca a fé em Deus “à prova” mas revela “toda a sua força positiva”. “A doença, sobretudo se grave, põe sempre em crise a existência humana e suscita perguntas que nos atingem em profundidade. Podemos sentir-nos desesperados, pensar que tudo está perdido, que já nada tem sentido. Nestas situações, a fé em Deus se, por um lado, é posta à prova, por outro, revela toda a sua força positiva”, escreve Francisco.

Na mensagem divulgada esta terça-feira, dia 15, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa salienta que a fé em Deus é como “uma chave que nos ajuda a ver como a doença pode ser o caminho para chegar a uma proximidade mais estreita com Jesus”. O tema para este dia, “Confiar em Jesus misericordioso, como Maria: ‘Fazei o que Ele vos disser’” (Jo 2, 5), “insere-se muito bem” no âmbito do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, observou o Santo Padre. Aos que estão ao serviço dos doentes e atribulados, Francisco deseja que vivam “animados pelo espírito de Maria, Mãe da Misericórdia” e manifesta que esta data é uma ocasião para se “sentir particularmente próximo” das pessoas doentes e de quantos são cuidadores.

 

3. O Papa está preocupado com as ameaças “ideológicas” em relação à família e lembra as “feridas” na vida dos casais, que exigem “misericórdia” da Igreja. Perante os participantes do encontro mundial do movimento das Equipas de Nossa Senhora, Francisco antecipou um conjunto de temas que devem dominar a próxima assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com início marcado para 4 de outubro, no Vaticano. “A imagem da família – como Deus a quer, composta por um homem e uma mulher em vista do bem dos cônjuges e também da geração e da educação dos filhos – é reformada através de poderosos projetos contrários, sustentados por colonizações ideológicas”, denunciou.

Francisco pediu depois aos membros das Equipas de Nossa Senhora, presentes em vários países, incluindo Portugal, que sejam “instrumento da misericórdia de Cristo e da Igreja” para as pessoas cujo casamento “falhou”. “Um casal unido e feliz pode compreender melhor do que qualquer outra pessoa, desde dentro, a ferida e o sofrimento que um abandono, uma traição, um falhanço do amor provocam”, lembrou, recordando o “sofrimento indizível” dos filhos que vivem estas situações.

 

4. Francisco encontrou-se com os bispos nomeados no último ano, incluindo D. José Ornelas Carvalho, novo Bispo da Diocese de Setúbal, desafiando-os a irem ao encontro de quem se afastou da Igreja ou “sempre rejeitou” Jesus. “Não é verdade que possamos prescindir destes irmãos afastados. Não nos é consentido eliminar a inquietação com a sua sorte”, manifestou.

Francisco pediu ainda que os bispos não se “escandalizem” com as “dores” ou “desilusões” de quem abandonou a comunidade católica. O Papa convidou os presentes a passar uma mensagem de “alegria” que contraste com as “palavras vazias” que alienam as pessoas, “esquecidas da eternidade”, “relegadas ao efémero e limitadas ao provisório”. Segundo sublinhou, a primeira missão dos bispos é ser “testemunhas do Ressuscitado”, uma mensagem que não é “óbvia nem fácil”.

 

5. A entrevista exclusiva do Papa Francisco à Renascença, gravada no passado dia 8 de setembro e transmitida na segunda-feira, dia 14, teve um enorme impacto na imprensa internacional. As principais agências não passaram ao lado da entrevista, com a agência Reuters a destacar o facto de Francisco ter reconhecido o perigo da infiltração de extremistas por entre a vaga de refugiados que estão a chegar à Europa. A Associated Press também optou pela questão dos refugiados, usando como título a citação em que Francisco diz que esta vaga é apenas a ponta do icebergue.

O famoso vaticanista John Allen Jr., no Crux – um site noticioso do Boston Globe dedicado unicamente à cobertura de assuntos católicos – dedica um artigo inteiro à análise da entrevista, partindo de um detalhe que foi pouco realçado por outros órgãos de comunicação. “Papa avisa ordens religiosas: Acolham refugiados ou paguem impostos”, referindo-se às críticas feitas pelo Papa a ordens que, tendo espaço vazio nos conventos, hesitam em abrir as portas a quem precisa, tendo em vista a possibilidade de transformar as casas em hotéis. A estes, o Papa diz de facto que se vão usar as suas propriedades para fazer lucro, então não é justo que não paguem impostos como a concorrência secular.

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