Lisboa |
Amigos à Mão, da paróquia de Cascais
Os amigos que colocaram mãos à obra social
<<
1/
>>
Imagem

Alimentos, medicamentos, material escolar, artigos para bebé, produtos de higiene e limpeza ou dinheiro para pagar despesas urgentes. Os Amigos à Mão, da paróquia de Cascais, nasceram há três anos e procuram dar “uma mão” à obra social da comunidade.

 

Durante muitos anos o cenário repetiu-se: à paróquia de Cascais chegavam muitos donativos em dinheiro, mas a comunidade paroquial não tinha uma estrutura organizada de pastoral social que pudesse ajudar quem precisava de ajuda. Tudo mudou quando, em setembro de 2012, um grupo de amigos criou o grupo… Amigos à Mão. “Os Amigos à Mão surgiram num contexto de aumento da pobreza em Cascais, que se refletiu bastante na quantidade de pessoas que batiam à porta da paróquia e a quem sempre se acudiu mas de forma pouco estruturada. Começaram por ser uma tentativa de responder de forma mais organizada a essas urgências. A Igreja não podia ignorar estes pedidos de ajuda e tinha de dar uma resposta organizada”, recorda ao Jornal VOZ DA VERDADE Rita Carvalho, paroquiana que integra desde o primeiro dia este ‘grupo informal’, como gostam de apelidar os seus membros.

Numa primeira fase “foi pensado criar uma estrutura mais técnica”. Esta ideia foi rapidamente abandonada ao constatarem o trabalho que outras instituições sociais, de matriz cristã, realizam no terreno, em especial a AJU (Associação Jerónimo Usera) e as Gaivotas da Torre. “Percebemos que devíamos complementar o excelente trabalho que já é feito pelas instituições sociais, em especial aquelas mais ligadas à Igreja, reforçando a sua capacidade de resposta às famílias e angariando os produtos e bens que eles nem sempre têm para distribuir, como medicamentos, dinheiro para pagar despesas urgentes, alimentos, artigos de bebé, produtos de higiene e limpeza, etc. Ou seja, optámos por não tentar fazer mais do mesmo – até porque não temos capacidade técnica para o fazer –, mas ajudar quem está no terreno a fazer mais e melhor”, destaca Rita, lembrando ainda a colaboração com as Conferências Vicentinas da paróquia de Cascais e de Alvide.

 

Criatividade

Ao longo destes três anos de Amigos à Mão em Cascais têm sido muitas as iniciativas que visam congregar a comunidade em torno do objetivo de ajudar quem mais precisa. “Isto faz-se propondo maneiras criativas e concretas de ajuda – traga alimentos para um cabaz, um presente para uma criança, dinheiro para uma renda ou medicamentos, material escolar para um aluno, fraldas para um bebé, por exemplo –, mas também aproximando corações, numa lógica de proximidade espiritual, mesmo quando a proximidade física pode não ser aconselhável por questões de privacidade de quem está em situação de pobreza”, salienta Rita Carvalho.

O ‘Mercado da Bagageira’, que decorreu no passado Domingo, 20 de setembro, no Mercado da Vila de Cascais, foi a mais recente iniciativa dos Amigos à Mão para angariar fundos. As habituais bancas de venda deram lugar a 115 viaturas, estacionadas lado a lado, de bagageira aberta para os clientes. À venda encontrava-se tudo o que cada vendedor inscrito quisesse vender, com a inscrição, no valor de 15 euros, a reverter integralmente para este grupo da paróquia de Cascais. Filipa Espírito Santo, voluntária dos Amigos à Mão, esteve a dar o seu contributo nesta manhã e destaca ao Jornal VOZ DA VERDADE o sucesso do ‘Mercado da Bagageira’. “Foi fantástico termos iniciado as inscrições para este mercado de artigos em segunda mão e, passado muito pouco tempo, termos de as encerrar por já termos os 115 lugares disponíveis completamente ocupados”. Esta iniciativa, refere, vai ter “repercussões na missão do grupo” uma vez que o valor de cada inscrição vai ser aplicado em favor das pessoas que mais precisam. “Todo o dinheiro angariado vai servir para comprar o material escolar para o início do ano letivo e para fazer os cabazes de Natal para mais de 200 famílias, que representam mais de 500 pessoas”.

Filipa, que a exemplo de Rita integra os Amigos à Mão desde o princípio, salienta como este grupo informal está a ajudar a fazer comunidade. “Só ir à Missa ou só dar catequese não é suficiente. Sentimos as pessoas muito mais abertas e disponíveis para colaborar e partilhar. Esta é uma forma de sermos comunidade e podermos ajudar os que mais precisam e as famílias carenciadas da nossa paróquia”.

 

Uma rede que se alarga

Os Amigos à Mão nasceram há cerca de três anos e a primeira ação foi a campanha de Natal 2012, ‘Lança a rede e reparte’. Nestes anos, além do envolvimento do chamado ‘núcleo duro’, constituído por sete elementos, e de toda a comunidade paroquial, o grupo conseguiu envolver escolas, católicas e não só, empresas, famílias e pessoas através das redes sociais. “A resposta da comunidade paroquial foi extraordinária, e a ideia de rede instalou-se e foi-se alargando”, descreve Rita Carvalho.

A segunda campanha intitulou-se ‘Lança a rede e segue-me’. Uma rede de pesca esteve pendurada, durante dois anos, na parede da igreja paroquial, com diversos ‘peixinhos’ de papel onde vinham descritas as necessidades da comunidade. Quem queria, pegava num desses papelinhos e fazia o donativo com o fim específico descrito, que poderia ser a ajuda para a compra de medicamentos, de um par de óculos ou o pagamento de uma renda. Rita dá ainda o exemplo do que os Amigos à Mão fizeram durante o tempo litúrgico de preparação para a Páscoa. “Na campanha da Quaresma, mais do que dar esmola a uma família, desafiámos as famílias da comunidade a rezarem por outra família, a colocarem-se no lugar do outro na hora de jejuar, a privarem-se para dar a quem precisa. Acreditamos que isto muda o coração de quem dá e toca o coração de quem recebe. Não só porque os mais pobres percebem que quem tem mais reparte com eles, num espírito profundamente cristão, mas também porque percebem que alguém os acolhe na oração e no coração. Mesmo não sendo crentes, recebem sempre uma oração com o cabaz de Natal ou de bebé”, observa esta paroquiana, casada e mãe de duas filhas. Recentemente, este grupo começou a distribuir enxovais – com roupas, fraldas, biberons ou cremes – para bebés recém-nascidos no Hospital de Cascais.

 

“A Igreja não vive sem fazer o bem”

Ao procurar envolver toda a comunidade nas suas ações, os Amigos à Mão reúnem pessoas de todas as idades, tornando-se, por isso, num grupo intergeracional. Pastoralmente, o pároco de Cascais, padre Nuno Coelho, lembra que, “durante muitos anos, o braço social da paróquia refletia-se, sobretudo, na Misericórdia de Cascais, que é talvez a segunda maior do país depois da de Lisboa”. Cascais “nunca teve um centro social paroquial”, aponta ao Jornal VOZ DA VERDADE. Chegado a esta paróquia em 2008, “no início da crise”, este sacerdote andou à procura da resposta social que  comunidade cristã de Cascais poderia dar. “A Igreja não vive sem fazer o bem. Durante anos, as pessoas perguntavam-me constantemente onde poderiam ajudar e o grupo Amigos à Mão nasce precisamente desse encontro de vontades”, explica.

O padre Nuno sublinha ainda “o nome fantástico” do grupo: Amigos à Mão. “Quem são os Amigos à Mão? É a paróquia toda! Os Amigos à Mão deram nome, deram lugar, deram uma direção para que o dinamismo pessoal e comunitário pudesse dar frutos”, frisa. “Todos os anos, cada iniciativa que se tem supera as expetativas”, manifesta, satisfeito, o pároco de Cascais.

Rita Carvalho destaca igualmente “o espírito dos Amigos à Mão, que se vai contagiando e envolve todos”. “Os frutos deste lançar a rede para dentro e fora da comunidade paroquial também serão com certeza importantes, embora só Deus os conheça! A nós cabe-nos alimentar esta rede de amigos, aproximando as pessoas que querem dar daquelas que precisam de ser ajudadas”, termina.

 

________________


Dádivas distribuídas no ano 2015

- quase 10 mil euros de apoios monetários para situações pontuais e urgentes (casos apresentados pelas instituições)

- material escolar para cerca de 200 crianças

- 100 manuais escolares disponibilizados

- 30 eletrodomésticos oferecidos

- 15 cabazes para bebés

 

________________


Contactos:

Telefone: 214847480

Email: amigosamao@gmail.com

Site: www.facebook.com/amigosamao

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES