Lisboa |
Arruda dos Vinhos recebeu Visita Pastoral
Uma verdadeira vida cristã como resposta ao afastamento
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É uma terra onde segundo o pároco se respira um ambiente cristão, “mesmo entre os que não são praticantes”. Arruda dos Vinhos recebeu a Visita Pastoral, com D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, a incentivar a comunidade a dar testemunho de que “ser cristão faz parte da vida”.

 

“Todos conhecemos alguém que é batizado, que é boa pessoa, mas que não vem à Missa, não vem à igreja, não participa em nenhum movimento… se calhar porque nunca ninguém o convidou. Se em dois anos cada um dos praticantes da Arruda trouxer mais uma pessoa, dos 9 por cento de praticantes atuais passamos para 18 por cento!”, incentivou D. Nuno Brás, durante a Visita Pastoral à paróquia de Arruda dos Vinhos. No passado sábado, 3 de outubro, num encontro com diversos grupos ligados à pastoral social desta paróquia da Vigararia de Alenquer, o Bispo Auxiliar de Lisboa pediu “a frescura da vida cristã que faz surgir novas vocações”. “Perdemos este zelo pela evangelização, pela vida cristã. O afastamento de tantas pessoas da vida ativa da Igreja deve-se, antes de mais nada, a esta falta da própria vida cristã”, alertou D. Nuno Brás.

Neste encontro em Arruda dos Vinhos, o Bispo Auxiliar fez também um apelo ao testemunho. “Que bom que é estar numa escola, como aqui em Arruda, onde os professores não se importam de dizer que são cristãos. É muito importante o testemunho que se dá assim, com toda a naturalidade da vida, a mostrar que somos cristãos e que ser cristão faz parte da vida”.

 

As diferentes expressões

Num salão anexo à igreja paroquial, D. Nuno Brás ficou a conhecer a realidade sociocaritativa desta comunidade cristã do Termo Oriental de Lisboa. José António é o presidente das Conferências de São Vicente de Paulo da paróquia de Arruda dos Vinhos e revelou uma das valências destes vicentinos: consultas de psicologia a custo zero. “Em três anos, através de um vicentino da nossa paróquia que é psicólogo, demos 1120 consultas gratuitas”, anunciou este leigo, sublinhando ainda que a obra vicentina teve início nesta paróquia em meados do século passado e hoje atende mais de 80 famílias, que representam cerca de 250 pessoas, com a distribuição de cabazes de alimentos e de roupas. “O principal é a preocupação pelo bem-estar e o dignificar da pessoa humana”, assegurou José António. Os vicentinos integram ainda – juntamente com a Câmara Municipal, as Juntas de Freguesia e a Santa Casa da Misericórdia – o Banco Solidário de Arruda, “que procura a não sobreposição dos apoios aos carenciados”.

Gracinda Agostinho é a responsável do Apostolado da Oração de Arruda, que tem 120 associadas e dois associados, e apontou que a missão deste movimento “é rezar pelas intenções do Santo Padre” e “fazer visitas aos doentes”. O Grupo Missionário, ligado à Ação Católica Rural, foi formado há dois anos, por iniciativa do pároco, e reúne cerca de uma dúzia de elementos. No encontro com o Bispo Auxiliar de Lisboa, a jovem Raquel Ribeiro referiu que “a missão do Grupo Missionário é ajudar a paróquia e as ações dos vários grupos”. Os Focolares regressaram “há muito pouco tempo à paróquia de Arruda, depois de o movimento já ter estado bem enraizado”, segundo Sofia Freixo. “Fazemos encontros de Palavra de vida e damos testemunho da nossa vida, procurando assim ajudar os outros pelo exemplo”, apontou. Pelos visitadores de lares, Conceição Faria salientou que “este grupo faz parte das Irmãs Missionárias da Santa Face” e visita “todos os lares de Arruda, incluindo os particulares, e também o hospital”.

Depois de escutar todos os testemunhos, D. Nuno Brás salientou que “as diferentes realidades, movimentos, espiritualidades e carismas são uma riqueza das paróquias”. “Cada cristão deve procurar a obra que concretiza a expressão feliz da vida cristã de cada um. A vida cristã é de tal forma rica que existe lugar para as várias expressões desta vida. Isto significa a necessidade de vivermos em caridade uns com os outros”, manifestou o Bispo Auxiliar de Lisboa, deixando ainda uma garantia aos cristãos presentes: “Na paróquia todos nós trabalhamos para Jesus Cristo. Tudo aquilo que fazemos na comunidade paroquial é bom que seja presença de Jesus Cristo”.

 

Sentido de pertença

Arruda dos Vinhos é uma vila com cerca de 8500 habitantes, gente originária “do norte do país, do sul, das beiras e do Alentejo”, descreve o pároco. “Metade de Arruda é rural, com as vinhas, mas a maioria das pessoas trabalha em Lisboa, que fica somente a cerca de 20-30 minutos de carro. Aliás, o feriado municipal, na Quinta-feira da Ascensão, está em crise porque a população vive mais o 13 de junho, das Festas de Santo António e da freguesia”, aponta o padre Daniel Almeida, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Com a construção da autoestrada A10, há cerca de 15 anos, Arruda dos Vinhos tem conhecido uma renovação das gerações, tendo “muitos casais novos e muita gente nova”.

Pároco de Arruda desde 2009, o padre Daniel Almeida, de 32 anos, tem apostado em especial na catequese e na juventude. “Temos cerca de 350 crianças e adolescentes na catequese, para perto de 50 catequistas. Aliás, somos a paróquia da Vigararia de Alenquer com maior número de catequizandos”, refere, satisfeito, este sacerdote, sublinhando ainda os frutos da aposta na pastoral juvenil: “Estamos a conseguir criar bons grupos de jovens”. Ainda na área da juventude, o padre Daniel frisa que, desde há dois anos, a paróquia tem procurado reabrir o agrupamento de escuteiros. Um sonho que está perto de ser concretizado, depois do encerramento em 1992. “Estamos filiados com a paróquia de Arranhó mas esperamos reativar brevemente o Agrupamento 78 do CNE, com duas seções – os lobitos e os exploradores. Temos as inscrições abertas e pretendemos abrir dois bandos de cada seção, cada um com cerca de 15 elementos, porque temos poucos chefes. Infelizmente, não temos os adultos necessários para formar mais bandos”, observa o pároco.

Na paróquia de Nossa Senhora da Salvação de Arruda dos Vinhos a formação de adultos para o Crisma, e até para o Batismo, tem sido uma realidade crescente, menciona o padre Daniel Almeida. “Desde crianças, a jovens e até adultos, são muitos os catecúmenos da nossa paróquia. Temos conseguido criar um grupo de gente disponível, que pede trabalhos na paróquia para se sentirem ligados à comunidade. É um sentimento de pertença que tem sido procurado”, expõe este sacerdote, destacando igualmente a sua aposta no movimento Cursilhos de Cristandade, “que tem uma boa expressão em Arruda”.

 

Ambiente cristão

Arruda dos Vinhos recebeu, de 30 de setembro a 4 de outubro, a Visita Pastoral, com a presença de D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa. “Os mais antigos da paróquia garantem que a última Visita Pastoral decorreu no tempo do Cardeal Cerejeira, portanto há 50 anos. Ninguém se recorda, nem ninguém faz comentários, de alguma Visita Pastoral que tenha acontecido depois dessa”, indica o pároco. Após os cinco dias da presença do Bispo Auxiliar em Arruda, o padre Daniel faz um balanço “muito positivo” da Visita Pastoral. “Eu já conhecia o ambiente cristão que Arruda tem. Algumas das pessoas podem não ser praticantes – os praticantes não chegam a 10 por cento –, mas há um ambiente cristão muito forte e consciente. Em termos associativos, e o senhor D. Nuno ficou impressionado e é verdade, há muito o sentido cooperativo, de colaboração e apoio de uns aos outros. É uma marca de Arruda dos Vinhos, este sentido de pertença e interajuda”, assegura este sacerdote, que chegou a esta paróquia um ano após a sua ordenação.

Durante a Visita Pastoral, o Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa conheceu entidades civis, associações, empresas e todas as escolas, e surgiram diversos desafios, como salienta o pároco. “Quando visitámos uma escola primária, demo-nos conta que uma criança olhou para a cruz peitoral do senhor D. Nuno e disse: ‘Tu tens um x ao pescoço…’ e outro acrescentou: ‘Não, é um +’. Portanto, estas crianças não sabiam que era a cruz de Cristo e isto é preocupante e é um desafio para nós, enquanto comunidade cristã”.

  

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“Que estejamos disponíveis para receber os refugiados”

O tema do acolhimento dos refugiados foi também abordado no encontro de D. Nuno Brás com os leigos da paróquia de Arruda. “O senhor Patriarca pede que estejamos disponíveis para os receber”, começou por referir o Bispo Auxiliar de Lisboa, lembrando depois as palavras recentes do Papa Francisco a propósito desta temática: “O que o Santo Padre nos pede é que as nossas comunidades acolham refugiados. Não se trata de colocar a família de refugiados na casa paroquial ou no salão paroquial; trata-se de cada comunidade se colocar de acordo e se preparar para receber uma família de refugiados. Isto significa arranjar quem esteja disponível para lhes ensinar a língua portuguesa, por exemplo, quem esteja disponível para ir com eles ao supermercado; no fundo para encontrar pessoas que possam ir ajudando esta família”. Questionado sobre os medos que alguns portugueses sentem ao receber estas pessoas estrangeiras, D. Nuno Brás apontou que “os refugiados que vamos acolher hão de ser reconhecidos pelo Estado português”. “Não é gente sem papéis”, garantiu.

O Bispo Auxiliar lembrou ainda “o desejo do senhor Patriarca de que o esforço das comunidades cristãs seja feito através da Cáritas Diocesana de Lisboa”.

 

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Um dia de Visita Pastoral nas Cardosas

A paróquia de São Miguel das Cardosas foi a primeira da Vigararia de Alenquer a receber a Visita Pastoral. Na tarde do passado dia 29 de setembro, dia do padroeiro, D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, visitou a junta de freguesia, dois lares, empresas de carpintaria, seleção de fruta e mecânicas, a associação e a comissão de festas. Depois do jantar na associação, presidiu à Eucaristia na igreja paroquial. O padre Daniel Almeida é também o pároco das Cardosas e salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE que esta é uma “pequena paróquia, com 836 habitantes, 12 crianças na catequese e três catequistas”, que “tem crescido e nunca teve tanta gente como atualmente, apesar de ser um meio muito rural”. “As pessoas gostaram muito de receber o senhor Bispo. A Missa, que foi às 21h30 de uma terça-feira, teve a igreja cheia de cardosenses”, relata o pároco.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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