Jornal Voz da Verdade

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11.10.2015

Papa |

Roma

Papa critica falta de reconhecimento e apoio �s fam�lias

Come�ou o S�nodo dos Bispos sobre a Fam�lia, em Roma, com a garantia de que n�o haver� mudan�as na doutrina da Igreja sobre o tema.

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1. O Papa Francisco considera que a pol�tica e a economia n�o d�o o reconhecimento e o apoio necess�rio � fam�lia. “N�o se d� � fam�lia o devido peso, reconhecimento e apoio nas organiza��es pol�ticas e econ�micas da sociedade contempor�nea”, afirmou o Papa, na audi�ncia-geral de quarta-feira, 7 de outubro, acrescentando que “a fam�lia requer toda a nossa aten��o e cuidado e o S�nodo deve responder a este pedido”. Na Pra�a de S�o Pedro, no Vaticano, Francisco considerou que as rela��es humanas parecem “desidratadas, �ridas e an�nimas”, pelo que “se sente a necessidade de uma robusta inje��o de esp�rito familiar”, e assegurou que a fam�lia d� “a toda sociedade uma perspetiva mais humana”, pois “permite estabelecer v�nculos de fidelidade, sinceridade, coopera��o e confian�a”. “Para a Igreja Cat�lica, o esp�rito da fam�lia � como a sua carta magna: a Igreja � e deve ser a fam�lia de Deus”, terminou.

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2. O relator-geral do S�nodo dos Bispos, cardeal P�ter Erd�, deixou clara a doutrina da Igreja sobre as pessoas que vivem em uni�es irregulares, como os divorciados recasados. “Na busca de solu��es pastorais para as dificuldades de certos divorciados que voltaram a casar civilmente, deve-se considerar que a fidelidade � indissolubilidade do matrim�nio n�o pode ser conjugada com o reconhecimento pr�tico da bondade de situa��es concretas, que lhe s�o opostas e, por isso, inconcili�veis. Entre o verdadeiro e o falso, entre o bem e o mal, de facto, n�o h� gradualidade”, disse o cardeal Erd�, na interven��o orientadora dos trabalhos do S�nodo, na segunda-feira, 5 de outubro. O cardeal Erd� tamb�m se referiu �s uni�es homossexuais, rejeitando que possam ser equiparadas a casamento. “A Igreja ensina que n�o existe nenhum fundamento para assemelhar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uni�es homossexuais e o des�gnio de Deus sobre o matrim�nio e a fam�lia”.

Na confer�ncia de imprensa que decorreu neste primeiro dia de trabalhos sinodais, no Vaticano, tamb�m o cardeal Andr� Vingt-Trois, presidente delegado do S�nodo, avisou os jornalistas para n�o esperarem novidades doutrinais sobre o tema da fam�lia.

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3. O Papa Francisco fez uma forte defesa do casamento e da fam�lia, na homilia da Missa de abertura do S�nodo dos Bispos sobre a Fam�lia, no passado Domingo, 4 de outubro, declarando que o casamento n�o � uma utopia, mas um sonho sem a qual o homem est� condenado � solid�o. “Para Deus, o matrim�nio n�o � utopia da adolesc�ncia, mas um sonho sem o qual a sua criatura estar� condenada � solid�o. De facto, o medo de aderir a este projeto paralisa o cora��o humano”, disse Francisco.

O Papa falou do paradoxo de um tempo em que o homem corre atr�s de amores tempor�rios enquanto sonha com o amor aut�ntico. “Paradoxalmente, tamb�m o homem de hoje – que muitas vezes ridiculariza este des�gnio – continua atra�do e fascinado por todo o amor aut�ntico, por todo o amor s�lido, por todo o amor fecundo, por todo o amor fiel e perp�tuo. Vemo-lo ir atr�s dos amores tempor�rios, mas sonha com o amor aut�ntico; corre atr�s dos prazeres carnais, mas deseja a doa��o total”.

Francisco considera que a miss�o da Igreja � ser uma voz que grita no deserto “para defender o amor fiel e encorajar as in�meras fam�lias que vivem o seu matrim�nio como um espa�o onde se manifesta o amor divino; para defender a sacralidade da vida, de toda a vida; para defender a unidade e a indissolubilidade do v�nculo conjugal como sinal da gra�a de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente”.

J� no s�bado, dia 3, na ora��o de v�speras para o in�cio do S�nodo da Fam�lia, o Papa pediu ora��es: “Rezemos para que o S�nodo saiba reconduzir a uma figura de homem na sua plenitude a experi�ncia conjugal e familiar; reconhe�a, valorize e proponha tudo o que nela h� de belo, bom e santo; abrace as situa��es de vulnerabilidade, que a p�em � prova: a pobreza, a guerra, a doen�a, o luto, as rela��es feridas e desfeitas de que brotam contrariedades, ressentimentos e ruturas; lembre a estas fam�lias, como a todas as fam�lias, que o Evangelho permanece uma ‘boa not�cia’ donde recome�ar”.

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4. No dia do arranque do S�nodo dos Bispos, D. Manuel Clemente deu conta, em entrevista � R�dio Renascen�a, da import�ncia dos trabalhos sinodais no sentido do refor�o da realidade familiar num quadro que nem sempre � favor�vel � uni�o das fam�lias. “O Papa est� muito atento a todos estes fatores de desagrega��o social e comunit�ria. O que � preciso � refor�ar esta primeira aprendizagem social que � a fam�lia de cada um, e que as pr�prias sociedades deem � fam�lia o valor primordial que ela tem de ter para o bem e futuro dessas mesmas sociedades”, referiu em Roma D. Manuel Clemente, que participa no S�nodo na qualidade de presidente da Confer�ncia Episcopal Portuguesa. “Se n�s, como crist�os, tamb�m acreditamos nisso, temos de estar na primeira linha do refor�o da realidade familiar, do seu acompanhamento e da sua prepara��o”, acrescentou. Parte da crise que afeta a fam�lia deve-se ao facto de hoje ser poss�vel um “percurso individual como n�o era noutros tempos”. “Por isso � que o refor�o da realidade familiar, do seu valor, da sua import�ncia, da sua urg�ncia � que � a voca��o da fam�lia e � tamb�m a sua miss�o”, assegurou o Cardeal-Patriarca de Lisboa.

Entretanto, na passada ter�a-feira, 6 de outubro, no final do segundo dia de trabalhos, D. Manuel Clemente falou � R�dio Vaticano onde garantiu “uma grande afinidade com o que o Santo Padre tem dito”. “N�o est�, de modo nenhum, em causa a doutrina e a tradi��o crist� sobre a fam�lia, antes pelo contr�rio, est� a reaviv�-la a compreend�-la melhor, apresent�-la a todos, porque com a compreens�o que devemos ter com as mais diversas situa��es que existam, n�s temos que corresponder a essas situa��es da maneira em que n�s acreditamos que o pr�prio Deus correspondeu na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo. Neste sentido, acrescentou, “trata-se de radicar, cada vez mais, a nossa proposta sobre a fam�lia, contando muit�ssimo com a experi�ncia das fam�lias crist�s, dando essa mesma resposta �s problem�ticas que se p�em”. “Tudo vai no sentido do refor�o do papel da fam�lia nas comunidades crist�s, na prepara��o, no cuidado e no acompanhamento da parte de todos da comunidade e dos padres”, lembrou o Cardeal-Patriarca.

Aura Miguel, � conversa com Diogo Paiva Brand�o