Domingo |
À procura da Palavra
Um aplauso aos “cães-guias”
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DOMINGO XXX COMUM  Ano B
" «Mestre, que eu veja».
Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou».”
Mc 10, 51

 

Perante alguém cego fico, inevitavelmente, mudo! E seria mais fácil procurar palavras para analisar as muitas “cegueiras espirituais” de que sofremos, reafirmar que “não queremos ver” para não nos comprometermos, e deleitar-me com a coragem do cego de Jericó (que até conhecemos pelo nome, Bartimeu, e não é “mais um cego”!) a gritar por Jesus e depois a segui-l’O! Podia ficar por aí, mas uma reportagem televisiva sobre cães-guias de cegos, numa “Grande Tarde” da SIC há alguns dias, trouxe-me uma luz para partilhar!

Não sei como é nascer sem poder ver, e só consigo imaginar a dor de ir perdendo a visão, por doença, acidente ou idade. Dizem que se aguçam os outros sentidos, e quero acreditar que sim, mas deixar de ver só pode trazer uma dor imensa! Que bom S. João ter escrito que, um dia, veremos Deus, “tal como Ele é” (cf. 1 Jo 3, 2)! Mas na coragem de caminhar num mundo sem cores nem formas, fiquei desperto para a ajuda admirável que os cães-guia podem ser para os cegos. É admirável o esforço dispendido pela única instituição do país, a “Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual” que cria e educa estes preciosos auxiliares. Que afectos nascem entre os cães, as famílias de acolhimento, os treinadores e, por fim, os seus donos e amigos! Não nego que me emocionei, e quase “rasei” a heresia em imaginar estes cães como uma analogia do Espírito Santo, sempre tão empenhado em guiar-nos e defender-nos. E, perante os muitos custos para “formar” um “cão-guia”, no nosso país em que a venda de “Porsches” este ano bateu todos os recordes, não seria possível empresas ou particulares, darmos (principalmente com discrição, que faz mais bela a partilha!) um pouco, ou muito, do nosso excesso (e nos cega!) para que outros “vejam”?!

Na verdade sempre volto à questão das cegueiras que nos afectam. Cegueira dos outros quando deixamos de os ver e amar (quantos pais e avós abandonados em lares sem uma visita carinhosa!); cegueira do trabalho quando lhe sacrificamos a saúde ou somos explorados; cegueira do dinheiro que compra quase tudo, menos a amizade e a felicidade; cegueira da moda e da novidade que se gasta tão depressa; cegueira do poder e do domínio que acaba por endurecer o coração; cegueira das paixões a quem sacrificamos os valores; e também a da preguiça, do egoísmo, dos papéis que representamos!

Bartimeu era cego, estava sentado, à beira do caminho. Tudo apontava para um destino irremediavelmente escrito: prisioneiro das trevas, à beira da vida, esperando uma migalha para ir vivendo. A coragem dos seus gritos mostra um desejo e uma esperança. O chamamento de Jesus revela forças escondidas, para deixar a capa, dar um salto e ir ter com Ele. Tudo pode mudar no encontro com Jesus: é urgente deixar o que aprisionava a fé, e superar o medo com o impensável salto. Não é disto que muitos de nós precisamos? Queremos “ver para crer” mas a fé é que leva à visão verdadeira, é ela que salva. Quase como a confiança de um cego no seu “cão-guia”, que lhe lhe valoriza todas as outras capacidades! Que capas nos prendem, e que “beiras de caminhos” nos acomodam? Ouvimos Jesus passar?

 

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