Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Evolução ou regressão?
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Num pedaço de programa televisivo que vi há dias, alguém afirmava que as religiões não tinham mudado nada; que não tinham conseguido adaptar-se aos novos tempos.

Certamente que o modo de viver contemporâneo não pode deixar de nos interrogar sobre o modo de viver a fé e não pode sequer deixar de nos levar a considerar e a discernir, como nos convidava o Concílio Vaticano II, os “sinais dos tempos” – aqueles grandes acontecimentos e mesmo grandes linhas de vida em que os cristãos devem reconhecer a ação do Espírito Santo que conduz a história.

Contudo, isso nada tem a ver a com a adaptação automática ao modo de pensar e de viver contemporâneo. A fé está para além daquilo que é o modo de vida do mundo em que os crentes estão inseridos: há-de ser mesmo ela a impregná-lo e a modificá-lo. Foi a isso que assistimos ao longo deste 2 mil anos de cristianismo, em todas as culturas e em todos os tempos: a fé, vivida publicamente, não pode deixar de transformar o meio em que vivem os cristãos; não pode deixar de influenciar o modo como vivem.

Devo no entanto reconhecer que aquela afirmação tinha pouco a ver com todas estas reflexões. Tratava-se antes de dizer de uma forma simplista que, enquanto a sociedade tinha “evoluído” (entenda-se: legalizou o aborto e defende a eutanásia, permitiu os “casamentos” homossexuais, os divórcios e tantas outras atitudes tão frequentes no modo de viver contemporâneo e ocidental), as “religiões” não foram capazes de ir atrás de todas estas “modas”.

É claro que quem realizou esta afirmação desconhecia minimamente a própria história ocidental. Se dela tivesse algum conhecimento, veria que todas estas práticas estavam “legalizadas”, (ou pelo menos eram praticadas com muitas frequência e aceites por todos no mundo clássico antigo, grego ou romano, juntamente com a escravatura, a exploração e o tratamento dos seres humanos como objectos). E saberia igualmente que a evolução desse modo de viver para a sociedade que temos hoje no mundo ocidental (com todos os seus defeitos, mas com toda a defesa que ainda temos dos direitos humanos) se deve ao cristianismo e ao seu conceito de pessoa – que foi dando uma nova forma à sociedade em que os cristãos vivem.

Saberia, afinal, que não foram as “religiões” que não evoluíram. É esta sociedade ocidental contemporânea que parece querer regredir e regressar ao modo de viver de há 2 mil anos atrás.

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