Missão |
Maria Isabel Andrade, projeto SABI
Distinguir o essencial do superficial
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Maria Isabel Andrade nasceu a 1 de Julho de 1995, em Lisboa, e é a mais velha de quatro irmãos. Estudou até à 4ª classe no colégio inglês Queen Elizabeth’s School, o mesmo colégio que o seu pai e os seus tios tinham frequentado. Atualmente frequenta o 3º e último ano da licenciatura em Economia, na Universidade Católica, e faz parte do Projeto SABI – um projeto de voluntariado missionário da paróquia do Parque das Nações.

 

Fazer algo que desse para ter um impacto positivo no mundo

Sempre foi educada na fé cristã e sempre foi à Missa com os seus pais e irmãos. Andou na catequese do 1º ao 4º ano, fez a Primeira Comunhão e com o Colégio de Santa Doroteia fez o Crisma. Entrou neste colégio quando tinha 10 anos e considera que teve muito impacto na sua formação pessoal e como “complemento da educação que recebi em casa, na transmissão da fé e de valores cristãos.” Os seus estudos do ensino secundário foram na área de Ciências e Tecnologias. “Escolhi esta área não propriamente porque tinha um interesse especial em ciências acima das outras áreas, mas mais porque gostava um bocadinho de tudo, e a área de ciências permitia-me um leque de escolha de curso mais abrangente”, partilha. Escolher o curso não foi fácil, sentia-se muito indecisa e “só sabia que queria fazer algo que desse para ter um impacto grande e positivo no mundo. Sonhava em trabalhar na ONU, a negociar acordos de paz entre países, ou a trabalhar na gestão e distribuição de recursos para os países em desenvolvimento. Acabei por escolher Economia, por um lado porque desta forma continuava com Matemática (a parte lógica, de que aprendi a gostar tanto na área de ciências), e por outro porque seria um curso sólido para depois tirar possivelmente um mestrado em Relações Internacionais e seguir o meu sonho de trabalhar na ONU.”Aos 18 anos entrou no curso de Economia, que está agora a terminar.

 

“Confiei e comprometi-me!”

No ano em que entrou na faculdade começou a ser questionada e interpelada por várias pessoas a entrar no Projeto SABI, sobre o qual já tinha ouvido falar algumas vezes na missa. “No início não me entusiasmei muito com a ideia… eu era uma rapariga reservada, e pensar em aderir a um grupo com não sei quantos jovens que eu não conhecia, em que teria que ir a reuniões quinzenais e partilhar sentimentos com o grupo assustava-me um bocado, porque era sair da minha zona de conforto. Mesmo assim eu fui, só para experimentar, a pensar que iria só a uma ou duas reuniões”, partilha. Continuou a ir e a decisão de se comprometer ou não com o projeto foi muito rezada e pensada com Deus. “E foi aí que, pela primeira vez na minha vida, senti que Deus queria que eu fizesse isto. Senti que esta era a resposta à necessidade que eu tinha de por a minha fé em prática e de crescer como pessoa. Senti que era Deus porque se dependesse só da minha vontade, eu provavelmente não me comprometia, seria muito mais confortável ficar a descansar, ter mais tempo de estudo. Mas Deus não nos quer confortáveis, Deus desafia-nos constantemente, e só porque nos ama e quer o melhor para nós, e sabe que se aceitarmos os Seus desafios seremos mais felizes. Eu confiei e comprometi-me. E hoje posso dizer que a decisão que tomei neste dia foi das melhores decisões que eu tomei na minha vida”, garante.

 

“Cresci mesmo muito!”

Já participou em duas missões, uma em Portugal e este ano, em Agosto, em Santana (S. Tomé e Príncipe). Distingue claramente voluntariado de missão: “quando fazemos voluntariado, somos nós a escolher; quando fazemos missão, é Deus a escolher.”A decisão de partir em missão não foi fácil pois planeava ir em Erasmus no 1º semestre do 3º ano da licenciatura mas quase no final do ano letivo decidiu não o fazer. “Mais uma vez, tenho a certeza que foi Deus que quis que acontecesse desta forma…”, partilha. Antes de partir não criou expetativas mas de vez em quando questionava-se se era capaz de “ter energia para ser o rosto de Deus para aquelas crianças todos os dias durante um mês” e de “lidar com situações inesperadas que pudessem aparecer”. “Posso dizer que os primeiros dias foram um forte abanão: havia tanta coisa para fazer, e era tudo tão novo! Nos primeiros três dias andei a aterrar, precisei desse tempo para absorver tudo: uma realidade completamente diferente, uma grande responsabilidade, a necessidade de um grande espírito de improviso (algo no qual nunca tinha trabalhado tanto até ali) e também uma grande organização. O apoio do grupo foi fundamental. Um grupo de missão acaba por se tornar uma família. Aos poucos fui-me habituando ao ritmo, e fui dando conta da tão grande alegria destas crianças na sua simplicidade. Onde quer que fôssemos éramos recebidas com sorrisos.”

O regresso a Lisboa não foi fácil, parecia-lhe uma cidade mais pequena, e fez-lhe “alguma confusão” voltar a pegar no telemóvel (em missão havia apenas um telemóvel para todo o grupo para as comunicações necessárias). Conclui partilhando que “esta missão ensinou-me a distinguir o essencial do superficial, ensinou-me a sair do meu mundinho, das minhas preocupações, que agora pareciam tão pequeninas e insignificantes… De certa forma, tornou-me uma pessoa mais dada aos outros, mais confiante, com menos medo de arriscar. Cresci mesmo muito!”

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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