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À procura da Palavra
O melhor está p’ra chegar
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DOMINGO I DO ADVENTO Ano C
"Erguei-vos e levantai a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima.”
Lc 21, 28

 

Por estes dias, vários amigos meus, e eu com eles, atingimos aquele número redondo de cinquenta anos. E é curioso sentirmo-nos sem o peso de uma idade que, quando aos 20 olhávamos para o futuro, nos parecia distante e tão sinónimo de “princípio de velhice”. É com um misto de agradecimento, de estupefacção pelo tempo que passa tão depressa, e também de alguma genica para o futuro, com tantos sonhos que ainda acalentamos, que estamos a vivê-los. Sim, até aqui foi bom, mas “o melhor está para vir”! E ao começar o Advento, este tempo infelizmente gasto pelo frenesim do Natal, recolho-me a ouvir, do (belíssimo) último disco da cantora Mariza, uma das músicas que se intitula “Melhor de mim”: “Hoje a semente que torna na terra / E que se esconde no escuro que encerra / Amanha nascerá uma flor. / Ainda que a esperança da luz seja escassa / A chuva que molha e passa / Vai trazer numa luta amor. // Também eu estou à espera da luz / Deixou-me aqui onde a sombra seduz. /Também eu estou à espera de mim / Algo me diz que a tormenta passará.”

Tem o sabor de um hino para o Advento, o tempo grande da esperança, em que refazemos os caminhos de um povo que esperava um salvador, e nos perguntamos: que esperança é possível neste tempo frágil e ameaçado que é o nosso, que sonhos maiores alimentar quando o peso das dificuldades nos encurva o corpo e inclina a cabeça? De novo, o ritmo da liturgia ousa propor a esperança. As forças do universo abaladas são um símbolo de algo novo que está para acontecer. E isso não é, necessariamente, o pior. Mesmo em grandes desgraças há mil e uma pequenas graças que nos revelam algo de bom, algo de grandioso. Como esquecer os amigos, namorados, ou desconhecidos, que se colocavam à frente das balas dos terroristas de Paris, para salvar os que amavam ou mesmo quem não conheciam? Nada justifica o mal, mas perante ele, o bem parece crescer onde não julgávamos existir! Jesus não quer atemorizar com as suas palavras, antes convida a “erguer a cabeça”, a “ter cuidado” connosco, e a não deixarmos os corações tornarem-se pesados pela“intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida”. Quase sinto Jesus a dizer-nos: “Olhem que o melhor ainda virá!”

E saboreando esta espera que o Advento semeia, volto à canção da Mariza: “É preciso perder para depois se ganhar / E mesmo sem ver, acreditar. / É a vida que segue e não espera pela gente / Cada passo que demos em frente / Caminhando sem medo de errar. / Creio que a noite sempre se tornará dia / E o brilho que o sol irradia / Há-de sempre me iluminar. // Sei que o melhor de mim está pr'a chegar! / Sei que o melhor de mim está por chegar. / Sei que o melhor de mim está pr'a chegar.”

Também estas quatro semanas passarão depressa. Mas desejo que o tempo depois dos cinquenta ganhe um outro contorno, de sabedoria e simplicidade, de coragem para resistir à onda alucinante das coisas inúteis, e de uma serena alegria em saborear o melhor que cada dia traz e que em cada dia damos. Obrigado Mariza, pelo belíssimo disco! Obrigado Jesus, por nos dares sempre futuro!

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