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Fundação AIS lança campanha “online” pelos Cristãos perseguidos
Pecado de omissão
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É um pequeno filme que incomoda. Em pouco mais de cinco minutos passam, diante dos nossos olhos, imagens das atrocidades cometidas contra os Cristãos no Médio Oriente nos últimos anos. É impossível ficar indiferente. A pouco mais de 10 dias do Natal, este filme provoca as nossas consciências. O que temos feito, de facto, pelos Cristãos que nos pedem ajuda?

 

 A Fundação AIS lançou uma campanha que está a passar nas redes sociais e que tem como objectivo denunciar os crimes cometidos contra os Cristãos no Médio Oriente, em especial no Iraque e na Síria. Mais do que denunciar esses crimes, este pequeno filme, que pode ser visto no Facebook (www.facebook.com/FundacaoAIS) e no YouTube (www.youtube.com/fundacaoais), por exemplo, lança-nos uma inquietante questão: temos feito o suficiente para denunciar ao mundo a tragédia que se abateu sobre as comunidades cristãs às mãos dos extremistas muçulmanos? Será que pensamos que este é um assunto que não nos diz respeito, que se passa longe das nossas casas, das nossas vidas, e que, por isso, nem merece a nossa atenção? Será assim? O filme intitula-se “Wake Up! Acordem!”. O nome diz tudo. Produzido em parceria com a HM television, este filme dá voz a algumas pessoas que sentiram na pele a violência descontrolada que se abateu contra os Cristãos apenas por causa da fé que professam. Apenas por isso.

 

“Peço-vos que acordem!”

Uma dessas pessoas é o Padre Douglas – de quem já se falou aqui, nas páginas deste jornal. Este sacerdote iraquiano foi sequestrado e torturado por extremistas muçulmanos em 2006. Sofreu horrores, esteve quase entre a vida e a morte, foi obrigado a fugir e hoje é apenas mais um refugiado entre refugiados. No entanto, o Padre Douglas não tem palavras de ressentimento pelo que lhe aconteceu. Na verdade, já perdoou aos seus algozes a violência extrema de que foi vítima. É a nós, Cristãos do Ocidente, que lança o desafio mais inquietante: “Peço-vos que acordem. Se ficarem calados é como se concordassem com aqueles que nos perseguem. Por isso, não se calem. Se possível, não sejam meros espectadores, ajam e… acordem!”.

 

Coração cheio

O filme dirige-se a cada um de nós, como se estivéssemos todos sentados no ‘banco dos réus’. E, de certa forma, estamos. Além do Padre Douglas, é possível escutar os depoimentos de D. Amel Nona, antigo Arcebispo dos caldeus em Mossul, no Iraque – agora a viver na Austrália; o Padre Luis Montes, pároco na catedral de Bagdade; e Mireille Al-Farah, uma cristã que vive em Damasco, a capital da Síria. Todos eles falam da violência cega que os jihadistas despejaram nas suas terras, como se fossem donos de tudo, até da vida das pessoas. Uma violência bárbara que está a conduzir ao desaparecimento de inúmeras comunidades cristãs de terras bíblicas. Hoje, há milhares de homens, mulheres e crianças que vivem em campos de refugiados pois foi-lhes confiscado tudo o que tinham. No entanto, apesar de estarem de mãos vazias, continuam com o coração cheio de fé. São, também por isso, um exemplo extraordinário. E interpelam-nos.

 

Sem lugar na estalagem

Perderam tudo menos a fé. E dizem-se até felizes por isso. “Os Cristãos estão tristes porque perderam as suas casas, as suas terras e propriedades, perderam tudo. Mas, por outro lado, têm muita confiança em Deus, têm esta confiança de que Deus não os abandona, em qualquer lugar onde se encontrem no mundo”, explica D. Amel Nona. “Em qualquer lugar são sempre fiéis a Deus!” Este prelado dirige-se directamente a nós, europeus, e pergunta o que é feito da nossa fé, da nossa tradição cristã, dos nossos valores religiosos.
Os Cristãos do Médio Oriente pedem-nos ajuda, mas questionam também onde está Deus nas nossas vidas. É também a nós, Portugueses, que lançam este desafio, esta interrogação: “Podem ajudar-nos – diz D. Amel – sendo uma sociedade cristã activa, corajosa… Devem evangelizar outra vez a vossa sociedade com valores, sem medo de dizerem que são Cristãos. Esta é a ajuda que podem dar-nos.”
Faltam pouco mais de dez dias para o Natal. Tal como a Sagrada Família não teve lugar na estalagem, hoje há milhares de famílias cristãs que foram expulsas de suas casas, das suas terras, que foram obrigadas a fugir para salvarem as próprias vidas. Dois mil anos depois, há milhares de Marias e Josés que precisam de ajuda. Da nossa ajuda e da certeza da nossa fé. Não fazer nada por eles é incompreensível. É mesmo pecado de omissão.

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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