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À procura da Palavra
Visitas inesperadas
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DOMINGO IV DO ADVENTO Ano C
"Donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?”
Lc 1, 43

 

A visita de Maria a Isabel é descrita por S. Lucas com a simplicidade de um encontro familiar. Como tantas outras “visitas” de Deus ao longo da Escritura, aquilo que parece ser apenas um feliz encontro ganha a dimensão maior de “o céu descer à terra”. Na pressa de Maria, nessa caminhada que José Luís Martin Descalzo chamou “a primeira procissão do Corpo de Deus”, sente-se o dinamismo de quem tem o coração cheio de Deus. E no salto de alegria de João no seio de Isabel revela-se como Deus é o “Senhor dos impossíveis”: a mulher estéril tornou-se fecunda, e no seio da Virgem cresce o Salvador do mundo! Duas “impossibilidades”, que nos lembram tantas outras, da nossa vida pessoal e da história do mundo, que se tornaram possíveis na fé, na grandeza da entrega, na coragem, no alargar do coração, na vida oferecida por amor! 

De visitas, de encontros, de família, e de alegria, gostaríamos que também se enchesse este Natal. E bem sabemos como muitos destes desejos parecem (ou são) impossíveis. Pelo menos como os desejaríamos realizar: estar com todos os que amamos, resolver todos os conflitos que apertam o coração, ter esperança num trabalho e numa vida mais digna. Este é o tempo das muitas luzes, mas também das escuras solidões; é o tempo dos presentes, que algumas vezes disfarçam a ausência de nos darmos; é o paraíso dos gastos que não pode esconder o quanto precisamos uns dos outros. Essa é a feliz pobreza que o Natal nos revela: precisamo-nos tanto que o próprio Deus “quis precisar” de nós. Por isso se fez visível aos nossos olhos: para que nunca nos tornemos invisíveis uns aos outros!

Acabámos por nos tornar invisíveis” é o desabafo que John Goodman diz a Diane Keaton, marido e mulher há 40 anos, na película natalícia “Os Coopers são o máximo”, que nos visita este Natal. Não é um filme admirável e passa facilmente por uma comédia ligeira que a crítica arrasa. Mas deixou-me o sabor de uma feliz parábola sobre as famílias, as memórias, os convencionalismos, a morte e a ressurreição do amor. Muito distante do fabuloso “Do céu caíu uma estrela” de Frank Capra (que passa na televisão numa cena) conta simplesmente como “as mágoas microscópicas” nos vão distanciando, as competições relacionais nos vão derrotando, o amor aos filhos pode distanciar os pais e as rotinas podem ser transformadas em renascimento se nos abrirmos e deixarmos cair as defesas. Para descobrir como as coisas importantes “estavam diante dos olhos e tão perto, e não as víamos!”

Jesus pode ser esperado por poucos. A sua visita tornou-se data de calendário e grande acontecimento comercial. Nas múltiplas realidades familiares Ele até poderá ser pouco lembrado, mas tenho a certeza que visitará os corações de todos. E estará em cada gesto de carinho e bondade, de verdade e de esperança. Não será Ele também a visitar quando formos visita inesperada e feliz para alguém? Não será tambem parte do seu desejo que nos tornemos mais visíveis e mais amáveis (simpáticos, sim, e também mais cheios de amor!) entre nós?

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