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Roma
“Todos nós, católicos, ortodoxos e protestantes, recebemos o mesmo e único Batismo”
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O desejo do Papa para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é que os cristãos colaborem juntos para levar “a misericórdia do Pai a cada parte da terra”. Na semana em que rezou com os judeus, Francisco dirigiu-se aos migrantes, escreveu aos adolescentes e convidou sem-abrigo para uma tarde de circo.

 

 

1. Em plena Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro), o Papa Francisco sublinhou a importância do Batismo. “Somos convidados a redescobrir a importância do dom recebido no Batismo, vínculo sacramental da unidade que vigora entre todos os discípulos de Cristo. Todos nós, católicos, ortodoxos e protestantes, recebemos o mesmo e único Batismo. Fazemo-lo porque estamos conscientes de que somos pecadores e necessitamos da salvação e compartilhamos a experiência de sermos chamados das trevas ao encontro com o Deus vivo e cheio de misericórdia”, afirmou o Papa, durante a audiência-geral de quarta-feira, dia 20 de janeiro, no Vaticano. “Refletir sobre a nossa origem comum na fonte batismal significa, portanto, saber que somos todos irmãos e formamos o povo santo sacerdotal; somos filhos de um único Deus, cuja misericórdia atuante no Batismo é mais forte do que as nossas divisões”, observou ainda.

Por tudo isto, o Papa Francisco afirmou que todos os cristãos podem e devem anunciar a força do Evangelho, comprometendo-se juntos na realização das obras de misericórdia. “É uma missão comum a todos os cristãos transmitir aos outros a misericórdia que recebem de Deus, começando pelos mais pobres e abandonados”, pediu o Papa, na conclusão da sua catequese, deixando uma prece para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: “Durante esta Semana de Oração, rezemos para que todos nós, discípulos de Cristo, encontremos o modo de colaborar juntos para levar a misericórdia do Pai a cada parte da terra”.

 

2. O Papa Francisco visitou, na tarde do passado Domingo, 17 de janeiro, a Sinagoga Maior de Roma, cumprindo assim uma tradição das últimas décadas. Embora todo o diálogo religioso seja importante, sublinha Francisco, as relações com os judeus são de natureza especial. “No diálogo inter-religioso é fundamental que nos encontremos como irmãos e irmãs diante do nosso Criador e O louvemos, que nos respeitemos e apreciamos, aproximando-nos e colaborando. No diálogo judaico-cristão há um elo único e peculiar, em virtude das raízes judaicas do Cristianismo”.

Diante do rabino de Roma e das principais figuras da comunidade judaica de Roma, e referindo-se aos judeus como “caros irmãos mais velhos”, o Papa sublinhou a mudança de paradigma dos últimos 50 anos nas relações entre cristãos e judeus e citou um discurso seu, feito no passado dia 28 de outubro, quando recebeu uma delegação de representantes judaicos: “Devemos agradecer a Deus a verdadeira transformação que se deu nestes cinquenta anos nas relações entre cristãos e judeus. A indiferença e a oposição deram lugar à colaboração e boa vontade. De inimigos e estranhos transformamo-nos em amigos e irmãos. O Concílio, com a declaração ‘Nostra Aetate’, traçou uma via. ‘Sim’ à redescoberta das raízes judaicas do Cristianismo; ‘não’ a todas as formas de anti-semitismo e a condenação de todas as injúrias, discriminação e perseguição que deles derivam”, disse Francisco, citando, realçou depois o muito trabalho conjunto que os fiéis de ambas as religiões podem fazer, nomeadamente no combate à violência e ao terrorismo.

Francisco foi o terceiro Papa a visitar a Sinagoga de Roma, construída sobre as ruínas do antigo gueto judaico de Roma. João Paulo II fez a visita em 1986 e Bento XVI em 2010.

 

3. O Papa Francisco pediu aos refugiados e migrantes para não se deixarem vencer pelo desespero perante as dificuldades. As palavras do Papa tiveram lugar durante a oração do Angelus, no passado Domingo, 17 de janeiro, Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados. “Caros migrantes e refugiados, cada um de vós carrega uma história, uma cultura, valores preciosos. Infelizmente, muitas vezes, carregam também experiências de miséria, de opressão e de medo. A vossa presença nesta praça é sinal da esperança em Deus. Não deixem que vos roubem essa esperança e alegria de viver, que brotam da experiência da divina misericórdia e também graças às pessoas que vos acolhem e ajudam”, sublinhou.

Os migrantes presentes em Roma foram convidados a participar na Missa e a passar a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. “A passagem da Porta Santa e a Missa que daqui a pouco viverão encherão os vossos corações de paz”, garantiu o Papa.

 

4. O Papa Francisco desafia os jovens irem contracorrente, numa carta em que convida os mais novos a abraçar o Jubileu da Misericórdia. Francisco gostaria de os convidar, um por um, para o Jubileu dos adolescentes, previsto para o próximo mês de abril, e de chamar cada um pelo nome, “tal como Jesus faz todos os dias”. “Estão todos convidados para este momento de alegria”, escreveu o Papa. Mais importante do que “preparar as mochilas e os dísticos”, é preparar “o coração e a mente”, salienta. “Crescer na misericórdia é aprender a ser corajoso no amor prático e desinteressado, significa tornar-se grande tanto no aspeto físico, como no íntimo de cada um. É um tempo de preparação para ser cristão capaz de opções e gestos corajosos e também de construir um mundo de paz, mesmo nas pequenas coisas”, refere Francisco. O Papa revelou ainda aos adolescentes um segredo para avançar no caminho e fortalecer o coração: “Permaneçam firmes e tenham esperança no Senhor. Porque Ele dá-nos coragem para ir contracorrente”.

A mensagem não esquece os adolescentes que vivem em contextos de guerra, de pobreza extrema, de abandono ou sérias dificuldades. “Não percais a esperança”, pede-lhes Francisco, “não acrediteis nas palavras de ódio e terror que se repetem com frequência. Sejam corajosos, contracorrente; sede amigos de Jesus, que é o Príncipe da Paz”.

 

5. O Papa convidou os sem-abrigo, presos e refugiados para uma tarde de circo. Foi no passado dia 14 de janeiro, no ‘Rony Roller Circus’, que disponibilizou dois mil lugares para o evento, e no final todos os convidados tiveram acesso a consultas médicas, de enfermagem e foi oferecido um lanche. O espetáculo iniciou com uma canção composta por um artista espanhol, sem-abrigo, que agradeceu ao Papa este “novo gesto de proximidade”.

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