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“Ignorar o sofrimento do homem significa ignorar Deus”
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O Papa quer cristãos próximos das pessoas. No Jubileu dos Adolescentes, Francisco falou do amor – “o bilhete de identidade do cristão” – e confessou jovens na Praça de São Pedro. Esta semana, lembrou ainda os padres e bispos sequestrados na Síria e escreveu aos reclusos.

 

1. O Papa Francisco pediu aos cristãos para não ignorarem o sofrimento humano, pois isso significa ignorar Deus. “Deus não nos ignora, conhece as nossas tribulações e sabe quando temos necessidade de ajuda e consolação. Não podemos ignorar o sofrimento humano pois isso significa ignorar Deus. O que significa ignorar o sofrimento do homem? Significa ignorar Deus… Se eu não me aproximo daquele homem, daquela mulher, daquela criança ou idoso, não me aproximo de Deus”, garantiu o Papa, durante a audiência-geral de quarta-feira, dia 27 de abril. Sublinhando que “a compaixão é uma característica essencial da misericórdia de Deus”, o Santo Padre lembrou depois a parábola do Bom Samaritano, para referir que amor significa querer cuidar do outro. “O samaritano faz-se próximo de quem precisa, ensinando que o amor significa querer cuidar do outro, amá-lo como a si mesmo. Assim o bom samaritano é uma figura do próprio Jesus, que se fez nosso servo para nos salvar”, afirmou Francisco, no final da sua catequese, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

 

2. A verdadeira felicidade não se descarrega como uma aplicação, nem depende de possuir as mais recentes tecnologias, explicou o Papa Francisco aos milhares de jovens que acorreram a Roma para participar no Jubileu dos Adolescentes, por ocasião do Ano da Misericórdia. “A vossa felicidade não tem preço, nem se comercializa; não é uma ‘app’ que se descarrega do telemóvel: nem a versão mais atualizada vos poderá ajudar a tornar-vos livres e grandes no amor”, frisou o Papa, no passado Domingo, 24 de abril.

Falando sobre a liberdade, Francisco esclareceu: “Muitos dir-vos-ão que ser livre significa fazer aquilo que se quer. Mas a isto é preciso saber dizer não. A liberdade não é poder fazer sempre aquilo que me apetece: isto torna-nos fechados, distantes, impede-nos de ser amigos abertos e sinceros; não é verdade que, quando eu estou bem, tudo está bem. Ao contrário, a liberdade é o dom de poder escolher o bem: é livre quem escolhe o bem, quem procura aquilo que agrada a Deus, ainda que custe”.

O Papa falou sobre o amor, recordando os jovens que este deve ser uma marca distintiva dos cristãos. “O amor é o bilhete de identidade do cristão, é o único ‘documento’ válido para sermos reconhecidos como discípulos de Jesus. O verdadeiro amigo de Jesus distingue-se essencialmente pelo amor concreto que brilha na sua vida”, lembrou.

 

3. No início do Jubileu dos Adolescentes, no sábado, dia 23, o Papa Francisco surpreendeu os jovens ao participar numa celebração penitencial, ouvindo de confissão. A Praça de São Pedro foi transformada num confessionário ao ar livre, com 150 sacerdotes prontos a ouvir os participantes, em várias línguas, ao longo de oito horas. De acordo com a Rádio Vaticano, o Papa confessou 16 jovens.

O Jubileu dos Adolescentes, em pleno Ano Santo da Misericórdia, reuniu em Roma 70 mil participantes, com idades entre os 13 e os 16 anos, provenientes de todas as dioceses de Itália e também de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. O programa de três dias foi estruturado em quatro momentos principais: a peregrinação à Porta Santa da Basílica de São Pedro, a Festa dos Adolescentes no Estádio Olímpico de Roma, ao fim do dia, a Missa com o Papa Francisco, no Domingo, e as Tendas da Misericórdia – sete praças no centro histórico de Roma acolheram estas tendas, com testemunhos sobre as obras de misericórdia espiritual e corporal.

 

4. O Papa Francisco não esquece os bispos e sacerdotes sequestrados na Síria ao longo dos últimos anos. Na terça-feira, dia 26, cumpriram-se três anos desde que foram raptados dois bispos ortodoxos nos arredores de Alepo. O carro em que circulavam o Arcebispo siríaco Yohanna Ibrahim e o Arcebispo greco-ortodoxo Boulos Yazigi foi travado por militantes que assassinaram o condutor e levaram os dois clérigos. Desde então nunca mais foram vistos. Para além dos dois bispos há alguns sacerdotes e religiosos que estão também desaparecidos, não se sabendo que sequer se ainda estão vivos. Entre estes inclui-se o padre jesuíta Paulo Dall’Oglio, que dedicou quase toda a sua vida à Síria e foi raptado em 2013 pelo Estado Islâmico. “Está sempre viva em mim a preocupação pelos irmãos bispos, sacerdotes e religiosos, católicos e ortodoxos, sequestrados há muito tempo na Síria. Que Deus misericordioso toque os corações dos raptores, e permita que, o quanto antes, os nossos irmãos sejam libertados e possam voltar às suas comunidades. Para isso, convido todos a rezar, sem esquecerem as outras pessoas que foram raptadas no mundo”, disse Francisco, durante a oração do Regina Coeli, no Domingo, em Roma.

 

5. Numa carta enviada à prisão de Velletri, nas proximidades de Roma, o Papa convidou os reclusos a manterem acesa a luz da esperança. “Não vos fecheis no passado; transformai-o em caminho de crescimento, de fé e de caridade. Dai a Deus a possibilidade de fazer-vos brilhar através desta experiência”, escreveu Francisco, em resposta à mensagem recebida do Bispo D. Marcello Semeraro, aquando da sua visita à prisão, no dia 5 de março, para celebrar a Eucaristia. “Agradeço por pensarem em mim no meio das dificuldades da vossa vida atual. Confesso que eu também muitas vezes penso em vós e nas pessoas que vivem nas prisões. É por isso que quando faço visitas pastorais, peço sempre – quando é possível – para encontrar irmãos e irmãs como vós, que vivem uma liberdade com limites, para levar o meu carinho e a minha proximidade. Vós viveis uma experiência na qual o tempo parece estar parado, parece que não passa nunca, mas a dimensão real do tempo não é a do relógio. Estai certos de que Deus nos ama pessoalmente; para Ele a vossa idade e cultura não têm importância, nem mesmo o que vós fostes, as coisas que fizestes, as metas que alcançastes, os erros que cometestes, as pessoas que feristes”, garantiu a missiva do Papa. “Na história da Igreja, muitos chegaram à santidade através de experiências duras e difíceis”, conclui Francisco, fazendo um convite aos 505 prisioneiros: “Abri a porta do vosso coração a Cristo e será Ele a reverter a vossa situação”.

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