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Peregrinação Aniversária das Aparições, em Fátima
“Portugal nunca se entendeu sem Santa Maria”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, enalteceu a ligação de Nossa Senhora a Portugal. As celebrações dos 99 anos das aparições ficaram marcadas pelo regresso ao santuário da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que no último ano percorreu o país, e pela consagração das dioceses portuguesas ao Imaculado Coração de Maria.

 

A ligação de Nossa Senhora a Portugal foi sublinhada pelo Cardeal-Patriarca, no dia 13 de maio, em Fátima. “Quando o Evangelho chegou ao que é hoje a nossa terra portuguesa, o envolvimento maternal de Maria foi somando referências, que dela passaram para as nossas etapas coletivas, como que as garantindo muito mais. Se era sobretudo a sua “maternidade expectante” (18 de dezembro) quando estávamos para nascer como povo, foi a “assunção” (15 de agosto) quando crescemos e a “imaculada conceição” (8 de dezembro) quando nos restaurámos. Revemo-nos hoje, com a Mensagem de Fátima, no Imaculado Coração de Maria. E aqui estamos no seu lugar de excelência, agradecendo com Maria os muitos dons que nos obteve do Céu, como Mãe e Padroeira”, manifestou D. Manuel Clemente, reforçando: “Estando nós em tempo de grandes indefinições culturais, lembro tão-somente que Portugal nunca se entendeu sem Santa Maria, cuja “terra” é. E adianto ainda que só por grande distração ou preconceito não se notará o que aqui sucede há um século quase, neste chão bendito da Cova da Iria”.

Nesta celebração, onde de acordo com o Santuário de Fátima participaram 180 mil peregrinos, o Cardeal-Patriarca descreveu ainda o maior ‘segredo’ de Fátima. “Gerações somamos de peregrinação, em tempos de guerra e em tempos de paz, em horas de dor e ainda de esperança, por si, pelos seus e por muitos outros. Porque em tantos lugares continua a vida, pessoal ou pública, como sempre acontece. Buscam-se soluções, tomam-se medidas, de acerto variável… Mas, aqui em Fátima, antes, durante e depois disso e muito mais, cumpre-se o legado do Senhor na Cruz: temos uma mãe, pulsa um coração. Uma mãe que, sendo de Jesus, o é de nós todos. Um coração em que cabem e se sublimam os de todas as mães. Será esse talvez o maior “segredo” de Fátima. E assim mesmo atrai, assim mesmo perdura”.

A celebração do 13 de maio, nos 99 anos das aparições em Fátima, foi concelebrada por 28 bispos e 380 sacerdotes, com D. Manuel Clemente a apontar que “sem Maria não houve Cristo no mundo e sem Maria não há Igreja de cristãos”. “Misericórdia, Igreja e Maria são expressões maternas do amor envolvente, em torno de Cristo e do seu Coração: ao Sagrado Coração de Jesus pelo Imaculado Coração de Maria, assim resumiremos a devoção cristã – e a própria mensagem de Fátima. Neste lugar bendito, como nas nossas comunidades e famílias, a devoção mariana não distrai do mesmo Cristo, que afinal a autoriza. Mas tem de lhe obedecer estritamente: “Eis aí a tua mãe!” é uma indicação precisa, como Ele a dá ao discípulo, que nos representa a todos. A exegese, a teologia, o magistério e a vida do Povo de Deus ajudar-nos-ão a dar-lhe o valor devido, mas nunca dispensável”, acrescentou. O Cardeal-Patriarca sublinhou ainda que “são os próprios Papas a insistirem neste “lugar” materno e mariano, como imprescindível para nos concentrarmos em Deus, como se revelou em Cristo”.

 

Alegria e emoção

A Peregrinação Internacional Aniversária, que assinalou o 99º aniversário da primeira aparição de Maria, ficou também marcada pelo regresso ao santuário da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima que no último ano percorreu todas as dioceses portuguesas. No final da celebração, o Bispo de Leiria-Fátima falou de um momento “cheio de alegria e de particular emoção” e recordou as “multidões significativas” que levaram “alegria, entusiasmo, carinho e emoção” às dioceses. Para D. António Marto, a iniciativa convidou os católicos a levar a “ternura e misericórdia” de Deus a todas as periferias onde há “sofrimento” que necessite de “solidariedade” e de paz. O prelado agradeceu ainda aos milhares de pessoas que se empenharam na visita da Imagem Peregrina, para que esta fosse “uma bênção para Portugal”. “Parabéns querido povo católico de Portugal pelo teu testemunho de fé”, referiu o Bispo de Leiria-Fátima.

 

Coincidência com a verdade evangélica

Na celebração noturna de 12 de maio, após a procissão das velas, o Cardeal-Patriarca de Lisboa manifestou admiração pela coragem, solidariedade e compaixão dos peregrinos. Perante milhares de pessoas que marcaram presença na Cova da Iria, D. Manuel Clemente expressou a sua estima e admiração a todos os que têm “a coragem de sair de casa e fazer-se à estrada, persistindo, rezando e ansiando por chegar aqui”. “Como Maria a caminho da casa de Isabel, fostes transportados por sentimentos de solidariedade e compaixão, nas intenções que trazíeis e mantendes. Por algum familiar ou amigo, que espera saúde, trabalho ou paz. Por motivos coincidentes, em relação à paz no mundo e a tudo o que a contraria ou demora”, declarou. Na sua homilia, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa salientou que “também foram sentimentos assim que trouxeram Maria aos Pastorinhos”.

A um ano do centenário das aparições de Fátima, o Cardeal-Patriarca lembrou depois as recomendações de Nossa Senhora aos três Pastorinhos. “Que se convertessem, por si e pelos outros; que rezassem pela paz e advertissem da guerra; que mostrassem em si mesmos o que devemos ser todos, como crianças e filhos diante de Deus, simples e fraternos diante dos homens”, apontou D. Manuel Clemente, fazendo ainda referência à provável visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima para a celebração do centenário das aparições, em 2017: “Por isso valeu Fátima, há quase cem anos. Por isso vale agora, na mesma razão. Temos muitas razões para lhe dar crédito, como o fez a autoridade eclesiástica em 1930 e os sucessivos Papas em pronunciamentos e visitas a este santuário – como o Papa Francisco no próximo ano. A verdade garantida de Fátima está na sua coincidência com a própria verdade evangélica”.

 

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Consagração das Dioceses Portuguesas ao Imaculado Coração de Maria

 

Bem-Aventurada Virgem Maria,

Senhora do Rosário de Fátima,

na vossa imagem visitastes cada uma das dioceses de Portugal,

chamando-nos à oração, à conversão e à confiança,

e permitindo-nos contemplar em vós a presença amorosa

de Deus que vem ao nosso encontro.

 

Mãe de misericórdia,

Senhora do Rosário de Fátima

na vossa vida vemos a contínua presença da misericórdia feita carne,

Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Aqui, em Fátima, destes a conhecer o vosso Imaculado Coração,

ícone da misericórdia divina,

e lugar íntimo onde guardáveis e conserváveis

todos os mistérios da vida de Jesus:

dorido com a dor dos filhos

ele vem em auxílio daqueles que correm o perigo de cair no abismo;

revestido da luz de Cristo,

ele é refúgio nas dificuldades e caminho capaz de nos conduzir até Deus.

Animados pela vossa promessa,

queremos hoje renovar,

diante da vossa imagem,

a consagração das nossas dioceses ao vosso Coração Imaculado,

tal como o fizeram, pela primeira vez há 85 anos, neste mesmo dia,

os bispos portugueses.

 

“À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”,

e vos consagramos as nossas dioceses e o nosso país,

que ao longo dos séculos tem sentido a vossa presença protetora.

 

Mãe de bondade,

Senhora do Rosário de Fátima,

fazei que as nossas comunidades aprendam

do vosso Imaculado Coração

a escutar e a conservar a Palavra divina;

fazei que as nossas comunidades dele aprendam

as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar;

fazei que as nossas comunidades saibam dar testemunho

da fé e da esperança que as anima,

e se comprometam com a transformação do mundo

que habitam e que são chamadas a cuidar.

 

Protegei com a vossa solicitude maternal

a entrega de vida dos bispos, presbíteros, diáconos

e consagrados das nossas dioceses,

para que se possa realizar em cada um a vontade do Pai

e possam ser, no Espírito Santo, um louvor da Sua glória,

e um testemunho da Sua misericórdia.

 

Guardai com a vossa proteção as famílias,

sede para elas caminho para Deus,

ânimo nas provações e auxílio nas dificuldades.

 

Intercedei junto do vosso Filho

para que derrame a luz e a sabedoria do Espírito Santo

sobre os que governam o nosso país,

para que promovam a dignidade humana,

edifiquem uma sociedade justa e solidária,

construam a paz e protejam a vida.

 

Acompanhai com a doçura do vosso olhar materno

os mais frágeis da nossa sociedade:

as crianças, adolescentes e jovens;

os idosos, os doentes e todos os que estão dependentes;

os pobres e excluídos;

as vítimas de todas as formas de violência.

A todos acolhei, guardai, consolai e abençoai.

 

Mãe da Igreja,

Senhora do Rosário de Fátima,

aceitai a nossa consagração

para sermos cada vez mais fieis à condição de filhos de Deus:

vivificai a nossa fé;

amparai a nossa esperança;

animai a nossa caridade;

dai força a todo o desejo de bem;

e guiai-nos no caminho da santidade.

 

Bem-Aventurada Virgem Maria,

Senhora do Rosário de Fátima,

Mãe de misericórdia, Mãe de bondade e Mãe da Igreja,

Senhora do Coração Imaculado,

renovai a nossa disponibilidade para acolher os apelos

da Mensagem de Cristo que há quase 100 anos aqui proclamastes.

Amen!

 

+ Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca

13 de maio de 2016

  

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Peregrinação marcada (também) pelo novo altar

O novo Altar do Presbitério do Recinto de Oração do Santuário de Fátima foi a grande novidade da Peregrinação Aniversária de Maio. A obra fica 2,4 metros mais baixo do que o anterior, para se tornar mais próximo da assembleia, tem capacidade para 120 concelebrantes e tinha sido dedicado no Domingo anterior, 8 de maio, pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto.

A zona de intervenção da obra, que decorreu desde março do ano passado, ocupa parte do antigo presbitério – que foi desmobilizado –, as escadarias do recinto e a zona das colunatas. O presbitério é uma construção completamente nova, cujo projeto foi desenhado pelo arquiteto grego Alexandros Tombazis, autor do projeto da Basílica da Santíssima Trindade, e pela arquiteta Paula Santos e “pretende, no seu conjunto e em cada um dos seus elementos, ser também entendido como uma obra de arte e conseguir uma integração harmónica no espaço envolvente”, refere o santuário.

 

“O cristianismo, todo ele, é um ato de consagração”

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que a Consagração das Dioceses de Portugal a Nossa Senhora é uma forma de “retomar ao princípio”. Na conferência de imprensa que antecedeu as celebrações em Fátima, D. Manuel Clemente salientou que “o cristianismo todo ele é um ato de consagração”. “Com Jesus Cristo, nós devolvemo-nos a Deus, é isso que significa a consagração. Agora também, pelo coração da Mãe que Ele quis ter na Terra, esta consagração repete-se”, assinalou aos jornalistas, no dia 12.

O presidente da CEP referiu ainda que os bispos desconhecem de que forma é que o Papa vai concretizar a sua “intenção de vir a Fátima” em 2017, no centenário das aparições. Já o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, citou a intervenção do Papa sobre o 13 de maio, na audiência-geral dessa semana, e salientou que “não se compreende Fátima sem o Papa nem o Papa Francisco sem Fátima”.

 

Relógio em contagem decrescente para o Centenário das Aparições

O Santuário de Fátima inaugurou um relógio digital que regista, em contagem decrescente, o tempo até ao Centenário das Aparições, em maio de 2017. O Relógio do Centenário está situado numa das entradas do topo norte do recinto e informa sobre os dias, horas, minutos e segundos que faltam para o centenário da primeira aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos, explicou o reitor do santuário. “A partir dessa data, continuará, já não em contagem decrescente, mas para evocar os 100 anos de Fátima”, adiantou o padre Carlos Cabecinhas, na conferência de imprensa do passado dia 12 de maio, data em que ficaram concluídas as obras nos “percursos devocionais” junto aos túmulos dos videntes, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Uma intervenção que visou facilitar a “visita e a oração” dos peregrinos, com destaque para as imagens dos Beatos Francisco e Jacinta.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Santuário de Fátima
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