O Instituto Diocesano da Formação Cristã (IDFC), do Patriarcado de Lisboa, organizou, entre 1 a 3 de maio, um Seminário de Estudos Avançados sobre Pastoral Urbana. O texto que o Jornal VOZ DA VERDADE publica foi redigido pela organização, a partir das conclusões do encontro que vão ser entregues ao Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente.
No tempo presente mais de 50% dos habitantes do planeta reside em cidades e todos os indicadores apontam para um crescimento deste número nos próximos anos. A partir deste dado podemos afirmar que habitamos um planeta prevalentemente urbanizado, onde as regiões metropolitanas vão ganhando uma presença cada vez maior.
Nestes territórios as populações não pertencem só a um determinado local (rua, bairro, paróquia) e a mobilidade é uma das características mais evidentes.
A geografia urbana é cada vez mais heterogénea, concretizando-se num conjunto variado de habitats geográficos e culturais.
Tendo como ‘pano de fundo’ esta realidade, que transpareceu ao longo de todas as intervenções e debates, os participantes no Seminário foram convidados a formularem as principais verificações, a apresentarem os principais desafios delas decorrentes e a formularem aquelas que lhes parecem ser propostas pastorais capazes de responder a esses mesmos desafios.
Verificações
- A participação dos leigos na definição das prioridades e ritmos da vida da Igreja ainda é diminuta.
- A conversão pastoral, que é urgente iniciar nas comunidades cristãs, está também dependente da conversão dos pastores das mesmas. Sem o empenho e compromisso destes, nessa dinâmica de conversão, dificilmente se poderá concretizar este caminho.
- A linguagem que a Igreja utiliza para transmitir as suas propostas e dialogar com as pessoas não é facilmente compreendida pelas mesmas.
- É possível reconhecer na vida de um grande número de pessoas uma busca espiritual que não tem encontrado resposta clara no viver e agir das comunidades cristãs.
- A Igreja tem ainda dificuldade em compreender a realidade urbana e as múltiplas dinâmicas que nela estão presentes.
- Existe um certo receio em ensaiar caminhos novos e ousar novas propostas.
- O individualismo é uma marca cada vez mais presente na vida urbana, atingindo também a vida das comunidades cristãs.
- A realidade urbana é claramente marcada pela multiplicidade (lugares, dinâmicas, tempos, pertenças) pelo que só poderá ser bem compreendida a partir de múltiplas perspetivas e abordagens.
Desafios
- A Igreja está a ser convidada a assumir uma dinâmica de saída. Isso lhe está a pedir a Cidade e a isso a impele o Evangelho. Mas como concretizar essa saída? Como chegar aos outros? Para isso tem de conhecer bem a realidade, mas como conhecer essa realidade que muda constantemente?
- Apesar das dificuldades inerentes à saída a Igreja é convidada e interpelada a assumir-se como co-construtora da Cidade. Como concretizar e realizar este contributo a partir de uma atitude de amor e compromisso com a cidade, pro-ativamente e, não apenas, porque tem de o fazer, por não ter alternativa, ou como reação de defesa a um mundo em contínua mudança?
- Este compromisso com a Cidade exige uma constante atitude de disponibilidade. Como concretizar a abertura, a escuta, o acolhimento, a capacidade de integração que essa disponibilidade exigirá?
- Que Deus vive na cidade é também uma constatação da fé cristã. Isso exige que o exercício de olhar a Cidade tenha de ser diferente, tendo como objetivo (re)descobrir a presença de Deus que a habita. Como realizar esse olhar contemplativo? Que atitudes se devem implementar? Que competências são necessárias desenvolver a esse nível?
- Deus habita a Cidade não apenas nas nossas comunidades. Ele não está só presente nas nossas atividades. Como (re)descobri-lo e visibilizá-lo para além dessas realidades e experiências? Como (re)descobrir e responder à sua presença na vida dos pobres e descartados?
- Que novas linguagens são necessárias (re)aprender para poder tornar compreensível, em fidelidade, a mensagem do Reino de Deus?
Propostas Pastorais
- Para responder aos desafios pastorais que hoje se levantam no contexto de uma realidade eminentemente urbana é necessário implementar, favorecer e agilizar iniciativas sinodais que sejam também capazes de integrar, para além dos paroquiais, os diversos dinamismos presentes na Diocese.
- A renovação pastoral, inerente ao desafio de uma Igreja em saída, está a exigir, no contexto da realidade urbana em que vivemos, um olhar e um agir global a partir da(s) perspetiva(s) e do lugar(es) que é a Cidade. Não é mais sustentável ter uma visão e uma proposta pastoral, pensada só a partir de cada paróquia e para o território de cada paróquia.
- Esta renovação implicará certamente a reformulação dos órgãos de ação pastoral (ex. Secretariado de Ação Pastoral) que deverão também ser reestruturados (suprimidos, mudados, criados) no sentido de um maior e mais eficaz envolvimento e responsabilização dos leigos.
- Para poder responder aos múltiplos desafios que constantemente se levantam urge criar uma equipa de observação e análise da realidade que, a partir de distintos registos e áreas do conhecimento, seja capaz de ir identificando esses mesmos desafios e apontando possíveis caminhos de solução, recorrendo à divulgação periódica de indicadores para esse fim.
- A dinamização de uma renovada catequese de adultos revela-se como um elemento fundamental na formação de um laicado adulto e maduro, capacitado para responder, em corresponsabilidade, aos desafios que se levantam.
- A credibilidade da ação da Igreja está hoje intimamente ligada à sua opção e compromisso pela promoção e dignificação do ser humano em todas as dimensões, dando uma especial atenção àquelas situações de maior vulnerabilidade e fragilidade. A renovação da pastoral, que se procura dinamizar, não pode ignorar esta dimensão fundamental, pelo que o compromisso com os pobres e descartados tem de ser um traço bem visível em toda essa reflexão e ação.
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