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Papa reza pelas vítimas do “feroz ataque terrorista” em Istambul
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O Papa Francisco rezou “pelo estimado povo turco”. Na semana em que assinalou os 65 anos de sacerdócio do Papa Emérito Bento XVI, Francisco lamentou a guerra e divisão na Europa e visitou a Arménia, onde homenageou as vítimas do genocídio.

 

1. O Papa Francisco rezou, esta quarta-feira, pelas vítimas do atentado na Turquia. “Ontem à tarde, em Istambul, ocorreu um feroz ataque terrorista que matou e feriu muitas pessoas. Rezemos pelas vítimas, pelos seus familiares e pelo estimado povo turco. Que o Senhor converta os corações dos violentos e sustente os nossos passos no caminho da paz”, pediu Francisco, no final da oração do Angelus, no dia da Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, 29 de junho. Francisco convidou depois os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro a rezar “em silêncio”, durante alguns instantes.

Antes desta oração, o Papa assinalou o dia dos padroeiros de Roma, celebrando Missa com arcebispos de todo o mundo. Na homilia, Francisco alertou para a “tentação” da Igreja se “fechar em si mesma” com “medo dos perigos”, lembrando que só com oração se poderão ultrapassar as dificuldades. Na celebração, o Papa entregou o pálio aos 25 novos arcebispos metropolitas de todo o mundo e fez uma saudação especial à delegação enviada pelo Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I.

 

2. O Papa Francisco disse que Bento XVI e o seu exemplo lhe dão “força”, tanto a ele como “a toda a Igreja”. Francisco encontrou-se com o Papa Emérito, na Sala Clementina, no Vaticano, nesta terça-feira, 28 de junho, véspera de Bento XVI celebrar os 65 anos da ordenação sacerdotal.

Um prolongado abraço abriu o encontro, marcado pela emotividade e durante o qual Francisco sublinhou que o seu antecessor continua a ajudar a Igreja, “ao viver e testemunhar hoje, de modo tão intenso e luminoso, a única coisa verdadeiramente decisiva, que é ter o olhar e o coração dirigido para Deus”. “Vossa Santidade continua a servir a Igreja e não deixa de contribuir verdadeiramente, com vigor e sabedoria, para o seu crescimento”, realçou Francisco, destacando que Bento XVI o faz “a partir do pequeno Mosteiro Mater Ecclesia, no Vaticano, que desta forma se revela ser bem diferente daqueles lugares esquecidos para onde a atual cultura do descarte costuma arrumar as pessoas de idade quando lhes faltam as forças. É exatamente o contrário, e permita que o diga, com toda a força, o seu sucessor que escolheu chamar-se Francisco”. “Quis a providência que vós, meu querido irmão, permaneçais num lugar – por assim dizer – propriamente franciscano, do qual brota uma tranquilidade, uma paz, uma força, uma confiança, uma maturidade, uma fé, uma dedicação e uma fidelidade que me fazem tão bem e me dão força, a mim e a toda a Igreja”, terminou o Papa Francisco.

Sorridente, com ar frágil e mais magro, Bento XVI fez questão de agradecer, no final, numa intervenção não prevista, feita de improviso e centrada na palavra grega “gratidão” e nos seus significados humano e divino.

 

3. No voo de regresso da Arménia, onde esteve de 24 a 26 de junho, o Papa falou do Brexit, lamentando que haja guerra e divisão na Europa. “Já há guerra na Europa, já persiste no ar a divisão e não só na Europa, mas dentro dos próprios países, basta pensar na Catalunha e, no ano passado, a Escócia. Não digo que estas divisões sejam perigosas, mas devemos estudá-las bem, antes de dar um passo a favor da divisão, falar bem uns com os outros e procurar soluções viáveis”, afirmou o Papa, acrescentando: “Não sei, nem estudei os motivos que levaram o Reino Unido a tomar esta decisão [de sair da União Europeia], mas, para mim, a unidade é sempre superior ao conflito. Claro que há diversos modos de unidade. E também a fraternidade é melhor que a inimizade e que as distâncias; as pontes são melhores do que os muros”.

 

4. O Papa Francisco e o líder da Igreja da Arménia, Karekin II, assinaram, no passado Domingo, dia 26, uma declaração conjunta em que condenam a perseguição religiosa e apelam à paz e reconciliação. A declaração, que marcou o fim da visita de três dias do Papa à Arménia, retoma a condenação do extermínio de um milhão e meio de cristãos arménios no início do século XX e manifesta tristeza pela atual situação dos cristãos no Médio Oriente. “Somos testemunhas de uma tragédia imensa em que inúmeras pessoas são mortas, deslocadas ou forçadas a um doloroso e incerto exílio por conflitos étnicos, económicos, políticos e religiosos no Médio Oriente e noutras partes do mundo. Em resultado disso, as minorias étnicas e religiosas tornaram-se o alvo de perseguição e de tratamento cruéis. Os mártires pertencem a todas as Igrejas e o seu sofrimento constitui um ecumenismo de sangue que ultrapassa as divisões históricas entre cristãos, chamando-nos a promover a unidade visível entre os discípulos de Cristo”, escreveram os dois líderes religiosos.

No último dia da viagem, ficou também evidente o profundo desejo de unidade e comunhão entre a Igreja de Roma e a Igreja Apostólica Arménia, que celebrou ao ar livre, excecionalmente e em honra do Papa, com máxima solenidade, a Divina Liturgia (o equivalente à Missa da Igreja Católica de rito romano). Durante a celebração, Francisco foi convidado a discursar, manifestando anseios de unidade e desejos de um futuro sem divisões. “Escutemos as gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado”, pediu o Papa, realçando que a união entre os cristãos não pode ser submissão, nem absorção, mas sim “acolhimento”. “Que a Igreja Arménia caminhe em paz e a comunhão entre nós seja plena”, desejou. Para Karekin II, “a raiz do mal na vida atual está na tentativa de construir um mundo sem Deus”.

 

5. O Papa pediu, na manhã de sábado, dia 25, que nunca mais se assista a tragédias como a do genocídio dos arménios – um massacre de cerca de um milhão e meio de pessoas que, 100 anos depois, não é reconhecido pela Turquia. Francisco esteve no memorial às vítimas e escreveu no livro de honra do memorial que “a memória é fonte de paz no futuro”. “Aqui rezo, com dor no coração, para que nunca mais haja tragédias como esta, para que a humanidade não esqueça e saiba vencer o mal com o bem”, escreveu, pelo seu punho, numa mensagem no Livro de Honra deste memorial.

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