Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
O mundo que gira...
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Como o mundo gira à nossa volta e temos dificuldade em o acompanhar!

Estive durante alguns dias fora do país, acompanhando uma peregrinação paroquial a diversos lugares de Itália, em contexto de Ano da Misericórdia. No decorrer desses dias, para além de tudo o que experimentámos e vivemos no ambiente da referida peregrinação, acompanhámos, também, à distância, a vitória portuguesa no Euro 2016. Nas nossas caminhadas e visitas locais uma bandeira nacional nos guiava e, diante dessa, muitas manifestações de alegria e saudações estrangeiras nos eram feitas pelo resultado entre quatro linhas.

Durante a mesma viagem cortou-se-nos, ainda, a respiração pelo atentado perpetrado em Nice, França, que rapidamente fez ressurgir sentimentos de insegurança e de medo, em qualquer lugar.

Nas televisões internacionais despoletavam-se diretos, comentários, imagens gravadas repetidas, vezes sem conta. Imagino a satisfação de quem por de trás destes atos se sente vitorioso pelo impacto que consegue causar. Por vezes questiono-me, também como jornalista, até que ponto não será prejudicial o destaque mediático dado a estas situações trágicas e dramáticas? Não poderá o acompanhamento exaustivo da notícia tornar-se propaganda de um ideal, de uma forma de agir, para tantos que, na sua fragilidade, se deixam envolver pelo mal? Sei que é dever do jornalista informar e que hoje muito facilmente se colocam imagens em direto, mas não poderia ser repensado, nas redações, o modo de o fazer?

Há poucos dias, também, foi lançado um jogo electrónico para telemóvel que, sinceramente, me causa preocupação. O ‘Pokémon Go’ é um jogo que se serve da chamada realidade aumentada levando a que os seus jogadores percorram muitos caminhos à procura de uma criatura estranha que querem caçar. Não me detenho na filosofia do jogo que pouco conheço mas, do que já li e tenho visto, esta é uma ‘epidemia’ que já se alastrou em todo o mundo e que já causou vítimas pela distração que provoca. Ainda com tão pouco tempo de vida e, também em Portugal, já existem comunidades organizadas para este jogo; já se marcam caminhadas para caçar os referidos pokémons; na televisão já se caçou em estúdio e em direto; a PSP já sentiu a necessidade de publicar um manual de instruções para jogar em segurança e nas redes sociais o que mais se vê é referências a este jogo. Tudo isto nos faz perceber a dimensão desta aplicação de entretenimento que já é moda e que, como tal, acredito que em breve passará. Mas por detrás disto está um grande negócio de uma empresa que já viu crescer em muito os seus lucros e o valor na Bolsa. Mais uma vez o negócio, o dinheiro, tem a criatividade para fazer mover massas com destinos que são ainda incertos. Tudo passa por uma realidade que é virtual mas que cria uma realidade concreta que pode tornar-se perigosa. Espero pelo desenvolvimento e pelo evoluir destas caçadas.

Em fecho de época, estas são questões que me surgem e que partilho aqui, agora que me preparo, também, para partir para Cracóvia, para a Jornada Mundial da Juventude. Este será um momento de encontro, de convívio, de festa, de partilha de fé e, acima de tudo, de testemunho. Ali sabemos efetivamente quem procuramos!

 

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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