O Papa Francisco lembrou aos catequistas que “não há conteúdo mais importante” do que “o anúncio principal da fé: o Senhor ressuscitou”. No Jubileu dos Catequistas, em Roma, Francisco pediu ainda a estes transmissores da fé para serem “sensíveis aos pobres”.
“Neste Jubileu dos Catequistas, pede-se-nos para não nos cansarmos de colocar em primeiro lugar o anúncio principal da fé: o Senhor ressuscitou. Não há conteúdos mais importantes, nada é mais firme e atual. Cada conteúdo da fé torna-se perfeito, se se mantiver ligado a este centro, se for permeado pelo anúncio pascal; mas se, pelo contrário, se isolar, perde sentido e força”, começou por lembrar o Papa Francisco, na homilia da celebração de encerramento do Jubileu dos Catequistas, em Roma, no passado Domingo, 25 de setembro.
Na Praça de São Pedro, na Missa concelebrada por D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa, e onde participaram também cerca de 700 catequistas portugueses, Francisco recordou depois o mandamento novo de Jesus: «Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). “É amando que se anuncia Deus-Amor: não à força de convencer, nunca impondo a verdade nem mesmo obstinando-se em torno de alguma obrigação religiosa ou moral. Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho. Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem comunica-se através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer bonitos sermões. O Deus da esperança anuncia-Se vivendo no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de o testemunhar inclusive com novas formas de anúncio”, apontou.
A doença da mundanidade
Refletindo sobre o Evangelho daquele Domingo, da parábola do homem rico e do pobre Lázaro, o Papa condenou o “estrabismo” de quem admira os famosos mas ignora os pobres. “A mundanidade é como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no próprio eu. Então só se veem as aparências e não nos damos conta dos outros, porque nos tornamos indiferentes a tudo. Quem sofre desta grave cegueira, assume muitas vezes comportamento «estrábicos»: olha com reverência as pessoas famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor”, manifestou o Papa, convidando depois os cristãos a fazerem a história: “Na parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a sua vida cai esquecida, porque quem vive para si mesmo não faz a história. E um cristão deve fazer a história; deve sair de si mesmo, para fazer a história. Mas quem vive para si mesmo, não faz a história. A insensibilidade de hoje escava abismos intransponíveis para sempre. E hoje caímos nesta doença da indiferença, do egoísmo, da mundanidade”.
Para Francisco, esta parábola de Lázaro é “uma válida lição”. “Como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes ou lastimosos. Não sejamos profetas da desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus”.
Alegria e atenção
Dirigindo-se aos catequistas de todo o mundo que encheram a Praça de São Pedro, no Vaticano, para o Jubileu dos Catequistas, em pleno Ano Santo da Misericórdia, o Papa pediu a estes transmissores da fé para estarem atentos. “Quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe, tem pela frente horizontes, e não um muro que o impede de ver; vê longe porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao mesmo tempo, vê bem ao perto, porque está atento ao próximo e às suas necessidades”, salientou. “Hoje o Senhor pede-nos isto: face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: «Ajudar-te-ei amanhã, hoje não tenho tempo, ajudar-te-ei amanhã». E isto é um pecado. O tempo gasto a socorrer os outros é tempo dado a Jesus, é amor que permanece: é o nosso tesouro no céu, que nos asseguramos aqui na terra”, manifestou o Papa, pedindo ainda aos catequistas para se tornarem “sensíveis aos pobres, que não são um apêndice do Evangelho, mas página central, sempre aberta diante de todos”.
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