Jornal Voz da Verdade

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30.10.2016

Domingo |

� procura da Palavra

Perdidos e achados

DOMINGO XXXI COMUM Ano C
“Zaqueu, desce depressa,
que Eu hoje devo ficar em tua casa.”
Lc 19, 5

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N�o � preciso estar muito atento para vermos os desperd�cios que a humanidade vai produzindo. Pode ser o lixo, que alguns dias de greve faz acumular, e o excesso de coisas “recuper�veis” que nele encontramos, mas � tamb�m esta sociedade “descart�vel” que corre o risco de chegar �s pessoas com facilidade. Podemos falar ainda do que se perde e deseja encontrar (coisas, tempo, amigos...) e daquilo que, simplesmente, deixa de nos fazer falta. Por j� ter recorrido aos servi�os de “perdidos e achados” de alguns lugares, e algumas vezes ter recuperado o que perdera (�culos, carteira, chaves, telem�vel...) penso que esta � uma das especialidades de Deus: procurar e encontrar o que estava perdido. E fazer a festa da alegria!

� f�cil colar o r�tulo a algu�m: “� um perdido”! E tamb�m estabelecer a fronteira entre a perdi��o e as pessoas de “bem”. Mas o que sabemos n�s dos “perdidos” da nossa cidade? Como os conhecemos antes de cair na f�cil condena��o? Por isso Jesus h�-de sempre surpreender-nos na escolha das casas onde “precisa ficar”, nos grupos com quem deseja “andar”.

Zaqueu era certamente grande na riqueza, mas pequeno em tudo o mais: na estatura (quem n�o conhece o gozo entre os mi�dos pelos baixinhos?), na religi�o (excomungado da sinagoga e dos ritos pela profiss�o de cobrador de impostos), e na simpatia (certamente a gan�ncia e a intransig�ncia se tinham tornado um h�bito). Mas “procurava ver quem era Jesus”. N�o apenas “ver Jesus”, mas “quem” Ele era. E assim disp�s-se ao encontro, longe de saber que Jesus tamb�m o procurava. N�o ser� tamb�m assim com tantos que se sentem exclu�dos de religi�es e igrejas, de grupos e fam�lias? Enfrentou aquilo que o “apequenava” e revelou-se toda a grandeza que s� Deus conhecia: subiu a uma �rvore, desceu com alegria, abriu a Jesus a sua casa, e mudou a sua vida e a de outros. Naquela cidade de Jeric�, uma das mais antigas da humanidade, 258 metros abaixo do n�vel do mar, ensaiou-se a ressurrei��o que iria acontecer em Jerusal�m, 760 metros acima do mesmo n�vel do mar. O imposs�vel para os homens, especialmente quem � “especialista da condena��o”, � poss�vel para Deus: salvar o que estava perdido n�o � perda de tempo!�

O que se passou naquele encontro? O que disse e escutou Zaqueu? Abriu o cora��o? Ouviu serm�es e an�ncios de que iria para o inferno? De onde veio a alegria da medida desmesurada com que pensou no que ia dar aos outros? Nada nos diz S�o Lucas, mas algo se passou. �nico, como � para cada um de n�s descobrir o amor de Deus. E por isso � t�o dif�cil reconhecer esse encontro, quando continuamos a colar r�tulos de “perdido” em tantos exclu�dos. Quando usamos a palavra “miseric�rdia” como um cachecol para defesa do frio, ou um distintivo para pregar na lapela! Sem que ela nos aque�a o cora��o e nos solte l�grimas nos olhos! Que alegria aflora em n�s por Deus nos encontrar? E por acharmos outros que se sentiam perdidos?

P. V�tor Gon�alves