Lisboa |
Fórum das Missões
Em nome de Jesus
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‘Os missionários junto dos refugiados e nas zonas de conflito’ foi o tema do painel MISSÃO NO LIMITE! do Fórum das Missões. Duas convidadas, Ana Varela e Catarina Martins, ambas de 44 anos, católicas, casadas e com dois filhos cada, numa conversa com moderação de Isabel Figueiredo, da Coordenação de Conteúdos da Renascença. “Os refugiados são famílias como as nossas”, alertou, desde logo, a moderadora.

 

“Em cada refugiado, está a humanidade inteira”

Ana Varela

Quando era jovem participou em vários projetos de missão em Cabo Verde, mas chegada à vida profissional era uma advogada “muito triste” com o rumo que a sua vida estava a tomar. Apesar do voluntariado e das orações, Ana Varela “sentia um vazio inexplicável, sentia que não estava a cumprir o que Deus” tinha para si. Após ir à Igreja dos Mártires, no Chiado, a sua vida mudou. Ana despediu-se da empresa de consultoria e, passados três meses, inicia trabalho no Conselho Português para os Refugiados. “Hoje, sou um bocadinho de todas as pessoas que conheci. Pessoas de vários países e de várias origens, sabendo que em cada pessoa, em cada refugiado, está a humanidade inteira. São verdadeiramente nossos irmãos e irmãs. São histórias de coragem inacreditável. A esperança, a força, a alegria e a fé destas pessoas têm sido uma lição de vida”, descreveu, reconhecendo: “Sou uma privilegiada, mas neste trabalho conheci o melhor e o pior que a humanidade tem. A vida só tem sentido quando damos. O amor é o mais importante de tudo”. No Fórum das Missões, Ana lembrou a sua recente viagem à Grécia, sublinhou que tem procurado mostrar aos filhos “o que é mais importante” e congratulou-se pelo facto de a sua paróquia, Algés-Miraflores, ter “acolhido recentemente uma família de refugiados, como pediu o Papa Francisco”.

 

“Estar junto dos cristãos perseguidos e apoiá-los”

Catarina Martins

Formada em Engenharia Biotecnológica, Catarina Martins é, desde há dez anos, diretora da Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre). “Deus colocou-me, por acaso, neste caminho. Nos anos 90, quando iniciei voluntariado na fundação, não sabia que havia cristãos perseguidos. Foi nessa altura que deixei tudo e surgiu a oportunidade de trabalhar a tempo inteiro com os cristãos perseguidos”, contou. Encarando o seu trabalho como “uma missão de dar a conhecer e partilhar as informações” que recebe diariamente, Catarina destacou “os testemunhos de fé extraordinários”. “Apesar de saberem que podem ser apanhados, capturados, ir para a prisão, ser torturados ou até mortos por irem à Missa, não é isso que faz os cristãos perseguidos deixar de ser cristãos e de dar testemunho”, frisou. Marcada pelas viagens ao Iraque e ao Líbano, Catarina Martins sublinhou no Fórum das Missões que a Fundação AIS quer “estar junto dos cristãos perseguidos e apoiá-los”. “Hoje, em 2016, arriscamos deixar de ver cristãos em países como o Iraque ou a Síria, que não são países quaisquer mas onde está o berço do cristianismo. Cada um de nós, cristãos do ocidente, tem a obrigação de não ficar a dormir e ser, todos os dias, testemunho de Jesus”, apelou, lembrando que “os cristãos perseguidos olham para Deus com confiança total”.

  

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MISSÃO POSSÍVEL – projetos de missão apresentados no Fórum das Missões

 

Jovens Sem Fronteiras

As jovens Luísa e Raquel apresentaram o movimento dos Jovens Sem Fronteiras, ligado à congregação dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos) e fundado em 1983, que tem como primeiro campo de missão as paróquias onde está inserido. Organiza encontros, retiros, formações e atividades missionárias como as Semanas Missionárias, em Portugal, que duram dez dias. “Em cada ano acontecem várias Semanas Missionárias, sobretudo em aldeias portuguesas”, destacou Luísa, enquanto Raquel, que esteve na Guiné-Bissau há dois anos, testemunhou o projeto ‘Ponte’, que acontece além-fronteiras uma vez por ano, durante todo o mês de agosto: “As ‘Pontes’ acontecem nos países lusófonos e são um projeto de partilha, aprendizagem, onde é muito partilhada a forma de viver a fé da Igreja, nos diferentes locais do mundo”.

 

 

Missão Vicarial de Loures-Odivelas

Foi em 2005, na sequência do ICNE - Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que um grupo de leigos das 14 paróquias da Vigararia de Loures - Odivelas (Bucelas, Caneças, Famões, Fanhões, Frielas, Loures, Lousa, Odivelas, Póvoa de Santo Adrião, Ramada, Santo Antão do Tojal, Santo António dos Cavaleiros, Santo Estêvão das Galés e São Julião do Tojal) começou a organizar a Semana de Missão. Fátima, da Póvoa de Santo Adrião, destacou que, anualmente, “as paróquias, todas juntas”, promovem missão numa das 14 paróquias para “fazer Jesus nascer e viver” na sociedade. “Naquela semana, vivemos um espírito de comunhão. Não somos a paróquia da Póvoa, de Odivelas ou da Ramada, mas é toda a vigararia em união”, apresentou, sublinhando que cada setor da pastoral “constrói um programa de partilha” para dentro e fora da Igreja.

 

 

Famílias em Missão, do Caminho Neocatecumenal

Casados há 16 anos, Carla e João têm cinco filhos, pertencem à paróquia da Brandoa e partiram em missão há dois anos para a Alemanha, “no norte, numa zona pagã”, com o Caminho Neocatecumenal. Carla garantiu ser “muito bom viver em família noutro sítio”, mesmo “não sabendo alemão”. “O Senhor é o mesmo”, lembrou. O marido, João, apontou “o chamamento de ir em missão”. “São milhares as famílias que estão espalhadas pelo mundo – a Brandoa tem quatro, atualmente –, em que nós despedimo-nos, deixamos o trabalho e as mordomias que temos cá, e vamos em missão, na providência do Senhor”. Este leigo destacou que o que é pedido “é viver, integrar e ir ao encontro, primeiro dos vizinhos”. “Só depois é possível evangelizar, não com teorias, nem com teologias, mas com a nossa vida, dizendo que Deus nos ama a nós, como nós somos”, apontou.

 

 

Pegadas

“A melhor semana da minha vida”. Foi desta forma que, em modo teatral, Matilde apresentou ao amigo Francisco o campo de férias do Pegadas. “É incrível, é espetacular”, dizia esta jovem, esclarecendo: “O Pegadas é uma associação de campos de férias, que organiza quatro campos de férias por ano ligados a instituições que estão em bairros sociais, como Academia do Johnson, na Cova da Moura, a Ludoteca da Galiza, no Bairro do Fim do Mundo, Gaivotas da Torre, na Torre, e a AJU, no Bairro Pai do Vento”. Francisco desafiou depois Matilde: “Em cinco palavras, descreve-me o Pegadas”. A resposta foi pronta: “Arriscar, sonhar, servir, rezar e – e isto não é bem uma só palavra – ‘trabalhar em equipa’”. Fundado em 2008, este grupo de jovens católicos, entre os 18 e os 25 anos, que tem como lema ‘Por Cristo, com Cristo e em Cristo, aproximamos pessoas’, procura “transmitir valores através dos afetos”. “Arrisca e anda”, convidou Matilde.

 

 

Missões Familiares Católicas

Nasceram no Chile, em 1977, ligadas à espiritualidade mariana do movimento apostólico de Schoenstatt, mas “são dirigidas a todas as famílias católicas e a ideia é mesmo juntar vários carismas”, destacou Joana. As Missões Familiares Católicas, segundo Joana e Xavier, casados há quase 25 anos e com cinco filhos, duram uma semana e decorrem numa paróquia. “Cada uma das missões tem seis ou sete famílias e um padre, sendo que cada família é constituída pelo casal e por dez ‘filhos’: além dos biológicos, outras crianças que queiram fazer parte do projeto e que normalmente são amigos dos filhos. Estamos ao serviço da paróquia”, salientou Xavier. Portugal teve, este ano, três Missões Familiares, que visaram “a missão interna, com Adoração e Missa, a missão externa, nas visitas, no porta-a-porta, na vigília ou na procissão, e a missão pessoal”.

 

 

Missão Lx

Catarina, da paróquia de Sobral de Monte Agraço, e Cláudia, de Alcabideche, apresentaram a Missão Lx, nascida em 2010 e que tem decorrido em várias paróquias do Patriarcado. Dirigida a jovens de toda a diocese, dos 14 aos 25 anos, a Missão Lx acontece, normalmente, nas férias de Natal ou da Páscoa, com os jovens a ficarem nas famílias e a trabalharem em equipas. “O ano passado decorreu no Natal, em Alcabideche, e decidimos ir mais longe e convidámos os jovens a entrarem em 2016 em oração, com Jesus. A passagem de ano foi uma maneira de começar o ano centrados no essencial”, apontou Catarina. A Missão Lx “vive na paróquia, com o apoio do pároco, e nas instituições” da freguesia, explicou Cláudia, sublinhando que “o importante é atender às necessidades daquele sítio”. Neste ano, vai ser a paróquia de Marvila a receber a Missão Lx “e qualquer jovem pode participar”, convidaram.

 

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Missa do Dia Mundial das Missões, no Fórum das Missões

 

“Não se trata, simplesmente, de anunciar Deus com palavras – essas serão, a maior parte das vezes, entendidas como atitude de quem julga e condena. Trata-se de sermos testemunhas da misericórdia – quer dizer: trata-se de viver a misericórdia; de viver como perdoados, de viver como necessitados do amor e do perdão de Deus. Porque nós, cristãos, se é verdade que não podemos deixar de denunciar tantas situações injustas e de anunciar o Evangelho, não é menos verdade que necessitamos, também nós (cada um de nós), do perdão e do amor de Deus.”

 

“Hoje queremos rezar, muito especialmente, por aqueles sacerdotes e leigos que deixaram a sua terra e partiram para longe a fim de anunciar o rosto misericordioso de Deus. Queremos acompanhá-los com a nossa oração e a nossa partilha, na certeza de que, desse modo, somos também nós missionários.”

 

D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa

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