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A. Pereira Caldas
A indiferença
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É uma atitude aparentemente vulgar, sem grande visibilidade, quase discreta… Poderá mesmo confundir-se com egoísmo em vários casos e circunstâncias. No entanto, quando dessa atitude transparece a possibilidade de se sentir no poder da indiferença a influência nos sombrios jogos de bastidores do dia-a-dia, onde muita coisa se ganha ou se perde.

A indiferença surge, assim, como um elemento a acrescentar aos muitos outros, bons e maus, que “fabricam” a atualidade, sobretudo no domínio geopolítico – esse lugar virtual, esse trono, onde se decide, à revelia “dos poderes menores”, grande parte do futuro do mundo e da humanidade.

Parece estranho, é verdade, que a diferença seja tão importante como aqui se dá a entender. Mas é, não se duvide. Por exemplo, a democracia e os países que a praticam não passariam de autênticas anedotas políticas, evidentemente sem um mínimo de graça. E os indiferentes seriam capazes de “travar” qualquer decisão importante para resolver um problema grave para o planeta.

Claro que estes exemplos não passam disso mesmo: de exemplos mais ou menos radicais e, convenhamos, até de um certo mau gosto…

Mas, em toda esta problemática, há ainda outro aspeto particularmente interessante. E importante. É que há duas formas de se ser indiferente, uma a que poderíamos chamar facultativa, isto é, a indiferença seria uma atitude voluntária, usada como protesto ou sinónimo de desacordo; e outra forma, essa em que a indiferença é quase uma imposição, como sucede nas religiões ou nos casos que põem em causa os seus princípios fundamentais.

No meio de tudo isto, uma coisa é certa: a indiferença é um dos flagelos do nosso tempo. E merece uma justa atenção.