Missão |
Mariana Mira Delgado, do Movimento de Defesa da Vida
Ajudar a construir pontes
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Mariana Mira Delgado nasceu a 5 de novembro de 1982, em Lisboa. É licenciada em Serviço Social, curso para o qual entrou “numa perspectiva de serviço ao próximo de um modo que fosse além do aspeto meramente caritativo”. É responsável do Departamento de Gestão e Angariação de Fundos do Movimento de Defesa da Vida. 

 

Criar uma comunidade unida

A sua vida religiosa foi sempre muito ligada a uma comunidade: “Em primeiro lugar a família; crescemos a rezar às refeições em conjunto, e antes de dormir uma oração muito simples, mas que nos marcou e nos ajudou a ter sempre próximos os que tinham ido mais cedo (ou cedo demais) ”. A determinada altura da sua vida, foi viver para um prédio “enorme” e considera um aspeto importante na sua vida “não pelo tamanho do prédio, mas porque se criou, depois, uma dinâmica muito gira: a oração do terço todas as semanas, para a qual estavam convidados todos os moradores do prédio e vinham ainda alguns amigos de fora; era tudo muito simples, um papel escrito à mão era posto nos elevadores e dizer qualquer coisa do género “hoje rezamos o terço no X andar”, e à hora as pessoas iam aparecendo; fizeram-me amizades que não se sonhavam e criou-se uma comunidade e unidade muito bonita entre todos”. Fez ainda parte das Equipas de Jovens de Nossa Senhora, do Projeto Portugal e do Movimento ao Serviço da Vida (MSV). Após um tempo de paragem, voltou a sentir que precisava de fazer “um caminho mais comunitário” e diferente dos movimentos nos quais tinha estado até aí, com a dificuldade acrescida de se enquadrar enquanto adulta solteira na Igreja… Nessa altura conheceu as Comunidades de Vida Cristã (CVX) e optou por entrar para essas comunidades “que, dentro da espiritualidade inaciana de vivência dos Exercícios Espirituais, reúne em oração solteiros, casais, divorciados, partes de um casal ou namorados – todos juntos constroem um caminho que é individual mas partilhado, e por isso muito mais forte. Nesta comunidade ganho quinzenalmente forças para ser uma cristã mais completa no meu dia-a-dia, vamo-nos ajudando uns aos outros a construir pontes e, claramente, a ser pessoas melhores e melhores imagens de Jesus, tal como também nos pede o Papa Francisco.”

 

Perceber o seu valor pessoal e redirigir o seu foco e intensão de vida

Estudou no Colégio das Escravas em Lisboa dos três anos até ao 9º ano e prosseguiu os seus estudos nas escolas oficiais. Nasceu numa família numerosa e é a quarta de seis filhos, “estando já uma das irmãs junto de Deus”. “Olhando agora para trás acho que um dos grandes marcos da minha vida foi um momento complicado que vivi quando andava no liceu e que me fez pôr em causa muito da minha identidade; essa fase obrigou-me perceber o meu valor pessoal e a redirigir o meu foco e intensão de vida. Nesse aspeto, a formação que tinha adquirido ao longo dos 11 anos que andei no Colégio das Escravas do Sagrado Coração de Lisboa foi também crucial. Mais tarde, já na faculdade surgiram mais marcos importantes: por um lado o nascimento do primeiro sobrinho, o perceber que a vida continua e se prolonga para além de nós, que há um legado que fica, que nada é vão e que a nossa vida vai muito mais além de nós. Foi também nessa altura que conheci o Projecto Portugal (atualmente Portugal Voluntário) ainda na fase de Projecto; com um grupo de amigos, vivendo em comunidade e com condições básicas, desenvolvemos, durante duas semanas, actividades dirigidas aos que mais precisavam no município do Redondo – crianças e idosos. Este projecto, acabou por fazer crescer um ‘bichinho’ de vontade de marcar a diferença entre aqueles que precisam e acabou por se repetir por alguns anos, primeiro no Verão como no Projecto Portugal, depois ao longo do ano no Pragal, com o MSV”, partilha.

Conta-nos que a Missa Nova de um amigo seu, jesuíta, foi um momento marcante na sua vida: “Não falava há algum tempo com ele e o perceber que a minha presença numa dia tão importante tinha impacto, fez-me ficar contente, claro, mas fez-me sobretudo perceber que, tal como há pessoas que nos marcam, também nós podemos e devemos marcar, com os sinais de Jesus (para aqueles que os quiserem ver), a vida daqueles por quem passamos. Lembro-me sempre daquela frase de Saint-Exupéry que diz ‘Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós’.

 

Um projeto no qual se revê e em que acredita

Quando já estava formada e a trabalhar, decidiu sair de casa dos pais e diz-nos que “são decisões como estas que nos obrigam a crescer e nos fazem conhecer melhor aqueles que são os nossos medos e qualidades em potência e nos ajudam a construir estratégias de ultrapassagem das situações que vão surgindo na vida”. Começou a trabalhar à noite numa sala de espetáculos para aumentar o seu rendimento e conta: “Tinha a trabalhar comigo uma equipa de pessoas com histórias de vida radicalmente diferentes da minha; engraçado que aquilo que às vezes nos faz fugir pela oposição e por não ser o que nós queremos / gostamos/ conhecemos, se pode tornar tão gratificante – perceber que pessoas tão diferentes nos podem ajudar a ser melhores, a respeitar a diferença sem a respeitar, a procurar mais domínios comuns do que diferentes e até, ajudar-nos a perceber de um modo ‘mais adulto’ e mais independente da formação com a qual crescemos, quem somos e quem queremos ser. É também engraçado que todo este caminho acabou por fazer com que, embora apaixonada pela causa social, acabasse por me ‘apaixonar’ também pela parte administrativa que a promove, acabando por, em 2011, entrar para o Departamento de Gestão e Angariação de Fundos, do qual atualmente sou responsável. Acho que este foi o maior desafio que aceitei, pela responsabilidade implica, mas o maior orgulho que tenho por ser uma causa, uma instituição e um projecto com o qual me revejo e no qual acredito. O Movimento de Defesa da Vida propõe uma visão do outro como ‘capaz’ de mudar e de atingir os seus resultados e por isso não impõe, ajuda e torna-se parceiro das famílias”.

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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