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Isilda Pegado
Querem matar o amor?
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1 – No final do Séc. XIX, Nietzsche disse “Deus está morto!”. Na verdade, depois do positivismo e das doutrinas socialistas/comunistas, parecia que Deus já não tinha lugar na vida dos homens. A história encarregou-se de demonstrar, em menos de um século, que o que havia de morrer era o socialismo/comunismo, em especial a organização social que perseguiu todas as formas de identidade religiosa (a União Soviética).

2 – O ataque explícito à Igreja não é hoje um facto evidente. Ao invés, reconhece-se a presença e a especificidade da Igreja na Sociedade mas, num “caldo morno e silencioso”, vai-se matando tudo o que a caracteriza. E, o que caracteriza o Cristianismo, é o Amor. Esta civilização de 2000 anos é, como dizia S. João Paulo II, a “Civilização do Amor”.

3 – Estamos a perder a “nossa Marca”. Procuramos no cinema e não encontramos filmes de amor. Vemos filmes de guerras, de construções robóticas inimagináveis, de formas perversas de destruir a humanidade, de ataques violentos, de sexualidade bizarra, etc. Mas filmes de Amor não.

4 – Os livros, abordam temas que variam entre um sensualismo desordenado, a roçar a pornografia e a promoção panfletária de ideologias ou de ataque a Instituições.

5 – As canções e cantigas são de intervenção e de protesto, tantas vezes carregadas de azedume e ira.

6 – Na política, no governo da Polis, vemos a voragem da promoção e aprovação de leis fracturantes que vendidas por um “direito ao livre arbítrio do indivíduo” geram a solidão, a dor e até a violência.

7 – No último ano, em Portugal, vimos aprovar a lei que permite a gravidez com recurso ao “banco de esperma” (nega a possibilidade da criança conhecer o pai); e as “barrigas de aluguer”. Dois exemplos claros de atentados contra o Amor (a criança que ficará para sempre privada da identidade paterna ou da mulher que é “hospedeira” do seu próprio filho e por virtude de um negócio jurídico o terá de entregar a outro).

8 – Surge-nos agora o debate sobre a Eutanásia. Está em causa a pessoa que já com poucas forças, a necessitar de apoio, carinho, cuidados, se vê na circunstância de ter pela frente um “acto digno” (dizem eles) – pedir que lhe dêem a morte. Isto é, o último acto da sua vida é dizer “já não tenho valia, nem forças, dêem-me uma injecção…”. E, da parte da sociedade, o último acto que lhe é oferecido é, “Sim, de nada vales, toma a injecção”…

9 – É esta a civilização do Amor? Onde está o carinho, a solidariedade, a alegria da vida? Onde está o Amor que se gera na família?

As leis não são feitas só para alguns, têm a vocação da generalidade. Isto é, aplicam-se a todos – qualquer um poderia recorrer à eutanásia. E, na experiência já vivida noutros países, uma vez aprovada a lei, perante circunstâncias de debilidade, cria-se a “obrigação social” de pedir a eutanásia.

Querem matar o Amor? A violência, no tempo, gera novas formas de violência.

10 – Estamos no Natal – celebramos o Amor. A Presença, o Facto que se tornou Amor. A partir do qual se construiu a Civilização da Igualdade, dos Direitos Humanos e do Amor.

Há um Amor que se torna Presença e companhia de cada um, e que há-de romper para o espaço comum, sob pena de sermos todos envolvidos por esta renúncia silenciosa à Fé.

Todos somos Amados. Do Amor ninguém foge.

Um Natal de Amor!