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A atualidade da Sagrada Família
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Celebrámos no passado dia 30 de Dezembro a festa da Sagrada Família. Este dia litúrgico evoca Jesus, Maria e José, convidando-nos a contemplar esta família como imagem e modelo de todas as famílias. É um dia em que, de um modo especial, agradecemos a Deus o dom da família.

 

Quando dizemos que a Sagrada Família é modelo de todas as famílias não queremos dizer que todas devem ter as mesmas características da família de Jesus. Sabemos que a especificidade desta família e a missão que Deus lhe confiou é única e irrepetível. Quando dizemos que é modelo dizemos que a família de Jesus é modelo de fé, de confiança e abandono à vontade de Deus. Digamos que não foi por terem o Salvador como seu filho que tiveram a vida facilitada, antes pelo contrário tiveram que superar muitas contrariedades, tiveram muitos momentos de dúvida, incerteza, mas sempre com a confiança que Aquele que começou neles tão grande obra havia de a levar a bom termo.

A Sagrada Família teve que enfrentar muitas das situações que as famílias de todos os tempos e lugares têm de enfrentar. Em cada uma destas vivências Deus vai tecendo a história da salvação. Gostaria de convidar-vos a olhar para duas vivências da vida da família de Nazaré que ilumina algumas situações familiares da nossa sociedade.

O primeiro momento é a gravidez de Nossa Senhora. Hoje em dia fala-se muito dos filhos desejados, ou esperados, como se o que desse legitimidade ao nascimento dos filhos fosse apenas o desejo dos pais. Ao olharmos para Maria e José vemos que a gravidez de Nossa Senhora é inesperada, não veio no momento certo, não fazia parte dos seus planos. Trouxe problemas a Maria, incertezas a José, exigiu um sim firme, um abandono total e confiante à vontade de Deus quer por Nossa Senhora, quer por São José. Na exortação apostólica Amoris Laetitia, o Papa Francisco afirma: «alguns pais sentem que o seu filho não chega no melhor momento; faz-lhes falta pedir ao Senhor que os cure e fortaleça para aceitarem plenamente aquele filho, para o esperarem com todo o coração. É importante que aquela criança se sinta esperada. Não é um complemento ou uma solução para uma aspiração pessoal, mas um ser humano, com um valor imenso, e não pode ser usado para benefício próprio. (...) Um filho é amado porque é filho: não, porque é bonito ou porque é deste modo ou daquele, mas porque é filho! Não, porque pensa como eu, nem porque encarna as minhas aspirações. Um filho é um filho. O amor dos pais é instrumento do amor de Deus Pai, que espera com ternura o nascimento de cada criança, aceita-a incondicionalmente e acolhe-a gratuitamente» (cf. AL170).

Uma segunda vivência é a situação de refugiados e emigrados a que a Sagrada Família é sujeita por causa da cólera de Herodes. Situação que se repete em tantos momentos da história e que vivemos com tanta preocupação nos nossos dias, onde tantas famílias sagradas do médio oriente se vêem obrigadas a sair das suas casas pela cólera de outros Herodes. A respeito das migrações das famílias afirma o Papa Francisco: «As migrações constituem outro sinal dos tempos, que deve ser enfrentado e compreendido com todo o seu peso de consequências sobre a vida familiar (...) A mobilidade humana, que corresponde ao movimento histórico natural dos povos, pode revelar-se uma verdadeira riqueza tanto para a família que emigra como para o país que a recebe. Caso diferente é a migração forçada das famílias, em consequência de situações de guerra, perseguição, pobreza, injustiça, marcada pelas vicissitudes duma viagem que, muitas vezes, põe em perigo a vida, traumatiza as pessoas e destabiliza as famílias. (...) As migrações revelam-se particularmente dramáticas e devastadoras tanto para as famílias como para as pessoas, quando têm lugar à margem da legalidade e são sustentadas por circuitos internacionais do tráfico de pessoas. O mesmo se pode dizer quando envolvem mulheres ou crianças não acompanhadas, forçadas a estadias prolongadas nos locais de passagem entre um país e outro, nos campos de refugiados, onde não é possível iniciar um percurso de integração. (...) As perseguições dos cristãos, bem como as de minorias étnicas e religiosas, em várias partes do mundo, especialmente no Médio Oriente, constituem uma grande prova: não só para a Igreja mas também para toda a comunidade internacional. Devem ser apoiados todos os esforços para favorecer a permanência das famílias e das comunidades cristãs nas suas terras de origem» (cf. AL46).

Podíamos fazer referência a muitos aspetos da vida da Sagrada Família, tais como o papel educativo de Maria e José (cf. Lc2, 41-52), a experiência do sofrimento e da morte (cf. Lc2, 35; Jo19, 25-27), entre outros. Ficam, a título de exemplo, estes duas vivências, que sendo tão distintas uma da outra, podem iluminar as famílias contemporâneas, tornando nítido o que no nosso tempo parece tão confuso com tantas ideologias que ofuscam aos nossos olhos a luz da revelação de Deus.

Sagrada Família, rogai por nós!

 

texto por Pe. Rui Pedro Trigo Carvalho

 

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Reflexão: Deus manifesta-se na nossa vida

Deus manifestou-se de várias maneiras e de, forma decisiva, na pessoa de Jesus Cristo. Este domingo celebramos o mistério admirável da Epifania do Senhor - Deus que se faz Homem para vir plenamente ao nosso encontro e se fazer próximo, e o Homem que se dispõe a acolhê-Lo!

O Evangelho fala-nos de uns magos vindos do Oriente que, guiados por uma estrela, buscavam o “rei dos judeus” e o reconheceram na pessoa de Jesus (Mt 2, 1-12). Estes magos representam todas as pessoas, pois todos somos chamados a reconhecer a Deus como Pai bom e fiel.

Dizia-nos o Papa Francisco por esta ocasião em 2016, que “ a Igreja tem o dever de reconhecer e fazer surgir, de forma cada vez mais clara, o desejo de Deus que cada um traz dentro de si.”, pois “como os Magos, ainda hoje, há muitas pessoas que vivem com o «coração inquieto», continuando a questionar-se sem encontrar respostas certas (a inquietação nasce do Espírito Santo, que se move nos corações). Também elas andam à procura da estrela que indica a estrada para Belém.”

Na sua reflexão o Papa referia “Quantas estrelas existem no céu! E todavia os Magos seguiram uma diferente, uma nova, que – segundo eles – brilhava muito mais. Longamente perscrutaram o grande livro do céu para encontrar uma resposta às suas questões (sentiam o coração inquieto) e, finalmente, a luz aparecera. Aquela estrela mudou-os. Fez-lhes esquecer as ocupações diárias e puseram-se imediatamente a caminho. Deram ouvidos a uma voz que, no íntimo, os impelia a seguir aquela luz – é a voz do Espírito Santo, que atua em todas as pessoas –; e a luz guiou-os até encontrarem o rei dos judeus numa pobre casa de Belém.

Tudo isto é uma lição para nós. Hoje far-nos-á bem repetir a pergunta dos Magos: «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo» (Mt 2, 2). Somos chamados, sobretudo num tempo como o nosso, a procurar os sinais que Deus oferece, cientes de que se requer o nosso esforço para os decifrar e, assim, compreender a vontade divina.”[1]

Acredito que muitas vezes somos os Magos que procuram e muitas outras somos chamados a ser a Estrela que guia e conduz. Deus conta connosco, famílias cristãs. Inspiremo-nos nos magos que, como disse S. João Crisóstomo, "Não se puseram a caminho por terem visto uma estrela, mas viram a estrela porque se tinham posto a caminho."

 

texto por Catarina Luís Fortes

 

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ComTributo à Igreja

 

A realidade e os desafios das famílias, é o nome do Capítulo II da Amoris Laetitia.

Por ser muito rico este capítulo, a reflexão foi dividida em 2 partes, tendo a primeira sido publicada em Dezembro 2016 e a continuação agora em Janeiro.

Foi conclusão sinodal que “… uma das maiores pobrezas da cultura atual é a solidão, fruto da ausência de Deus na vida das pessoas e da fragilidade das relações.”

Uma ideia muito bela, é a que “… devemos insistir nos direitos da família, e não apenas nos direitos individuais.” Neste sentido, importa realçar que “As jornadas de trabalho são longas e, muitas vezes, agravadas pelo tempo despendido na deslocação. Isto não ajuda os esposos a encontrar-se entre si e com os filhos, para alimentar diariamente as suas relações.”

Atualmente, assistimos ao maior ciclo migratório, após a grande guerra. “Devem ser apoiados todos os esforços para favorecer a permanência das famílias e das comunidades cristãs nas suas terras de origem.”

Foi dada especial atenção também às famílias das pessoas com deficiência. As mesmas devem ser encaradas como um dom de Deus, para crescer no Amor.

Assim como as famílias que tratam das pessoas mais velhas. A Igreja, “… sente o dever de ajudar as famílias que cuidam dos seus membros idosos e doentes.”

 

Alguns desafios

Tendo em conta o exposto, surgem novos desafios.

A função educativa é muito importante e pelo facto de “… os pais chegam a casa cansados e sem vontade de conversar; em muitas famílias, já não há sequer o hábito de comerem juntos, e cresce uma grande variedade de ofertas de distração, para além da dependência da televisão. Isto torna difícil a transmissão da fé de pais para filhos.”

Outros desafios são as “… crianças órfãs de pais vivos, adolescentes e jovens desorientados e sem regras.”

Noutra perspetiva, “Nenhuma união precária ou fechada à transmissão da vida garante o futuro da sociedade.” Ora, mas “… quem se preocupa hoje com fortalecer os cônjuges, ajudá-los a superar os riscos que os ameaçam, acompanhá-los no seu papel educativo, incentivar a estabilidade da união conjugal?”

É preciso afirmar na sociedade, que “A força da família reside essencialmente na sua capacidade de amar e ensinar a amar. Por muito ferida que possa estar uma família, ela pode sempre crescer a partir do amor.”

A figura do pai tem sido desprezada, nomeadamente na sociedade ocidental. “A ausência do pai penaliza gravemente a vida familiar, a educação dos filhos e a sua integração na sociedade. Tal ausência pode ser física, afetiva, cognitiva e espiritual. Esta carência priva os filhos de um modelo adequado do comportamento paterno.”

Referindo-se à ideologia do género, o Papa alerta-nos, para “Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador. Somos criaturas, não somos omnipotentes. A criação precede-nos e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo chamados a guardar a nossa humanidade, e isto significa, antes de tudo, aceitá-la e respeitá-la como ela foi criada.”

Assim, fica presente a ideia que “As realidades que nos preocupam são desafios.”

Os mesmos desafios são superados com “… energias de esperança, traduzindo-as em sonhos proféticos, ações transformadoras e imaginação da caridade.”

 

texto por Bruno de Jesus


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Próximas atividades

Formação para Agentes da Pastoral Familiar

Inicia no próximo dia 28 de janeiro de 2017 a 3ª edição da formação para agentes de Pastoral Familiar. Dirige-se a todas as pessoas que colaborem com paróquias, grupos ou movimentos na área da pastoral familiar, preparando-as para melhor realizar o seu serviço.

Esta formação decorre no Centro Diocesano de Espiritualidade, no Turcifal (Torres Vedras), entre as 10h e as 18h, e compreende três módulos:

- Módulo 1 - O que é Pastoral Familiar? – 28/01/2017

- Módulo 2 – A Família no magistério pós conciliar – 18/02/2017

- Módulo 3 – Teologia prática sobre a Família – 18/03/2017

 

Primeiro fórum “Wahou” em Portugal, sobre Teologia do Corpo – dias 4 e 5 de fevereiro

Os Forum Wahou surgiram da necessidade de revitalizar o desejo de conhecer melhor o plano de Deus para o amor humano e resultam de um percurso feito com a colaboração do Instituto da Teologia do Corpo (França) e do Instituto João Paulo II (Roma). Têm como propósito:

1. Divulgar a teologia do corpo;

2. Propor formas concretas de viver uma verdadeira experiência espiritual transformadora dos corações;

3. Encontrar meios para que esta formação possa continuar a ser amplamente transmitida.

A Pastoral da Família do Patriarcado de Lisboa irá organizar o primeiro Forum Wahou em Portugal,propondo um fim-de-semana de imersão  total na Teologia do Corpo de João Paulo II - O Amor Humano no Plano DivinoDecorrerá no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, entre as 9h de dia 4 e as 17h de dia 5.

Para mais informações e inscrições: http://familia.patriarcado-lisboa.pt/eventos/inscrições/458-inscrição-na-fórum-wahou

 

 




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