“Se eles se calarem, gritarão as pedras” (Lc 19,40). “Eles” são os discípulos que aclamam Jesus como Rei. Jesus responde a uma provocação dos que O vêem entrar em Jerusalém e se escandalizam pelos cânticos, pela aclamação e pela Sua proclamação como Messias Salvador.
Ainda hoje se mantém esta mesma realidade. Muitos escandalizam-se e querem fazer calar os discípulos de Jesus. Gostariam de uma Igreja silenciosa, que incomodasse pouco; que se adaptasse ao modo de pensar e de ser dos “tempos modernos”. E muitos dos discípulos calam-se por causa desse escândalo do mundo que os envolve, amedrontados e cheios de “respeitos humanos”. Muitos chegam mesmo a defender o silêncio sobre Jesus e a salvação que Ele nos oferece.
É certo que sem o silêncio não conseguimos escutar Deus – já aqui o lembrámos muitas vezes. Mas o cristianismo está longe de ser silencioso. Logo desde o início da vida pública de Jesus (Mc 1,14-15) Ele proclama o Evangelho, convidando à conversão e anunciando que o Reino de Deus está próximo através de toda a Sua Pessoa. Fá-lo por meio de gestos, pelo seu modo de estar e de ser, e pelas Suas palavras e atitudes. Todo o Seu ministério pela Palestina consiste numa proclamação da presença de Deus e do seu reinado, mais precioso que a própria vida (Lc 14,26). A actividade de Jesus está bem longe do mestre que se encerra numa casa e ensina doutrinas mais ou menos secretas aos seus alunos. Pelo contrário: é uma proclamação aos quatro ventos da “feliz notícia” da salvação.
Os mártires dos primeiros séculos, aqueles outros de tempos mais próximos e aqueles nossos contemporâneos são a prova disso mesmo: são um grito que ultrapassa os tempos, rompe os silêncios e permanece como eco da cruz. Aos mártires matam-nos para que não falem. E não percebem que a sua morte grita, não por vingança mas como anúncio do Salvador.
A 22 de Janeiro celebramos S. Vicente. Diácono da diocese de Saragoça, em Espanha, foi martirizado em Valência no início do séc. IV, tornando-se inspirador da vida de tantos cristãos, certos de que “nele era Outro que falava”, como dizia a seu respeito S. Agostinho. O corpo do mártir foi trazido posteriormente pelos cristãos até Lisboa, e o grito de Vicente – que é o grito de Cristo e dos seus discípulos – continua hoje a fazer-se escutar. Se algum dia eles se calarem, não tenhamos dúvidas de que “as pedras gritarão”.
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