O Cardeal-Patriarca de Lisboa anunciou a realização, em 2020, de “uma Assembleia Diocesana para avaliar a receção sinodal”. Na abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Mafra, no dia 15 de janeiro, D. Manuel Clemente revelou ainda o programa pastoral para os próximos três anos na diocese.
“Rumo à santidade, através de uma iniciação cristã verdadeira, que seja vocacional e missionária, vivida em comunidade, nas duas dimensões da família e da sinodalidade”. É este o programa pastoral do Patriarcado de Lisboa para os anos pastorais 2017-2020 e foi anunciado pelo Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, durante o encontro de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Mafra. No auditório da Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira, no passado Domingo, dia 15, o Cardeal-Patriarca pediu aos membros dos Conselhos Pastorais e Económicos das 16 paróquias desta vigararia para tomarem “muito a sério a Constituição Sinodal de Lisboa”. “Com este documento, estamos a iniciar a terceira fase deste processo, que é a fase da receção: ou seja, como é que nas comunidades cristãs se recebe, se assimila e se executa aquilo que se refletiu, se decidiu e se propôs na constituição”, salientou.
Aos membros de todos os Conselhos Pastorais, “muito particularmente responsabilizados na receção e na execução da Constituição Sinodal”, D. Manuel Clemente anunciou ainda: “O Conselho Episcopal, os vigários gerais, os responsáveis pelo Secretariado de Ação Pastoral e o próprio secretário do Sínodo Diocesano, numa conjugação muito estreita com os 17 vigários da vara – que são os coordenadores da ação pastoral em cada vigararia –, vão levar por diante um caminho e uma dinâmica rumo à santidade, com todos os passos descritos na Constituição Sinodal de Lisboa que vão sendo sugeridos e praticados nas comunidades”. Este “trabalho conjunto”, como lhe chamou, “vai ter a sua avaliação, em 2020, numa Assembleia Diocesana para avaliar a receção sinodal”, revelou o Cardeal-Patriarca. “Tivemos três anos até fazer o Sínodo, do Sínodo saiu a constituição e agora temos três anos de aplicação destas linhas de força e de dinamismo até à Assembleia Diocesana que será, com certeza, mais alargada do que o Sínodo Diocesano”, concretizou.
Ser santos
A Visita Pastoral à Vigararia de Mafra, que se prolonga até dia 5 de março, acontece “em plena fase da receção sinodal em Lisboa”, frisou o Cardeal-Patriarca, lembrando os quase três anos de caminho sinodal que a diocese viveu e que se concluíram com a Assembleia Sinodal, em novembro e dezembro de 2016, no Turcifal, com a publicação da Constituição Sinodal de Lisboa. “O documento foi publicado no Jornal Voz da Verdade, foi editado em opúsculo [que está à venda na Livraria Nova Terra, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa] e está também disponível no site do Patriarcado [www.patriarcado-Lisboa.pt]. É, por isso, o documento mais acessível do mundo!”, gracejou D. Manuel Clemente.
A constituição é iniciada, numa primeira parte, “por uma visão geral da sociedade, da Igreja, do mundo, da cultura, da economia”; na segunda parte “tem um conjunto de critérios para ajuizar dessa situação”; e a terceira parte “é mais indicativa de ações – não logo imediatas, porque isso tem de ser visto em cada comunidade – e de grandes linhas de ação para a vida diocesana”, resumiu o Cardeal-Patriarca. “A Constituição Sinodal de Lisboa conclui com sete rumos, linhas, opções, em que os membros do Sínodo procuraram coincidir com a própria Pessoa de Deus. Essas sete opções foram elencadas de maneira aleatória, exceto a primeira: a vocação à santidade. Aquilo que nós, na Igreja de Lisboa, optamos antes de mais é ser santos. É muito importante perceber isto! A Igreja existe no mundo para que os cristãos, e todos quantos adiram à nossa proposta evangelizadora, se tornem mais parecidos com Deus. Isto é que é a santidade! A santidade é a qualidade de Deus”, apontou D. Manuel Clemente, reforçando que “a santidade de Deus tem um rosto, uma figura, uma expressão e um significado: aquilo que em Jesus Cristo se revela”.
Este primeiro dia de Visita Pastoral à Vigararia de Mafra ficou marcado pelo convite à santidade. “A santidade é a primeira opção sinodal de Lisboa. As nossas comunidades cristãs – a começar pela primeira expressão comunitária que é a família cristã –, mas também a comunidade paroquial, os institutos seculares e religiosos, os movimentos, os grupos, tudo quanto seja expressão comunitária da vida da Igreja é escola de santidade, onde as pessoas aprendem a viver mais como Jesus vive para o Pai e o Pai vive para Jesus, uns com os outros, uns para os outros”, sublinhou o Cardeal-Patriarca, a propósito do primeiro dos sete desafios inscritos no ponto 70 da Constituição Sinodal de Lisboa.
Conhecer para testemunhar
Neste primeiro encontro da Visita Pastoral à Vigararia de Mafra, na qual participou o presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva, D. Manuel Clemente foi questionado sobre “o que espera” de um membro de um Conselho Pastoral de uma paróquia. “Deve ser uma expressão da sinodalidade, do trabalho conjunto. Uma paróquia é, antes de mais, um conjunto de batizados em torno de um ministro ordenado que significa, no meio dela, esse Jesus Cristo que convoca para o mundo de Deus, para a casa do Pai. O Conselho Pastoral é uma ótima expressão da Igreja como Corpo de Cristo e uma ótima escola de santidade. Tomem a vossa participação no Conselho Pastoral como forma de alargar a comunhão”, respondeu o Cardeal-Patriarca, sublinhando que “a vida da Igreja é como uma rede que reúne, que incluiu, que puxa, para que se tenha vida”. Outro membro, pai de família, perguntou depois “como educar os filhos na fé e os manter na Igreja, mesmo com todas as distrações do mundo”. “Tive pais cristãos e acredito que nós ficamos mais cativados com o que aprendemos em casa. A família é uma grande escola de Deus, é uma Igreja doméstica a sério. Quando isto funciona em casa, mais de metade da resposta à pergunta está dada”, manifestou.
A Igreja de São Pedro da Ericeira acolheu, depois, a Missa de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Mafra. “Nós damos testemunho de Jesus na medida em que O conhecemos. Que tempo, que atenção damos nós ao conhecimento de Jesus para O podermos testemunhar?”, questionou D. Manuel Clemente, que recebeu da comunidade paroquial da Ericeira uma imagem de São Pedro. “Reconhecer o Senhor Jesus é um desafio diário. E assim havemos de saber cada vez melhor o que é a missão, apresentá-la aos outros que O esperam, também. Que seja este o grande fruto da Visita Pastoral à Vigararia de Mafra que iniciamos”, desejou o Cardeal-Patriarca.
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Uma vigararia marcada (também) pelas diversas vocações
Composta por 16 paróquias (Alcainça, Azueira, Carvoeira, Cheleiros, Encarnação, Enxara do Bispo, Ericeira, Gradil, Igreja Nova, Mafra, Malveira, Milharado, Santo Isidoro, Sobral da Abelheira, Venda do Pinheiro e Vila Franca do Rosário), a Vigararia de Mafra vai receber a Visita Pastoral até ao próximo dia 5 de março. Situada na zona Oeste do Patriarcado, esta vigararia tem cerca de 77 mil habitantes, segundo dados de 2011, sendo Mafra a freguesia mais habitada, com perto de 18 mil pessoas, seguido de Ericeira, com pouco mais de 10 mil. Em sentido contrário, Vila Franca do Rosário é a que tem menos gente, não chegando aos mil habitantes.
Ao nível de vocações sacerdotais, são 12 os padres diocesanos originários desta vigararia: Abel Mateus e Alfredo Plácido (naturais do Milharado), Armindo Reis, Filipe Sousa, Francisco Duarte e Ricardo Jacinto (Mafra), Joaquim Batalha e Ricardo Franco (Mafra - Achada), Daniel Batalha e Jorge Dias (Santo Isidoro), Fernando Escola (Encarnação) e Pedro Lourenço (Ericeira). A Vigararia de Mafra tem ainda, atualmente, seis jovens nos seminários da diocese, em formação sacerdotal. Quanto a consagrados originários desta vigararia, os números dizem que são quatro os sacerdotes (ou futuros sacerdotes) religiosos, havendo ainda 17 religiosas de várias congregações, com destaque para as Servas de Nossa Senhora de Fátima, com seis irmãs.
Datas das Visitas Pastorais às Paróquias
15 a 22 janeiro: Ericeira e Carvoeira (D. Nuno Brás) e Igreja Nova (D. José Traquina)
24 a 29 janeiro: Malveira (D. Joaquim Mendes), Encarnação (D. Nuno Brás) e Cheleiros (D. José Traquina)
31 janeiro a 5 fevereiro: Venda do Pinheiro (D. Joaquim Mendes), Sobral da Abelheira (D. Nuno Brás) e Alcainça (D. José Traquina)
7 a 12 fevereiro: Azueira (D. Joaquim Mendes) e Gradil e Vila Franca do Rosário (D. Nuno Brás)
14 a 19 fevereiro: Enxara do Bispo (D. Joaquim Mendes), Milharado (D. Nuno Brás) e Santo Isidoro (D. José Traquina)
28 fevereiro a 5 março: Mafra (D. José Traquina)
Encontros vicariais por setores da pastoral
(com a presença do Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente)
Cursilhistas: 20 de janeiro, às 21h15, na Igreja Nova
Liturgia: 27 de janeiro, às 21h15, na Malveira
Coletividades: 3 de fevereiro, às 21h15, no Sobral da Abelheira
Setor sociocaritativo: 10 de fevereiro, às 21h15, na Azueira
Catequese: 17 de fevereiro, às 21h15, no Milharado
Autarcas: 3 de março, às 21h15, em Mafra
Jovens: 4 de março, às 10h00, em Mafra
Encerramento da Visita Pastoral: 5 de março, às 16h30, Missa de encerramento, em Mafra
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‘Deus visita o seu povo’
O logotipo da Visita Pastoral à Vigararia de Mafra foi criado por um jovem da paróquia da Venda do Pinheiro. “Ao centro, Cristo passa a porta, por vezes da nossa indiferença, e ilumina a nossa vida. Do lado esquerdo, a zona escura, representa as pessoas desinteressadas, de braços cruzados, à espera que algo aconteça sem fazerem nada por isso; à direita, a zona luminosa, as pessoas estão mais ativas porque foram ‘banhadas’ por esta luz que vem de Cristo”, explicou o vigário desta vigararia, padre Teodoro Sousa, apontando depois ao objetivo da Visita Pastoral, que tem como lema ‘Deus visita o seu povo’: “Este Cristo, no qual nós acreditamos, vem-nos visitar através do nosso Patriarca e seus Bispos Auxiliares”.
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Vencedores do Festival Nacional da Canção ‘inauguram’ Visita Pastoral
Foi ao som da música ‘Agora não sou eu, somos nós’, interpretada pelo Grupo de Jovens Católicos da Ericeira, que teve início a Visita Pastoral à Vigararia de Mafra. No auditório da Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira, os jovens do grupo tocaram o ‘seu’ tema com que a Diocese de Lisboa venceu o recente Festival Nacional Jovem da Canção Mensagem, que decorreu a 10 de dezembro, em Fátima.
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