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50 anos da revista ‘Audácia’
“Informar, inspirar e divertir”
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É uma “revista missionária para gente nova”, dos 8 aos 14 anos de idade. A ‘Audácia’, dos Missionários Combonianos, completou recentemente 50 anos mas mantém inalterado o objetivo para o qual foi criada: “Informar, inspirar e divertir”, procurando despertar “a consciência e o apoio para a missão”.

 

A revista ‘Audácia’ é uma publicação de “inspiração missionária, destinada aos adolescentes” e, por isso, “única” em Portugal. Atualmente, as 58 páginas mensais desta publicação, propriedade da Congregação dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, espelham a intenção de ajudar “os mais pequenos” a serem “melhores pessoas e melhores cristãos”, conta, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o diretor da ‘Audácia’, irmão Bernardino Frutuoso.

Ao folhear a revista, são vários os conteúdos “com distintos temas, tais como banda desenhada, passatempos, pequenas notícias, temas culturais, curiosidades”, mas a sua utilidade não se resume apenas ao entretenimento. “Alguns catequistas gostam da ‘Audácia’ porque tem o papel de ajudar a fundamentar a fé e fazer crescer os mais pequenos nesse campo”, define.

 

Divulgação

Fundada em novembro de 1966, a revista ‘Audácia’ recebeu a reportagem do Jornal VOZ DA VERDADE nas vésperas do dia de São Francisco de Sales (24 de janeiro), padroeiro dos jornalistas e dos escritores. “Somos uma equipa pequena, com quatro elementos”, sendo que o trabalho, na redação, divide-se ainda por outra publicação da família comboniana, a revista ‘Além-Mar’ – uma revista com o mesmo objetivo, mas para um público mais adulto. O trabalho realizado, no primeiro andar da casa dos Combonianos em Lisboa, perto do Príncipe Real, resulta numa tiragem mensal superior a 15 mil exemplares da ‘Audácia’. Da antiga divulgação da revista nas escolas – “onde hoje é impossível ir” –, o irmão Bernardino aponta alguns dos critérios para manter e, se possível, aumentar o número de assinantes nos dias de hoje. “Atualmente, a divulgação faz-se nas paróquias, nos grupos, na catequese e no contacto pessoal que vamos tendo. Penso que o mais importante da ‘publicidade’ sejam os assinantes que vão divulgando a revista”, descreve o diretor da ‘Audácia’, que contraria a dependência da publicidade: “Não temos anúncios. Desde o início que pensamos que é fundamental termos alguma autonomia e não nos deixarmos pressionar. Tentamos sobreviver com as assinaturas e com as ofertas das pessoas que estão a colaborar connosco”.

 

Desafio

O tom missionário da ‘Audácia’ não tem o foco somente na religião. Trata-se de contribuir para “uma formação integral, humana e cristã dos mais pequenos”. “Evidentemente que o tema missionário está sempre presente. Falamos dos missionários, do trabalho que eles fazem, como se realiza e fazemos o apelo para que os mais pequenos possam colaborar, seja com oração ou uma ajuda que possam dar a outras crianças”, salienta o irmão Bernardino, recordando a campanha de angariação de material escolar para crianças indígenas do Peru que decorreu no ano passado.

Neste segundo ano em que ocupa a função de diretor da ‘Audácia’, sucedendo no cargo ao padre António Carlos, o irmão Bernardino Frutuoso destaca o “feedack positivo” da parte do público. “Sabemos que, hoje em dia, os jovens já não se entusiasmam com o livro impresso, como era há anos atrás. Com a internet têm acesso a quase tudo. Esse também é um desafio para nós”, sublinha.

A presença da ‘Audácia’ na internet mede-se para lá dos 10 mil ‘likes’ na página no Facebook (www.facebook.com/revistaudacia). “Temos também uma página web (www.audacia.org) onde se publicam algumas das rubricas e outros conteúdos da revista”, refere o diretor da publicação.

 

Apoio para a missão

A ideia da família Comboniana de publicar uma revista em Portugal surgiu após dez anos de presença no país, com a publicação da ‘Além-Mar’, à semelhança do que já acontecia noutros continentes e países onde os Combonianos estavam presentes, tais como Itália, Espanha, México, Colômbia e Peru. “Partilhamos bastante os materiais uns com os outros, mas cada país tem a sua redação. Muitos dos materiais são adequados à realidade onde se encontram”, acrescenta o irmão Bernardino.

Dez anos depois da ‘Além-Mar’, nasceu a ‘Audácia’ e, desde então, é enviada para vários países de língua portuguesa ou onde se encontram emigrantes lusos. Na génese destas revistas dos Missionários Combonianos, encontra-se o carisma do seu fundador, Daniel Comboni. “Esta congregação, desde o seu nascimento, no século XIX, esteve sempre empenhada na comunicação social, a começar pelo seu fundador, São Daniel Comboni, que escreveu mais de mil cartas e fundou, em Itália, uma publicação, chamada ‘Anais do Bom Pastor’. São Comboni queria dar a conhecer à Europa o seu trabalho missionário em África e despertar nos europeus a vontade de partir em missão ou de apoiar a obra missionária. Tentava assim, que as pessoas participassem, de alguma maneira, na obra missionária, despertando desta forma a consciência e o apoio para a missão”, aponta o irmão Bernardino.

 

Combonianos em Portugal

A Congregação dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus (MCCJ) está a celebrar os 70 anos de presença no nosso país. “Quando chegámos a Portugal, a ideia era formar os missionários que iam para Moçambique. Era um ponto de passagem e formação porque os Combonianos estavam só no continente africano”, aponta o irmão Bernardino. Depois, “foi-se compreendendo que havia também alguns jovens que queriam ser missionários. Então, fomos crescendo e surgiu um seminário para formar os que queriam ser Combonianos. Foi o chamado ‘Seminário das Missões’, em Viseu. Foi a nossa primeira casa”, recorda. Atualmente, em Portugal, os Combonianos dedicam-se à formação dos missionários e à animação missionária, isto é, “a andar pelas paróquias a partilhar a vocação de todos os batizados, que é a de serem missionários”, lembra.

Depois de Viseu, seguiram-se as casas de Vila Nova de Famalicão, Maia, Lisboa, Coimbra e Santarém, “sempre com o sentido da formação dos jovens”. Com o passar dos anos, a congregação foi assumindo outros compromissos e, em Lisboa, tem a seu cargo as paróquias de Camarate e Apelação, na Vigararia de Sacavém. “Para além destas, temos outras paróquias no país. Em Famalicão temos uma e em Aveiro temos uma unidade pastoral com mais três paróquias. É um trabalho de ligação com a Igreja local, no sentido de chegar a populações mais pobres, carenciadas e, de preferência, que tenham algum tipo de ascendência missionária, como por exemplo, em Camarate e Apelação, com população vinda das ex-colónias portuguesas”, conta o irmão Bernardino Frutuoso. 

 

Revista ‘Audácia’

Calçada Engenheiro Miguel Pais, 9

1249-120 LISBOA

Telefone: 213955286

Site: www.audacia.org

Facebook: www.facebook.com/revistaudacia

Email: audacia@netcabo.pt

Assinaturas: entre 13 euros (normal) e 30 euros (resto do mundo)

 

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‘Além-Mar’ é outra das revistas editadas pelos Missionários Combonianos. Destinada a um público adulto, esta publicação mensal fala da missão e dos missionários, aborda temas culturais, políticos, sociais e económicos dos países pobres. Em 2001, recebeu o Prémio de Jornalismo sobre Direitos Humanos. (www.alem-mar.org)

 

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“Trazer a Portugal o ar da Missão”

 

Irmão Bernardino Frutuoso

Diretor da Revista ‘Audácia’

Nascimento: 1964

Naturalidade: Vila Nova de Famalicão

 

Como conheceu os Missionários Combonianos?

Conheci os Combonianos na minha paróquia. Íamos para a escola, juntamente com os seminaristas. Foi daí que surgiu a inquietude. Depois, fui conhecendo melhor e compreendi que Deus me chamava a ser Comboniano. Foi crescendo o desejo e entrei, aos 17 anos, para fazer o discernimento da vocação.

 

Quando começou a ligação ao jornalismo?

Fiz os primeiros votos e terminei a formação de base, normal da vida religiosa (postulantado, noviciado), estudei jornalismo e os últimos anos da formação decorreram em Bogotá, na Colômbia, onde trabalhei em revistas. Na América Latina, trabalhei também no Peru, durante 11 anos. Na Colômbia, de onde parti para Portugal, tínhamos programas semanais na rádio e na televisão. Mantínhamos sempre o contacto com as pessoas, visitando escolas, paróquias.

 

O que lhe pediram quando assumiu a direção da ‘Audácia’?

Com tantos anos de presença em Portugal, os objetivos já estão traçados. A pessoa muda, mas sabemos que a linha e o estilo de revista mantém-se, com temas sobre a justiça, paz, doutrina social da Igreja, informação de África, América Latina e outros temas culturais. Trazer a Portugal o ar da Missão, com tudo o que a missão implica – é esse sempre o nosso objetivo, independentemente da pessoa que estiver a ocupar o cargo de direção.


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A EQUIPA QUE PRODUZ AS REVISTAS ‘AUDÁCIA’ E ‘ALÉM-MAR’

Da esquerda para a direita: Helder Guégués (revisão); Amélia Neves (secretária); irmão Bernardino Frutuoso (diretor); Luís Ferreira (paginador); Fernando Félix (jornalista)

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