De 26 de janeiro a 2 de fevereiro, celebra-se a Semana do Consagrado, uma iniciativa proposta pela Conferência Episcopal. O último dia, Festa da Apresentação do Senhor, é ao mesmo tempo o Dia da Vida Consagrada para toda a Igreja desde 1997, por decisão de São João Paulo II.

Na Semana do Consagrado procura-se rezar, refletir e agradecer, de modo mais intenso, a vocação e a missão dos consagrados na Igreja e no mundo, sobretudo em muitos lugares de periferia. Propõe-se que nas dioceses, paróquias, comunidades cristãs e religiosas se valorize e promova o conhecimento e a abertura a esta dimensão essencial da vida e da missão da Igreja que é a Vida Consagrada.

O tema sugerido, «consagrados ao serviço da vida», centra-nos na essência do somos e fazemos como discípulos de Jesus Cristo, cuidando da vida em todas as suas dimensões, do seu início até ao fim, e procurando que todos, sem exceção, tenham vida e vida em abundância.

A Semana do Consagrado adquire neste ano um sentido especial na Igreja de Lisboa, onde se inserem os consagrados e consagrados, pelo facto de continuarmos a viver intensamente os dinamismos do Sínodo Diocesano. Realizou-se a Assembleia Sinodal após dois anos de caminhada sinodal, da qual surgiram as grandes linhas orientadoras que o nosso Bispo nos ofereceu como Constituição Sinodal. A Assembleia terminou, mas o Sínodo continua, agora na importante etapa da sua receção.

Esta Semana do Consagrado é uma ocasião sumamente propícia para verificar como está a acontecer essa receção em atitudes e gestos, ações e compromissos, sempre na renovação da vida cristã e da pastoral. Nisso tudo estão igualmente os consagrados. Permito-me transcrever dois números da Constituição em que há uma referência explícita a esta forma de existência cristã como autêntica vocação na Igreja.

No número 17, diz-se que «a Igreja de Lisboa mostra-se igualmente reconhecida pelo testemunho do Reino dado por consagrados e consagradas. Na multiforme riqueza dos seus carismas, pela sua consagração, eles tornam presente o definitivo de Deus no provisório da nossa condição. Tanto na vida fraterna como no ambiente contemplativo, a sua presença e ação, enquanto vivência radical do Evangelho, mostram-se essenciais na edificação da Igreja, nomeadamente, na promoção da vida espiritual, no acompanhamento de pessoas e comunidades, na educação, na saúde, na assistência aos idosos e no serviço aos mais pobres». Que belo resumo a pautar o tema desta Semana do Consagrado! Que forte provocação à revisão de vida e à abertura para novos horizontes proféticos!

No número 65, sobre a valorização e integração do contributo evangelizador dos diversos carismas (associações, grupos, comunidades, movimentos, institutos de vida consagrada e demais realidades eclesiais), afirma-se que todos «contribuem a seu modo e segundo o seu carisma próprio para a riqueza da vida diocesana. É de valorizar o seu trabalho em prol da revitalização das comunidades cristãs, da animação espiritual dos fiéis, do serviço aos mais pobres e excluídos e de um forte empenhamento cultural. Estas realidades eclesiais devem ser apreciadas como dons do Espírito em ordem à edificação da comunidade eclesial, especialmente em âmbitos pouco tocados pela ação pastoral». É assim que acontece? Que importa transformar?

A Constituição Sinodal termina com propostas de caminhos de renovação eclesial especificados em sete opções. As três primeiras (Santidade, Missão, Comunidade) constituem os grandes dinamismos que devem orientar toda a vida cristã, como nos indica São João Paulo II na Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, sendo também os três pilares de toda a vida consagrada, como nos propõe o mesmo Santo na Exortação Apostólica Vita Consecrata.

Aí estão ótimos indicadores para todos os diocesanos de Lisboa, entre eles os consagrados, celebrarem a Semana do Consagrado em íntima ligação com o modo como estão a receber a Constituição Sinodal. Não deixemos passar esta oportunidade tão provocadora de renovação e compromisso!