Lisboa |
Encontro com os catequistas da Vigararia de Mafra
“Catequese é uma frente essencial da evangelização”
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O Cardeal-Patriarca considera que os catequistas estão “na linha da frente da evangelização”. No encontro vicarial com estes agentes, no Milharado, D. Manuel Clemente agradeceu ainda aos catequistas a sua missão na Igreja.

 

“Devo-vos dizer, antes de mais, da minha gratidão pelo vosso trabalho na Igreja, porque a catequese é uma frente essencial da evangelização”, manifestou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, no encontro com os catequistas da Vigararia de Mafra, que decorreu na Paróquia do Milharado, no âmbito da Visita Pastoral. “Conto muito convosco e tenho uma admiração imensa pelos catequistas, porque todas as semanas preparar, ‘aturar’ – como diz São Paulo, persistir, tudo isto dói”, acrescentou. Referindo que também foi catequista, “antes de ser seminarista”, D. Manuel Clemente aconselhou os catequistas “a fazerem o melhor que podem e sabem”. “Depois o Espírito faz o resto! E mais: nunca saberão o resultado nem a consequência que vai ter, porque quem evangeliza é o Espírito e de uma maneira surpreendente”, assinalou.

Neste encontro, que decorreu na noite de dia 17 de fevereiro, o Cardeal-Patriarca sublinhou que “os catequistas devem ter consciência de que estão na primeira linha da evangelização e são o corpo de evangelizadores mais estendido pela diocese”. “Estamos a falar de mais de sete mil pessoas! É uma enorme responsabilidade, é uma graça, mas as graças são encargos”, apontou D. Manuel Clemente.

 

Alargar a obra de Cristo no mundo

Neste encontro no Pavilhão Desportivo ACD Milharado, o Cardeal-Patriarca falou também da missão da Igreja. “A vida da Igreja não é outra coisa se não a reprodução e o alargamento de uma vida que começou neste mundo há dois mil anos, que é a vida de Jesus Cristo. Gosto de frisar este aspeto, até à exaustão! Tudo aquilo que nós fazemos em Igreja, como batizados, é alargarmos a obra de Jesus Cristo no mundo. Só assim é legítimo”, sublinhou D. Manuel Clemente, lembrando que “também já tinha referido este ponto no encontro vicarial com o sector sociocaritativo”.

O Cardeal-Patriarca reforçou que “o cristão não vive a partir de um livro” mas “de uma Pessoa”. “Nós somos a religião de uma Pessoa. A nossa relação com Deus não se faz através de um livro, faz-se através de uma Pessoa. Nós somos a Pessoa de Jesus Cristo no mundo. E isto mesmo alargado no seu Corpo que é a Igreja. Cristo Ressuscitado tem hoje, em cada um de nós, olhos para ver, mãos para estender, pés para andar, coração para sentir. Nós somos o Corpo de Cristo no mundo”, frisou.

 

Fazer eco

Aos muitos catequistas da Vigararia de Mafra que marcaram presença neste encontro, D. Manuel Clemente lembrou que “a palavra catequese significa fazer eco”. “A catequese é Jesus Cristo naquilo que disse, que continua a dizer e no eco das suas palavras na vida das pessoas. Agora vejam, dois mil anos de eco”, gracejou, sublinhando que “a voz é tão potente e tão forte que o eco é constante e vai chegar não só aos confins da terra como aos confins dos espaços siderais”. A catequese é, portanto, “fazer eco daquilo que Jesus disse para que chegue a todo o lado, em quantidade e em qualidade”. “Essa é a atualidade da catequese – deste eco das palavras de Jesus –, porque a atualidade de hoje não é a do tempo em que eu entrei para a catequese, em 1954. O nosso mundo é outro, a maneira de comunicar é outra e as palavras de Jesus e o eco dessas palavras têm que chegar a mais realidades humanas e sociais do que na altura”, apontou.

Na Diocese de Lisboa existem hoje cerca de sete mil catequistas e a catequese tem uma estruturação muito recente. “A catequese como a conhecemos hoje, como está organizada, é muito recente. Esta organização, paróquia por paróquia, com catequistas, com reuniões e formação de catequistas, e com tempos de catequese – atenção, que nunca direi aulas! –, tudo isto é muito recente, não tem um século sequer”, lembrou o Cardeal-Patriarca, recordando-se que “os primeiros catecismos nacionais, como nós os conhecemos hoje, só apareceram em 1953”. “Estas coisas aprendiam-se em casa, porque os pais tinham a obrigação de transmitir aos filhos a doutrina. Demorou muito tempo a consciencializar que a situação era outra, que a realidade estava mais complexa e que era preciso que este eco das palavras de Jesus Cristo, que é a catequese, de uma maneira mais sistemática, organizada, localizada, se levasse por diante”, justificou.

 

Números entusiasmantes

Sobre os números da catequese nas 16 paróquias (Alcainça, Azueira, Carvoeira, Cheleiros, Encarnação, Enxara do Bispo, Ericeira, Gradil, Igreja Nova, Mafra, Malveira, Milharado, Santo Isidoro, Sobral da Abelheira, Venda do Pinheiro e Vila Franca do Rosário) que compõem a Vigararia de Mafra, e que foram apresentados no início deste encontro vicarial (ver caixa), D. Manuel Clemente considerou-os “muito entusiasmantes para a generalidade do país”. “Nos anos 50, no pico desta organização da catequese, não se atingiam metade das crianças em idade de catequese”, referiu.

Na sua intervenção, o Cardeal-Patriarca lamentou ainda a perda de influência dos pais na educação cristã dos filhos. “Já não podemos contar com as famílias – como se pensava nos séculos transatos – como os grandes elos da transmissão da fé e da doutrina. Muitas das famílias provêm de famílias onde não houve catequese. E cada vez mais. Além daquelas famílias que vêm de outras latitudes que nunca tiveram catequese porque não são de tradição cristã. Hoje estamos num mundo em que é preciso aquilo que o Papa João Paulo II chamava, no que diz respeito à catequese e à vida da Igreja em geral, de nova evangelização”, apontou. O Cardeal-Patriarca explicou depois o que o Papa polaco entendia por nova evangelização. “João Paulo II referiu no Haiti, e depois repetiu muitas vezes, que a evangelização tem de ser nova no ardor – na vontade de fazer eco às palavras de Cristo –, nova nas expressões – porque a maneira de comunicar, hoje, não é a de outros tempos – e tem também de ser nova nos métodos, encontrando metodologias e maneiras de fazer catequese próprias do tempo de hoje”, desenvolveu.

  

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Uma catequese estabilizada

A Vigararia de Mafra tem uma população superior a 81 mil pessoas, sendo que 12,98% tem entre os 6 e os 17 anos, o que representa “mais de 10 mil crianças e adolescentes que podem frequentar a catequese”, referiu Sofia Parente, no início do encontro vicarial sobre a catequese. “A taxa de frequência na catequese paroquial na nossa vigararia é de 25,78% de crianças, correspondendo, neste ano, a 2743 catequizandos, com um rácio de um catequista para sete crianças”, acrescentou esta leiga, frisando que, “nos últimos anos, a tendência é de crescimento, uma vez que em 2012 havia 2675 crianças na catequese”. Ao longo dos últimos cinco anos, os número dizem que “tem havido alguma estabilidade” no número de catequistas na Vigararia de Mafra. “Em 2012, éramos 387, atualmente, 400, o que mostra uma tendência de crescimento”, revelou ainda Sofia Parente.

Nesta meia década, nas 16 paróquias que constituem a Vigararia de Mafra, houve 1771 Primeiras Comunhões e 546 Crismas. “Na vigararia, tem havido uma estabilidade geral, quer face ao número de catequistas quer face ao número de crianças que frequentam a catequese. Assistimos também a uma ligeira tendência de crescimento, que tem a ver com o próprio crescimento que a população de Mafra tem tido”, concluiu Sofia Parente.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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