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Roma
“Quando o ser humano quebra a comunhão com Deus, perde a sua beleza originária”
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O Papa Francisco deixou um alerta. Na semana em que pediu a abertura de canais humanitários para quem foge da guerra, o Papa visitou uma paróquia de Roma, alertou para a tragédia dos meninos soldado no Congo e viu ser inaugurada no México uma estátua sua.

 

1. O Papa Francisco alertou para a quebra da comunhão com Deus. “Quando o ser humano quebra a comunhão com Deus, perde a sua beleza originária e acaba por desfigurar tudo ao seu redor. Resultado: um pranto geral! Tudo geme: geme a criação, gememos nós, seres humanos, e geme até o Espírito Santo dentro de nós. São Paulo convida-nos a ouvir com atenção estes gemidos, porque não se trata de lamentações estéreis ou desesperadas; lembram mais os gemidos duma mulher com as dores do parto: são gemidos de quem sofre, mas sabe que está para vir à luz uma nova vida. Na verdade, sofremos ainda as consequências do nosso pecado e, ao nosso redor, são palpáveis os efeitos dos abusos contra a criação”, começou por referir o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 22 de fevereiro. Nesta catequese, que decorreu novamente na Praça de São Pedro, Francisco sublinhou a missão dos cristãos. “O cristão não vive fora do mundo, sabe reconhecer na própria vida e naquilo que o rodeia os sinais do mal, do egoísmo e do pecado. É solidário com quem sofre, com quem chora, com quem está marginalizado, com quem se sente desesperado. Ao mesmo tempo, porém, o cristão aprendeu a ler tudo isso à luz da Páscoa, com os olhos de Cristo Ressuscitado, e sabe que o presente é tempo de expetativa, tempo animado por um anseio que vai para além do presente. Na esperança, sabemos que o Senhor quer curar definitivamente, com a sua misericórdia, os corações feridos e humilhados e aquilo que o homem deturpou com a sua impiedade, tudo regenerando num mundo novo e numa humanidade nova reconciliados finalmente no seu amor. E, contudo, muitas vezes também nós, cristãos, somos tentados pelo desânimo, pelo pessimismo, caindo em inúteis lamentações ou ficando sem saber que pedir ou esperar”, apontou.

 

2. O Papa apelou ao acolhimento dos que fogem da guerra e da violência, alertando para as consequências da concentração da riqueza em “pequenos grupos” de pessoas. “É preciso abrir canais humanitários acessíveis e seguros para os que fogem da guerra e de perseguições terríveis, muitas vezes presos nas teias de organização criminosas sem escrúpulos”, declarou, no passado dia 21, num discurso aos participantes do 6º Fórum Internacional ‘Migrações e Paz’, que decorreu em Roma. Francisco referiu que, em grande parte dos casos, as deslocações de populações são “forçadas”, tendo na sua origem “conflitos, desastres naturais, perseguições, mudanças climáticas, pobreza extrema e condições de vida indigna”. “Proteger estes irmãos e irmãs é um imperativo moral que se deve traduzir na adoção de instrumentos jurídicos, internacionais e nacionais, claros e pertinentes”, sustentou, defendendo uma melhor distribuição da riqueza mundial. “Um pequeno grupo de pessoas não pode controlar os recursos de meio mundo. Pessoas e povos inteiros não têm apenas direito a recolher as migalhas”, alertou. Toda a intervenção do Papa Francisco centrou-se em quatro verbos: “acolher, proteger, promover e integrar”.

 

3. Na tarde do passado Domingo, o Papa fez uma Visita Pastoral à paróquia romana de Santa Maria Josefa do Coração de Jesus. Francisco saiu do Vaticano pelas 15h00 e foi acolhido por milhares de fiéis, nas ruas e na igreja. Nas varandas dos apartamentos vizinhos, foram colocadas várias faixas com a inscrição ‘Viva o Papa’. No salão paroquial, Francisco encontrou-se com as crianças de 6 a 11 anos, que lhe fizeram várias perguntas, tais como se era preciso pagar para ser Papa, como foi eleito ou qual os momentos mais difíceis da sua vida. O Santo Padre encontrou-se depois com os idosos, os doentes, os casais que batizaram os filhos no mês passado e as famílias ajudadas pela Cáritas.

Nesta visita a uma paróquia romana, visitada pelo Papa João Paulo II, em dezembro de 2001, o Papa presidiu depois à Eucaristia. “As leituras de hoje contêm uma mensagem única. A primeira leitura diz-nos para sermos santos, porque o nosso Deus é Santo. No Evangelho, Jesus diz-nos para sermos perfeitos como o Pai do Céu. Este é um programa de vida”, frisou, na homilia. Para o Papa, deve-se “perdoar no coração”. “O perdão é o caminho da santidade. Isso distancia das guerras. Se todos os homens e mulheres do mundo aprendessem isso não existiriam guerras. A guerra começa na amargura, no rancor, no desejo de vingança. E isso destrói famílias, amizades, bairros, destrói muito”, alertou, convidando a “amar os inimigos e rezar por eles”, porque “a oração é potente, vence o mal e traz a paz”.

 

4. O Papa alertou para a tragédia dos meninos soldado na República Democrática do Congo. “Sinto uma forte dor pelas vítimas, especialmente, pelas crianças tiradas às famílias e à escola, para serem usadas como soldados. Isto é uma tragédia: meninos soldado!”, exclamou o Papa, durante o Angelus, no passado Domingo, 19 de fevereiro, lamentando as notícias de confrontos violentos na região do Kasai Central, naquele país.

Francisco lembrou ainda que os católicos são chamados a responder com atos de “bem” aos que os caluniam, sublinhando que a justiça proposta por Cristo exclui qualquer ato de “vingança”.

 

5. Uma estátua de quatro metros do Papa Francisco, com um braço erguido e uma pomba da paz na mão, foi inaugurada dia 17, em Ciudad Juarez, no lado mexicano da fronteira com o Texas, nos Estados Unidos. “É um símbolo de amor, bondade e solidariedade”, disse o escultor Pedro Francisco Martinez, referido que a obra lhe foi encomendada por um conjunto de empresários locais, para homenagear o Papa, a pedido do presidente da Câmara Nacional de Comércio de Cidade Juarez, cidade que o Papa visitou quando foi ao México há um ano, em fevereiro de 2016.

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