Perante tão ilustre e preenchida assembleia neste concerto comemorativo do octogésimo aniversário da Rádio Renascença, permito-me a pergunta: – Que razão profunda nos traz aqui e que motivo tão compartilhado o poderá explicar?
Na verdade, coisas destas não são assim tão habituais para tanta quantidade e qualidade de presenças. É certo que instituições de vário tipo, com oito décadas cumpridas, são felizmente mais na sociedade portuguesa. Mas são geralmente setoriais e, como se diz, têm o seu público.
Como não podia deixar de ser, foram convidados para este concerto todos os colaboradores e amigos da Renascença. Lembro os que já partiram e saúdo com muita amizade os que hoje lhe dão vida. Vida que de todos parte e a tantos chega, generosa e criativa.
A Rádio Renascença e agora o Grupo Renascença são definidamente uma instituição da Igreja Católica em Portugal. Nomes fundacionais como Monsenhor Lopes da Cruz e o Cardeal Cerejeira garantiram-lhe essa natureza, e assim fazem os seus sucessores, na hierarquia eclesial e na gerência da emissora.
O Cardeal Cerejeira desejou que a Rádio Renascença competisse em perfeição técnica com qualquer outra, que visse longe e largo, com coragem, largueza e confiança (19 de março de 1934). Tantos anos depois, damos graças a Deus, porque o desígnio foi cumprido. A Renascença é tecnicamente capaz, responde aos apelos do tempo e das procuras, diversa mas concorde, confiante no futuro que cada dia conquista.
A Renascença incarna e retoma no seu historial de décadas o que o catolicismo português tem de mais “católico”, também no sentido sociocultural do termo, isto é, definido na natureza e alargado na projeção. Por isso mesmo tem feito e quer fazer “das alegrias e das esperanças, das tristezas e das angústias” da sociedade em geral as suas causas também, para acompanhar e animar, para esclarecer e ajudar a resolver, para inspirar evangelicamente o curto, médio e longo prazo do que somos e queremos ser.
Ao longo de várias situações sociopolíticas da história nacional e internacional. Ao longo de várias etapas eclesiais, como o foram a “renascença católica” dos anos trinta do século passado, de que aliás também tirou o nome; do pós-segunda guerra mundial ao Vaticano II e ao pós-concílio; antes, durante e depois de 1974 e desde então ao novo século e aos nossos dias: muito e muitíssimo do que em Portugal foi notícia, debate, música, desporto, distensão ou oração teve e tem na Renascença a voz ou o eco, a palavra e a mensagem.
Nunca lhe faltou vontade de acertar, nunca lhe faltaram responsáveis e profissionais dedicados. Foi escola de muitos que, permanecendo nela, ou partindo para outras congéneres no vasto campo do audiovisual, foram e são o melhor certificado da qualidade da emissora onde aprenderam ou cresceram.
A versatilidade demonstrada em atrair novos públicos e diversificar a oferta, do gosto dos mais novos à saudade dos que são novos há mais tempo, dos que preferem música aos que insistem em palavra e debate, tudo lhe tem garantido continuidade e mesmo o salto em frente que verificamos hoje.
A programação especificamente religiosa que inclui não lhe retira, antes acentua, a marca “católica” que transparecerá no todo. E exatamente por ser assim, do universal de Deus para a universalidade humana, como evangelicamente se conjugam. Entrando em casa de cada ouvinte, é companhia para tantos que estão sós; acompanhando nas viagens, faz do tráfego convivência; lançando campanhas solidárias, acresce-nos como sociedade, uns com os outros e de todos para todos.
É por tudo isto, certamente, que a pergunta com que comecei tem resposta: Somos tantos hoje e aqui, porque muitos fomos, somos e seremos da família Renascença. E é por isso também que os seus oitenta anos, com a sabedoria que a idade lhe dá, a tornam anda mais jovem, na fonte permanente donde continua a brotar.
– Parabéns à Renascença, parabéns a todos!
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