Missão |
Madalena Menezes, voluntária da Associação Casa Velha e da FEC
“Sê tu própria o testemunho!”
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Madalena Menezes nasceu a 13 de maio de 1992, em Lisboa. É de uma família portuguesa e francesa e diz que herdou a determinação dos seus irmãos, o brio da sua mãe e a criatividade do seu pai. Frequenta atualmente o curso de Estudos Gerais na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e é voluntária da Associação Casa Velha e da FEC.

 

Estudou no Liceu Francês Charles Lepierre e, devido às suas boas notas, teve bolsa total. No secundário, quis mudar para uma escola pública e foi para a Escola Secundária Rainha Dona Amélia, o que acabou por ser um grande choque e uma altura de grandes mudanças. Aos nove anos, perdeu o seu pai e diz-nos o que sentiu nessa altura: “Doeu um bocadinho mas lembro-me que na altura lidei muito bem, andava com fotografias dele para todo o lado para lhe mostrar o meu mundo e falar dele a outras pessoas. Comecei a crescer, a questionar muitas coisas, a sentir muito a sua falta e tranquei essa porta durante muitos anos: recusava-me a falar sobre isto. Foi a introdução da questão de justiça na minha vida.” Apesar de os seus pais terem frequentado a catequese grande parte das suas vidas, nenhum deles acreditava em Deus e por isso não batizaram os seus filhos. “Lembro-me bem da primeira comunhão das minhas amigas e de me infiltrar na catequese. Foram as primeiras missas a que dei importância, talvez mais por partilhar aquela ‘magia’ com as minhas amigas, e rapidamente pedi para ser batizada. A minha mãe explicou-me que podia ser, claro, mas só quando fosse mais crescida, para perceber que é preciso conhecer Jesus e assumir um verdadeiro compromisso. Foi a primeira vez que confrontei a liberdade. Acho que houve sempre uma grande necessidade de conhecer as minhas e as nossas origens. Isso e um enorme rasgo de ‘gratidão infinita’ em mim. E, à medida que fui crescendo, fui reparando ao pormenor nas graças todas que me fizeram crescer e que me iam suportando constantemente. Antes de Lhe dar nome, já me sentia em ‘dívida’: ao mundo, à terra e às pessoas. E é muito bom olhar para trás e perceber que mesmo antes de O conhecer, Ele me foi preparando para o (s) nosso (s) encontro (s), com tantas Graças. E me fez querer ser útil e cuidar as pessoas”, partilha. No dia 24 de Maio de 2015 foi finalmente batizada, e fez a Primeira Comunhão e o Crisma.

 

Ser a mudança que se quer viver

“Uma vez um amigo disse-me uma coisa que resume isto tudo: ‘Pára de querer testemunhar e sê tu própria o testemunho’. Que também se pode ler: ‘Sê a mudança que queres viver!’ E assim começou a minha aventura de querer ser ponte no mundo, entre quem tem e quem precisa, quem somos e quem podemos ser. E essa missão acontece todos os dias, onde quer que esteja. Desde cedo me desmistificaram que para mudar o mundo não é preciso ir muito longe e que ajudar alguém verdadeiramente não passa por projetarmos a nossa solução mas por conhecermos a realidade a fundo e, ao Seu ritmo, ir agindo conforme o que é (mais) preciso. Sinto-me uma privilegiada, por tudo mas sobretudo por todas as pessoas com quem já me cruzei e que já são eternas no meu coração. Acredito que nada é linear na vida, só Deus. Só Ele é certo e não muda, e por isso mesmo podemos mudar e crescer, firmes n’Ele, sem medo. Acho que a minha vida deu uma volta quando percebi isso, e que Deus está e é em tudo - por isso, tudo é uno e não preciso de pôr nada em caixinhas”, conta-nos. Sente que a sua formação foi excelente e a par da vida em família, da escola e da faculdade e que sempre foi desafiada a trabalhar em pequenos trabalhos que foram ‘afinando’ a sua comunicação com os outros. “Foi através da Companhia de Jesus que fui crescendo a nível humano e espiritual. E finalmente percebi que a Vida só tem Graça quando é para os outros.” Pouco tempo depois, entrou para o GAS’Nova e questionou e reafirmou a sua fé, fazendo um caminho muito especial. Fez a sua primeira peregrinação a Santiago de Compostela com eles e diz-nos que também aprendeu muito sobre autogestão, partilha, angariação de fundos e trabalho em equipa.

 

Ser voluntária

Na Academia de Verão (2014) conheceu a Margarida Alvim e apaixonou-se pela Ecologia, na sua integralidade. “Fiquei desejosa por conhecer a Casa Velha mas foi só na Páscoa de 2015 que aterrei neste paraíso na terra. E tem sido uma valsa celestial no meu coração sempre que penso que estou a poucos dias de lá voltar. É sempre uma viagem às origens, à terra, às pessoas e um reencontro especial com Deus. Trabalhamos todas as dimensões do ser, com os outros e para os outros. Sem controlo absolutamente nenhum, é deixa-Lo ser e deixá-Lo fazer para nos levar onde tiver(mos) de ir. E claro que com tanto bem recebido, só quero servir a Casa Velha e todos os peregrinos (oficiais e amadores) que lá passam. Tento ajudar no backup das actividades sempre que posso e entretanto já animei dois campos de férias da Casa Velha, já participei numa segunda Páscoa e agora sou Atravessada e estou a preparar a Páscoa com eles. Tem sido uma alegria enorme!” Envolveu-se também com a FEC, no projeto Juntos Pela Mudança: “A Margarida passou-me toda a informação que eu podia pedir e mais ainda, a equipa recebeu-me melhor do que poderia sonhar, e ainda não havia prazos nenhuns a apertar, ou seja, pude entrar e ir percebendo as coisas ao meu ritmo. Outra coisa muito boa para uma primeira experiência neste mundo das ONGDs é que entrei na reta final. Não só pude saborear muitas conquistas do projecto como me tirou muitos medos de principiante (nada dependia de mim e já era mais que certo que tudo ia correr muito bem) e isso é uma graça enorme. E também um privilégio! Que me fez querer responder mais e melhor a tanta confiança. Os artigos eram para complementar os vídeos, aos quais chamamos ‘storytelling’. Acabaram por não ser assim tantos artigos mas tenho ajudado o ‘storytelling’ noutras coisas: transcrições e traduções. Tem sido uma escola, de humildade e paciência. E os vídeos, cada um a seu tempo, uma inspiração! O talento da Patrícia Pedrosa, que é a realizadora, ajuda muito! Para além disso tem sido mesmo especial ouvir tantas histórias, tão diferentes e ao mesmo tempo todas igualmente boas. É giro perceber que mesmo não estando diretamente relacionadas, todas se complementam. Porque respeitam uma coisa muito maior, que é a Vida da Criação. A Caminhada pela Mudança tem sido uma loucura (das boas). Começou com um guião feito pelos voluntários (que me obrigou a ler a Encíclica Laudato Si') e agora está na fase de preparação de um grande acampamento em Maio. Grande sobretudo em qualidade, estou mesmo orgulhosa da equipa de sonho que a FEC (des)encantou. Mais uma vez tem sido incrível acompanhar este projecto, faz-me muito agradecida, responsável e apaixonada pela(s) mudança(s). Que encaro como crescimento, porque acredito que é sempre para melhor. No fim disto tudo, como se ainda não chegasse, vamos todos a Fátima, ter com o Papa Francisco!”

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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