Lisboa |
Inauguração do Centro de Dia de Tercena, na Paróquia de Barcarena, em Oeiras
Uma obra que fortalece a união entre paróquia e centro social
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Na inauguração do Centro de Dia de Tercena, na Paróquia de Barcarena, o Cardeal-Patriarca de Lisboa definiu a obra como sinal da “ação de Cristo, tal como há dois mil anos”. Para o pároco, padre Mário Silva, esta “obra inadiável” veio trazer maior dignidade aos idosos, mas também revigorar a ligação entre a instituição e a paróquia.

 

A história do melhoramento das instalações do Centro de Dia de Tercena começou há cinco anos e oito meses – data em que o padre Mário Faria Silva chegou à Paróquia de Barcarena. O centro de dia cedo se tornou numa das prioridades do novo pároco. Mais do que urgente, esta foi uma “obra inadiável”. “Os idosos moravam na sala de baixo, com a porta constantemente a abrir, cheios de frio. As casas de banho eram exíguas e nada adaptadas. Não existia nenhum local apropriado para a troca de fraldas e para tomar banho. A cozinha, também exígua, e a sala de jantar situavam-se no piso de cima, com acesso por dois vãos de escada. Alguns dos idosos já não conseguiam ir almoçar ao refeitório. Faziam-se milagres todos os dias”, lembrou o pároco de Barcarena, na cerimónia de inauguração das novas instalações do centro de dia, que recebe diariamente cerca de 40 utentes.

Durante os últimos anos, as exigências sociais também foram pedindo uma maior resposta por parte desta valência do Centro Social e Paroquial de Barcarena, que confeciona diariamente cerca de 140 refeições, agora numa “cozinha largamente ampliada”, referiu, satisfeito, o sacerdote. Deste número, 70 refeições destinam-se para o serviço de apoio domiciliário e cerca de 35 vão para famílias em situação de carência. “Estou feliz neste dia, como julgo que também estão os nossos idosos que tanto merecem”, partilhou o padre Mário, de 59 anos, na cerimónia de bênção e inauguração das novas instalações do Centro de Dia de Tercena.

 

O mesmo Espírito

Presente na inauguração, na tarde do passado dia 5 de maio, o Cardeal-Patriarca de Lisboa sublinhou que o Centro de Dia de Tercena é “a ação de Cristo, tal como há dois mil anos”. “É pelo Espírito de Jesus Cristo que as coisas cristãs nascem. Uma comunidade cristã que vive deste Espírito e abençoa esta casa e tantas vidas reproduz aquela que é a ação de Cristo. Exatamente a mesma coisa”, apontou D. Manuel Clemente, concretizando os gestos onde Jesus se torna presente no mundo de hoje: “Jesus falou. A Igreja de Jesus Cristo fala e diz as palavras d’Ele; Jesus Cristo rezou. A Igreja reza; Jesus Cristo ajudou, aproximou-se, apoiou, curou. Aqueles que recebem o Espírito de Jesus Cristo aproximam e ajudam a curar. Isto é o sentido de uma comunidade cristã como acontece aqui, em Barcarena, neste lugar”.

 

Deus connosco cria o futuro

O Centro de Dia de Tercena, que está localizado em instalações contiguas à igreja de Santo António, construída em 1752, é sinal de persistência contra as adversidades, físicas mas não só. “Esta igreja aguentou-se bem, porque alguns anos depois houve um terramoto que deu cabo de muita coisa. As coisas de Cristo aguentam-se! Esta é uma casa de oração que está de pé”, constatou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, apontando a missão da renovada valência. “Aqui está o centro que reproduz também o Espírito de Jesus Cristo, o que Ele fez para apoiar as pessoas. É aqui que nós nos reconhecemos. É este o serviço que os cristãos, enquanto tais, no Espírito de Jesus Cristo, fazem à sociedade, onde estão: dizem as palavras de Cristo, rezam com Cristo e ajudam a rezar e ajudam, como Jesus Cristo fez. E quando isto é assim, ainda mais do que a casa material, sentimo-nos em casa, naquela casa que o Espírito de Jesus Cristo proporciona a todo homem e mulher deste mundo. Estamos bem, sentimo-nos identificados, estamos seguros daquela segurança que venceu a própria morte! Deus connosco cria o futuro! Se já viemos até aqui, iremos muito mais longe... até onde Deus quiser e Deus quer chegar a todos e para o bem de todos”, concluiu D. Manuel Clemente, após descerrar da placa de inauguração.

 

Construção de comunidade

Para o pároco de Barcarena, a obra do remodelado Centro de Dia de Tercena não se refere apenas aos trabalhos de construção civil. A obra faz-se também na maior aproximação da paróquia com a instituição de solidariedade social. “Havia uma separação enorme entre paróquia e centro social e paroquial”, argumenta ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Mário Silva, explicando que um dos seus maiores receios “foi o de saber se as pessoas iriam aceitar que estivesse a mexer nas instalações anexas à igreja, porque parte das casas de banho eram salas de catequese”, explica. Atualmente, “a catequese utiliza as salas do centro de dia porque ao sábado não estão lá os idosos”. Para além disso, com estas novas condições, “todos os dias as pessoas vão rezar o Terço ao centro de dia e os idosos participaram, por exemplo, na construção de pinturas para o Centenário das Aparições. Há confissões e distribuição da comunhão aos idosos”, descreve o pároco.

 

Polo único

As condições “indignas” com que o padre Mário Silva se deparou, em 2011, no Centro de Dia de Tercena fizeram-no colocar, de imediato, as ‘mãos à obra’. “Não eram obras de grande vulto. Estamos a falar de cerca de 200 mil euros”, revelou ao Jornal VOZ DA VERDADE, explicando que foi possível “suportar as despesas, sem serem necessários empréstimos”, devido à venda de uma antiga residência que também serviu de lar e contando com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras, da Junta de Freguesia de Barcarena e também da campanha ‘O centro é de todos’ (ver caixa), que angariou cerca de 20 mil euros. “Gerir um centro social é muito minucioso, faz-se com ‘pinças’ porque não pode dar prejuízo. Temos que ter sempre a capacidade de investir na melhoria dos serviços. A isso chamo-lhe sustentabilidade”, explica o padre Mário, apontando o próximo objetivo da instituição social a que preside: “A freguesia de Barcarena é uma manta de retalhos. O IC 19 e a Auto Estrada veio desconfigurar muito a freguesia. Na sua origem foi uma freguesia predominantemente rural. Temos uma população de reformas baixíssimas, que trabalharam em muitas das empresas que existiam na zona”, descreve.

Tal como a freguesia, também a paróquia se encontra dividida geograficamente e dispersa por cinco lugares. “Sempre quis começar a fazer um polo único para o Centro Social e Paroquial de Barcarena, para que fosse mais sustentável”, refere o pároco, anunciando que a primeira fase desse novo projeto, destinado aos serviços administrativos e às valências de creche e pré-escolar, está com “grandes progressos”. “A segunda fase virá depois, mas já não é para mim”, graceja.

 

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‘O centro é de todos!’

Com a finalidade de angariar fundos para remodelar o Centro de Dia de Tercena, o Centro Social e Paroquial de Barcarena elaborou um plano de comunicação que “envolveu a comunidade” nesse objetivo, explicou o responsável de Marketing e Comunicação da instituição, Tiago Rodrigues, durante a Jornada Diocesana da Comunicação, em fevereiro. ‘O centro é de todos’ foi o nome da campanha que contou com criação de um logótipo, site, vídeos, flyers, cartazes, parcerias locais, campanhas de divulgação e a ajuda da ‘madrinha’, a apresentadora Mónica Jardim. No total, foi possível angariar aproximadamente 20 mil euros.

Para o padre Mário Faria Silva, pároco de Barcarena, a campanha “ultrapassou todas as expectativas”. O sucesso desta iniciativa, segundo este sacerdote, passou pelo facto de “os idosos sentirem que precisam de ser acarinhados e os familiares dos idosos sentirem que vão chegar a velhos”. “Acredito que foi isso. A realidade é que nós envelhecemos e essa realidade fala por si, é uma realidade que toca, que está aqui ao nosso lado”, explicou ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Mário, referindo que a campanha ‘O centro é de todos’ tem a última atividade marcada para o dia 18 de junho, Domingo, com um almoço solidário.

 

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Saiba mais sobre o Centro Social e Paroquial de Barcarena:

www.cspbarcarena.pt

texto e fotos por Filipe Teixeira
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