Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Desconfiados ou confiantes?
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Não raras vezes – sobretudo quando sobrevém uma grande catástrofe natural ou quando somos confrontados com uma série de mortes inocentes (como aconteceu com os recentes incêndios de Pedrógão); ou quando a vida de alguém (nossa ou de um próximo) parece ruir de repente – somos assaltados por aquela desconfiança radical do sem sentido da existência e, o que é pior, da não existência do Deus de amor.

Tudo parece desabar; perdemos o pouco que ainda parecia ser firme e a que nos podíamos segurar. A vida nem sequer parece ser semelhante ao bote que navega errante ao sabor das ondas do oceano; parece antes afundar-se sem remédio.

“Homem de pouca fé” – disse um dia Jesus a Pedro, quando, caminhando sobre o mar, o discípulo sentiu faltarem-lhe as forças físicas e, sobretudo, a força interior da fé, esquecendo que o Senhor estava ali ao seu lado, estendendo-lhe a mão. Nestas ocasiões, facilmente ouvimos alguém perguntar: se Deus existe, onde estava Ele? E facilmente nós, os crentes, interrogamos: onde estavas tu, Senhor? Para onde olhavam naquele momento os teus olhos?

A pergunta permanece desde sempre; e a resposta apenas pode ser procurada na cruz de Jesus. Porque o Senhor estava ali, bem presente naqueles que ajudavam e socorriam os irmãos e, principalmente, nos próprios que sofriam a catástrofe – porque Jesus é, por excelência, o condenado inocente.

A questão é a do ponto de partida em que nos colocamos: é Deus quem se deve justificar diante do ser humano, ou somos nós que nos devemos entregar confiantes nos seus braços “como criança ao colo da mãe”? O mesmo é dizer: adolescentes desconfiados (senão mesmo com a certeza íntima – ainda que falsa – da maldade dos pais), ou crianças simples que se deixam vencer pelo amor transbordante da mãe ou do pai, e lhes entrega sem reservas a sua vida?

Pode parecer que nós, seres humanos, já somos suficientemente adultos para saber, querer e decidir – exactamente como os adolescentes que pensando desse modo caminham para a perdição. Pode parecer que deixámos de ser crianças e, agora, estamos em pé de igualdade com Deus: que Ele se deve, neste momento, justificar diante da nossa razão ou do nosso sentimento. Mas seremos assim tão adultos diante de Deus?

Como quer que seja, uma coisa me parece essencial: do amor não se desconfia. E do Deus de amor – e do seu amor por nós – tudo brota. Queremos apostar no amor ou viver sempre desconfiados de que ninguém, afinal, nos ama?

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