Tomar a cruz e fazer de cada momento “uma entrega a Deus e aos outros” foi o desafio deixado pelo Cardeal-Patriarca na celebração das ordenações, no passado Domingo. Aos cinco novos padres e quatro diáconos permanentes, D. Manuel Clemente convidou-os a configurar o seu ministério a partir da cruz de Cristo.
Foram centenas os fiéis, vindos de toda a diocese (e não só), que acorreram ao Mosteiro dos Jerónimos, na tarde de Domingo, 2 de julho, para testemunharem as ordenações de cinco novos sacerdotes e quatro diáconos permanentes. Na celebração, o Cardeal-Patriarca de Lisboa começou por destacar, a partir do Evangelho da celebração, a missão de todos os batizados. “Para todos, para cada um, trata-se de seguir a Cristo, no modo particular que esse seguimento implique. Mas, para cristãos leigos, cristãos especialmente consagrados, ou ministros ordenados, o essencial é idêntico. E traduz-se no que acabámos de ouvir: «Quem não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. Quem encontrar a sua vida há de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa há de encontrá-la»”, lembrou D. Manuel Clemente, nesta celebração que foi concelebrada pelos Bispos Auxiliares de Lisboa, D. Joaquim Mendes, D. Nuno Brás e D. José Traquina, por D. João Marcos, Bispo de Beja, e ainda por diversos sacerdotes da diocese.
A cruz foi o tema central da homilia do Cardeal-Patriarca, que afirmou que o seguimento do Senhor, “tomando a cruz de cada dia, fazendo de cada momento uma entrega a Deus e aos outros”, é a “vocação de todos os batizados”. Apenas desta forma “‘ganharemos o mundo inteiro’, quando tudo for caridade, essa mesma que nunca acaba em profundidade e extensão. A eternidade é do tamanho da entrega. Do tamanho da cruz”, sublinhou D. Manuel Clemente, reforçando ser esta a “irredutível condição batismal”. “Morrer com Cristo para todo e qualquer tipo de egoísmo e renascer com Cristo para toda e qualquer forma de caridade, espontânea ou urgente, em cada estado e condição de vida e chamamento divino”, garantiu.
Apontar para o alto
Ao serviço do Patriarcado de Lisboa ficam quatro novos padres: Pedro Tavares e Miguel Vasconcelos (do Seminário dos Olivais) e Lúcio dos Santos e Marco Leotta (do Seminário Redemptoris Mater). Na mesma celebração foi também ordenado presbítero o diácono Rui Fernandes, natural de Torres Vedras e religioso da Sociedade Missionária da Boa Nova (ver caixa). A partir da forma da cruz, o Cardeal-Patriarca de Lisboa configurou “sacramentalmente” cada um dos novos ministérios. Na homilia D. Manuel Clemente começou pela “nova verticalidade” do “presbítero celibatário” que “sempre aponta para o alto, abrindo todas as ocasiões da vida àquele maior cume em que realmente ‘só Deus basta’”. “Tudo o que é bom na vida temporal, do nascer ao crescer e amadurecer, trabalhar e constituir família, conviver e criar – tudo é bom como começo e exercício, mas jamais tomado como fim em si mesmo”, referiu o Cardeal-Patriarca lembrando que, “para poder ser direto e constante familiar de todos”, Jesus Cristo não constituiu família, abrindo “um céu de esperança e eternidade em tantas situações de tristeza ou limite”.
A finalidade do sacerdócio, que “assinala e eleva, verticaliza as vidas”, foi também sublinhada na homilia. “Onde, de verdade, chega um sacerdote, as palavras ganham o sentido último, os gestos assinalam atitudes definitivas, a esperança reabre-se, as coisas transmudam-se em sacramentos e tudo culmina em louvor e ação de graças”, explanou D. Manuel Clemente, apontando a “caridade consistente e prática” como “a mais alta elevação da virtude, também na vida sacerdotal e pastoral”.
Imitar Cristo
Partindo do “segmento horizontal da Cruz” – “braço estendido de Cristo a todas as necessidades humanas” –, o Cardeal-Patriarca dirigiu-se aos quatro novos diáconos permanentes do Patriarcado de Lisboa: António Rebelo (Paróquia da Benedita), Emanuel Sousa (Paróquia de Algueirão - Mem Martins - Mercês), Rui Silva (Paróquia de Paço de Arcos) e Vasco d’Avillez (Unidade Pastoral de Sintra), para “divisar sacramentalmente” o primeiro grau da ordem. “A apresentação sacramental de Cristo como sacerdote e pastor, própria de bispos e presbíteros, deve ser complementada com a de Cristo servo. E, assim como o ministério sacerdotal liberta o espírito de todos para o louvor divino, também o ministério diaconal – que bispos e presbíteros também receberam – estimula a comunidade inteira para imitar a Cristo”, sublinhou D. Manuel Clemente.
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Missas Novas
Os sacerdotes que foram ordenados no passado Domingo, 2 de julho, no Mosteiro dos Jerónimos, vão celebrar as respetivas Missas Novas nos próximos dias.
- Padre Miguel Vasconcelos: 8 de julho, sábado, às 17h00, na igreja da Boa Nova, no Estoril
- Padre Lúcio dos Santos: 9 de julho, Domingo, às 10h30, na igreja de Manique do Intendente
- Padre Pedro Tavares: 9 de julho, Domingo, às 16h00, na igreja de São Pedro, Peniche
- Padre Rui Ferreira, smbn: 9 de julho, Domingo, às 16h30, na igreja de Santa Cruz, Silveira, Torres Vedras
- Padre Marco Leotta: 15 de julho, sábado, às 17h30, na igreja da Benedita
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Transmissão online com mais de 8 mil visualizações
A transmissão em direto da celebração das ordenações diaconais e sacerdotais teve um número record de visualizações, em direto – 8140. O vídeo da celebração está disponível no link: www.bit.ly/ordenacoes2017.
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Padre Rui Ferreira, da Sociedade Missionária da Boa Nova: “Quero ser um padre alegre porque sou amado”
Foi jogador federado de basquetebol e praticou bodyboard. Os “excessos” de uma vida que queria que fosse “autónoma” fê-lo “desligar-se” da Igreja após a Primeira Comunhão. Hoje, o padre Rui Ferreira, ordenado no passado Domingo, 2 de julho, no Mosteiro dos Jerónimos, conta ao Jornal VOZ DA VERDADE como a sua vida deu uma volta de 180 graus e o trouxe de volta à “prática dominical e diária”. O novo sacerdote da Sociedade Missionária da Boa Nova, agora com 36 anos, entrou no seminário em 2009, com o desejo de se conhecer pessoalmente, “mas também de conhecer o transcendente, o sentido da vida, a existência” – motivos que o começaram a inquietar aos 18 anos, quando entrou na faculdade com a vontade de ser psicólogo. E foi. “Tinha uma vontade de compreender a pessoa humana e de ajudar os outros, também por causa da crise pessoal que tive. Apesar de me ter afastado da Igreja durante a adolescência, Deus e a fé nunca deixaram de ser uma questão para mim, a questão última”, sublinha este sacerdote, natural da Paróquia da Silveira, em Torres Vedras.
Oração
Depois de se licenciar em Psicologia Social e das Organizações, o agora padre Rui Ferreira – o mais novo de três irmãos – atribui também a entrada no seminário à “muita oração” da sua mãe. Devido a uma peregrinação em que não pôde participar, surgiu uma oportunidade que o interrogou sobre a sua vocação. “Em 2008, um amigo desafiou-me a fazer uma peregrinação, a pé, a Fátima, mas não disse logo que sim e não consegui ir porque o número de inscritos tinha, entretanto, chegado ao limite. Então, esse mesmo amigo convidou-me para um retiro espiritual que era, na verdade, um Cursilho de Cristandade. Para mim, esse cursilho foi o clique”, refere o padre Rui Ferreira. Após essa experiência ficou uma certeza: “Fazer a vontade de Deus! Que Ele me peça tudo o que quiser, mas ser padre é que não”, desejava, então, este jovem.
Igreja Missionária
No ano de 2008, Ano Paulino, realizou-se, em Portugal, o Congresso Missionário Nacional e uma Peregrinação Missionária Nacional. Esses momentos contribuíram para que o padre Rui percebesse que “Deus estava a chamar”. “A Igreja missionária, jovem, mais despojada, pobre, atraiu-me”, garante. Foi no mesmo ano, ao participar num curso de Missiologia, que conheceu os Missionários da Boa Nova. “Senti que ali era o meu lugar”, garante.
Depois dos estudos de Teologia, intercalado por um ano de formação espiritual e missionária e outro ano por um estágio, em Moçambique, o padre Rui Ferreira voltou, enquanto diácono, para o Seminário da Sociedade Missionária da Boa Nova, em Cernache do Bonjardim, onde tem estado como diretor adjunto do ano de formação. No contexto de “missão permanente” que a Igreja está a viver – tantas vezes sublinhado pelo Papa Francisco –, o padre Rui Ferreira salienta o que se pode esperar da sua missão “no meio do povo”: “Quero ser um padre alegre porque sou amado. Quem recebe este dom, tem que o partilhar”, afirma.
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As fotografias da celebração das ordenações estão disponíveis na página do Patriarcado na rede social Flickr: www.flickr.com/patriarcadodelisboa/albums
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