Domingo |
À procura da Palavra
Perder... ou ganhar?
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DOMINGO XXII COMUM Ano A

“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro,

se perder a sua vida?”

Mt 16, 26

E se pudéssemos dizer: “perder... e ganhar? A oposição destas duas realidades é assim tão absoluta? Quando olhamos para a vida, o tempo, os bens, os projectos, as noções de “perder” e de ganhar”, que sentido têm para cada pessoa? O que para uns parece perda de tempo, como a contemplação da beleza de pequenas e grandes coisas que nos rodeiam, é ganho para outros. E a vida constantemente ocupada e agitada, que parece riqueza para uns, é perda de paz e profundidade para outros. Sim, talvez seja possível “perder... e vir a ganhar”!

Índice Médio de Felicidade” é um livro, premiado a nível europeu, de David Machado, que o realizador Joaquim Leitão transformou em filme, e estreou esta semana. Numa entrevista o realizador fala de optimismo e esperança no meio da adversidade: “As pessoas queixarem-se apenas do que lhes acontece de mau não leva a lado nenhum. [...] [A crise] não me retirava a capacidade de tentar ser feliz e de procurar desfrutar a vida. Isto é um lugar-comum, eu sei, mas muitas das melhores coisas da vida são de graça. [...]. Se há imensas coisas que não controlamos, há algo que pelo menos todos nós controlamos, que é a nossa reacção ao que acontece. E acredito que estamos aqui para tentarmos ser felizes e não para sofrer. E que há muitas maneiras de sermos felizes, mesmo quando tudo corre mal.”

Dá a vida se não a queres perder”, podia ser o título subversivo das palavras de Jesus aos discípulos, depois de lhes anunciar, pela primeira vez, a sua paixão e morte. Que contraste com as expectativas messiânicas de riqueza e abundância de bens para todos, de glória e poder, e de um messias que não havia de morrer, como ensinavam os escribas! Tinham de ficar abalados, e Pedro até fez uma tentativa de corrigir o Mestre, que não correu muito bem. “Ressuscitar” era algo estranho para eles, ao passo que, paixão e morte, eram realidades deles (e nossas!) bem conhecidas.

“Renunciar”, “tomar a cruz”, e “seguir” são as condições radicais propostas por Jesus. Deixar de ser o centro e de rodopiar sobre nós mesmos abre-nos a novas possibilidades: a dar o que antes só pensávamos acumular, a pensar nos outros e a levar-lhes vida que julgávamos não chegar para nós, a valorizar o que de graça recebemos. Também é errada a ideia de um dolorismo cristão: Jesus não procura o sofrimento, nem pede sofrimento; convida a dar a vida em totalidade, a amar até ao fim. E esse “mais” é o sinal da cruz, que pode passar pelo sofrimento, mas nunca termina nele. E seguir Jesus não é fazer dele um “guru” ou um “líder”, que diz tudo o que temos de fazer: é tomar parte no seu projecto, viver a alegria de sermos filhos de Deus e oferecer a vida para que todos tenham vida em abundância.

Perder..., ganhar...: podemos pensar um pouco melhor o que significam para nós. Com o olhar de Jesus iremos encontrar surpresas e oportunidades aliciantes. Que ninguém perca o que é mais importante!

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