O Arcebispo de Palo, uma das dioceses filipinas que mais sofreu com a passagem do tufão Haiyan, em Novembro de 2013, esteve em Fátima integrando a Peregrinação Internacional da Fundação AIS. Passaram quase quatro anos. Parece que foi ontem. D. John Forossuelo Du contou, de viva voz, como aquelas horas de terror ajudaram a mudar tantas vidas. Ajudaram a fortalecer a fé de tantas pessoas…
O dia 8 de Novembro ficou na memória de todos os que sobreviveram à passagem do tufão Haiyan pelas Filipinas. Foi em 2013. Ventos que sopraram a mais de 340 quilómetros por hora provocaram um rasto de destruição e morte. Mais de 6 mil pessoas perderam a vida. A Diocese de Palo foi das que mais sofreu com a passagem desta tempestade. O Arcebispo, D. John Forrossuelo Du, esteve esta semana em Portugal, tendo participado na Peregrinação Internacional da Fundação AIS a Fátima. Passaram quatro anos desde que o Haiyan dizimou tantas vidas e destruiu milhares de casas e igrejas. O Arcebispo aproveitou esta oportunidade para agradecer de viva voz a ajuda da Fundação AIS ao povo das Filipinas. Foi mais do que um testemunho. Foi uma lição de fé e de esperança.
Imagem de Nossa Senhora
“Eu estava lá”, lembrou D. John Du perante centenas de benfeitores e amigos da AIS vindos dos quatro cantos do mundo para a Peregrinação Internacional da AIS a Fátima. “Cerca de 95 % da minha diocese foi afectada”, disse o prelado, dando exemplos de histórias de pessoas que mesmo nos momentos mais aflitivos mostraram que Deus não as abandonava. “Apenas alguns dias após o tufão, alguém veio à minha residência de manhã cedo trazendo consigo uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal. Senti que Maria me visitou através dessa imagem…” A passagem do tufão revelou a enorme impotência de todos perante a força da natureza. Mas também mostrou o lado mais íntimo do coração de tantos filipinos, de pessoas que ali, no meio da destruição, conseguiam compreender quais eram as verdadeiras prioridades das suas vidas.
Gestos de altruísmo
“Ainda me recordo – contou o Arcebispo – de que alguém distribuiu lonas que serviriam como telhados provisórios, uma lona para cada casa… E um grupo de pessoas desistiu das lonas para as respectivas casas, colocando-as, em vez disso, na capela. Sacrificaram o que era para as suas casas e doaram-no para a capela. Também observei que as pessoas continuavam a participar na Missa, apesar de a igreja estar sem tecto e de chover. Senti que é nesses momentos que precisam de sentir a presença de Deus.” O Arcebispo aproveitou esta ocasião para agradecer pessoalmente – e uma vez mais – a ajuda da Fundação AIS que “chegou e acudiu às necessidades dos fiéis.” “Umas 76 das 78 igrejas da nossa diocese foram danificadas pelo tufão e a Fundação AIS escolheu 10 igrejas totalmente destruídas e ajudou-nos a recuperá-las. A AIS prestou-nos um grande auxílio na recuperação da nossa fé ao auxiliar-nos na reconstrução das nossas igrejas.” E acrescentou: “estiveram lá para nos dar algo que parecia não ser uma prioridade para mais ninguém…”
O poder da oração
O Arcebispo explicou que durante as horas de horror por que todos passaram, quando o vento inclemente levava tudo à sua volta, “o máximo que podíamos fazer era rezar, rezar e rezar”. E acrescentou: “foi a coisa mais eficaz e sensata que fizemos”. E explicou porquê. “Durante o tufão, percebemos que a nossa vida não nos pertence. Tudo se pode perder e ser destruído num só estalar de dedos. Esta experiência ensinou-nos a não sermos tão apegados aos bens materiais.” E muitos, naqueles minutos, naquelas horas que pareciam uma eternidade, compreenderam que há algo de mais precioso do que as coisas materiais. Isso chama-se vida. “Sim, nós percebemos que podemos perder tudo, mas a pior coisa que poderia ter acontecido era perdermos a nossa vida. Não apenas a nossa vida aqui na Terra, mas a oportunidade de ganhar a felicidade eterna no Céu.”
“Desculpa, obrigado, amo-te”
Uma mulher, que perdeu o marido e dois filhos no tufão, procurou a ajuda do Arcebispo. Procurou o seu consolo. Tal como as pessoas só compreendem verdadeiramente o valor da saúde quando estão doentes, também muitas vezes só se dá valor aos outros, aos familiares e amigos, aos vizinhos e colegas quando os perdemos. Diz o Arcebispo que não podemos deixar de compreender o essencial. “Todos os dias, disse D. John Du, é muito importante ajoelharmo-nos diante do nosso bom Deus e reconhecê-l’O, não importa quão ocupados estivermos.” E explicou que não devemos estar reféns do tempo, das ocupações que parecem dominar tudo, das coisas materiais que nos sufocam tantas vezes. “Temos de ser capazes de dizer uns aos outros as palavras mágicas: ‘desculpa, desculpa, obrigado e amo-te’ todos os dias…” Todos os dias.
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|