“As mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas, constituindo atualmente um dos principais desafios para a humanidade” (L.S. nº 25).
Uma longa caminhada
Vai há uns cinquenta anos que comecei a ouvir afirmações que hoje se tornaram óbvias ao falar de ecologia. Recordo aquele arquiteto que nos visitou - um grupo de jovens acampado na Praia da Adraga - e que na conversa abordou duas coisas que eu fixei: a primeira referente ao impacto que o desvio da E.N. 1 provocava no Mosteiro da Batalha e que ele considerava uma infeliz solução; a segunda foi a chamada de atenção que nos fez quando, ao lavar a loiça, utilizávamos demasiado detergente (que, para nós, era sinal do progresso).
Com a publicação da Encíclica “Laudato” Si o Papa Francisco sistematizou a nova consciência da responsabilidade para com o ambiente. Nessa linha instituiu o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, assumindo algo que já era vivido por outras igrejas cristãs. E o Movimento Católico Global pelo Clima, uma coligação internacional de católicos instituiu o chamado “Tempo da Criação” ou “Época da Criação”, com início a 1 de Setembro e termo a 4 de Outubro, festa de S. Francisco de Assis, o Padroeiro da Ecologia. Ainda há dias, antes de iniciar a visita à Colômbia, o Papa enviou uma mensagem apresentando a paz e a reconciliação como prioridade e recordando que “também a Igreja está chamada a promover a reconciliação com o meio ambiente, que é criação de Deus e que estamos a explorar de forma selvagem”.
Os pobres pagam primeiro
O apelo ao cuidado pela Criação é, ao mesmo tempo, um apelo em favor dos pobres, eles que são os primeiros a serem castigados pelos efeitos das agressões contra ela. Há vinte anos João Paulo II alertava para a paz mundial que estava ameaçada pela “falta de respeito devido à natureza”. E Bento XVI, durante a Conferência de Copenhaga em Dezembro de 2009, apresentou a Mensagem para o Dia Mundial da Paz com o título “Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação”.
Anunciando aos fiéis o dia de Oração pela Criação, Francisco disse: “Também apelamos àqueles que desempenham papéis de influência, a ouvir o grito da terra e o grito dos pobres, os que mais sofrem com os desequilíbrios ecológicos”.
É uma atitude que não joga com as reticências e renitências de alguns poderosos, como o Presidente Trump que decidiu “rasgar os ‘Acordos de Paris’”. É preocupante, mas não surpreendente, pois que está na linha da sua visão de “America first”, que anima outros movimentos imbuídos de ideais racistas e xenófobos, como pudemos ver nos acontecimentos de Charlottesville em meados de Agosto. Isso pode acontecer quando se ultrapassa a linha vermelha do bom senso e se preconiza uma sociedade não solidária.
A Criação com os incêndios ao fundo
Depois de meses envolvidos pelo cenário triste e trágico dos incêndios, depois de muitas visitas e declarações de figuras públicas, o que é que vai ficar para o dia seguinte quando o choro, o desespero e as perguntas deixarem de ter lugar nas televisões e na imprensa? Provavelmente o habitual: muda-se o registo, o centro de interesse passa a fixar-se nos jogos de poder e ao povo vai-se oferecendo em quantidades suficientes “o pão e o circo” que sustentam a imutabilidade. Os mais pobres continuarão a ter de gerir sozinhos o seu sofrimento, por vezes o desespero, porque a confiança se esvaiu. Riem-se de nós os que de fora assistem ao espetáculo; o pior é que pode ser que tenham razões para tal. O Bispo D. Manuel Linda acaba de publicar um artigo de opinião em que chama a esta questão uma “vergonha da Europa”, fala do número “obsceno” de vítimas e dá lugar à voz que anda no ar com a expressão “indústria dos incêndios”.
Como seria importante encontrar respostas para tantas perguntas não respondidas, exemplificando: Para além das razões óbvias, o que é que explicará a frequência e a extensão dos incêndios ? Que interesses ocultos estarão por trás ? Quanto é que o Estado está a gastar com a tragédia ? Por quem está a ser repartido o bolo dos fundos obtidos ? Qual o montante gasto no ataque e o investido na prevenção ? Por que é que, com tanta coordenação, os resultados são tão fracos e as consequências tão desastrosas ? Quando é que o Estado apresenta pistas para as reformas necessárias da floresta e para a prevenção desta tragédia e desta vergonha?
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