Lisboa |
Movimento Famílias de Caná
Aspirar à santidade em família
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É o primeiro movimento da Igreja de raiz familiar. Nasceu em Mogofores, na diocese de Aveiro, pela mão da família Power, e quer desafiar as famílias inteiras à santidade. No Patriarcado de Lisboa é na “Aldeia” de Nossa Senhora da Conceição, na Abóboda, em Cascais, que se congregam várias famílias, uma vez por mês, para rezarem unidas.

Teresa é portuguesa e professora de Inglês. Niall é irlandês. Conheceram-se na Alemanha e estão casados há 21 anos. Vivem em Mogofores, Anadia, têm seis filhos na terra e “mais um no Céu”. Formam a família Power e fizeram nascer as Famílias de Caná, o primeiro movimento da Igreja de raiz familiar. “As famílias de Caná são o nosso testemunho e a nossa vivência familiar tornada fonte de criatividade para outras famílias também”, explica Teresa.

Um caminho que nasceu logo após o casamento. “Nós já vivíamos com esta certeza de querermos ir mais longe na vida familiar. E procurámos muita coisa. Queríamos saber como é que podíamos ser santos, como é que podíamos aspirar a ter uma família santa”. Para isso, bateram a várias portas, perguntaram a muitas pessoas, procuraram em livros. Mas não encontravam a resposta. Foram, por isso, construindo pouco a pouco, “ouvindo aqui, ouvindo ali” e fazendo um percurso próprio. “E fomos descobrindo que funcionava, que era um percurso exigente mas capaz de gerar crianças felizes, crianças com vontade de serem santas e uma família inteira a caminhar nessa direção”, descreve Teresa. De tal maneira que o pároco de Mogofores, acompanhando de perto a família, desafiou-os a partilharem com outras famílias da paróquia a sua vivência: a forma de rezar em família, o cantinho da oração construído no centro da sala de estar. Aceitaram o desafio e começaram a falar às crianças da catequese e aos pais. “Fomos aproveitando essas pequenas oportunidades e, pouco a pouco, as ideias foram surgindo mais sistematizadas”. Um caminho que levou a que mais tarde, com a ajuda do Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, surgisse o esquema completo: As Bodas de Caná. “Conseguimos nas seis bilhas de Caná sistematizar a ideia, de forma a que seja simples e acessível a toda a gente”. No dia 14 de setembro de 2013 aconteceu o primeiro retiro Famílias de Caná que marcou o nascimento “oficial” do Movimento.

Em novembro do mesmo ano, a família Power quis ir ainda mais longe. “Já chegámos a estas famílias aqui; a nossa paróquia e os nossos amigos conhecem este testemunho, e agora como fazemos para as pessoas do resto do país saberem?”, perguntava-se Teresa. Foi nessa altura que nasceu a ideia de criar o blogue “Uma Família Católica” (http://umafamiliacatolica.blogs.sapo.pt). “Faço como Jesus fazia. Pego nas coisas simples da vida. No meu caso, nas brincadeiras dos meus filhos, as pequenas birras ou pequenas frases que eles diziam e conto-as a partir da Palavra e sob o olhar de Deus”.  

 

Aldeias de Caná

E foram muitos os que leram as histórias e os episódios diários da Família Power e foram contagiados por esta forma de viver a Igreja em Família. Hoje, são mais de 20 as famílias que “oficialmente” pertencem ao Movimento e que se agregam em seis aldeias de Caná. Em Vila Nova de Famalicão, Anadia, Proença-a-Nova, Ribatejo, Cascais e Setúbal.

As Aldeias de Caná nascem quando pelo menos duas ou três Famílias de Caná “se reúnem com regularidade para, juntas, aprofundar e partilhar a sua vivência do carisma, da espiritualidade e da missão das Famílias de Caná”. Procuram recuperar este sentido de família alargada, “não de modo mundano, mas espiritual”. Não substituem a celebração diária e semanal das Bodas de Caná na casa de cada família; antes “a fortalecem e aprofundam, através dos laços da oração e da amizade”. As Famílias de Caná foram, em julho de 2016, reconhecidas pela Diocese de Aveiro como um movimento eclesial de espiritualidade familiar, ad experimentum e por um período de três anos.

 

Uma família santa

Teresa explica que a ideia é que as famílias comecem, desde cedo, esse caminho da busca de santidade uns com os outros. “Quanto mais cedo as famílias quiserem fazer este percurso, mais fácil será. Desafiar uma criança de 2 anos a rezar é muito simples e será simples a vida inteira. Começar quando um adolescente tem 15 ou 16 anos é certamente muito mais complicado”. E descreve: “Nós rezamos com o Francisco que está no segundo ano da universidade e rezamos com a Sara que acabou de fazer 5 anos”. Rezam sempre todos juntos e Teresa garante que “não há qualquer conflito nesse tempo”. São 45 minutos diários em família, a seguir ao jantar. “Partilhamos a oração, conversamos sobre os temas do Evangelho do dia”.

 

Tempo de Deus e tempo de família

“A nossa vivência das famílias de Caná é tempo de Deus e tempo de família todos os dias”, explica Teresa. “A proposta é mesmo encontrar esse tempo, colocá-lo em primeiro lugar e não ao contrário. Vamos rezar, estar em família. Vamos ter tempo de Deus e tempo de família, que geralmente acontece ao mesmo tempo”. Depois de jantar, quando acabam os trabalhos do dia, reúnem-se em torno do Canto de Oração, durante 45 minutos todos juntos.

É esse um dos principais pilares das Famílias de Caná. Mas há mais. A construção de um canto de oração familiar, a consagração a Nossa Senhora, a oração do Rosário, a leitura da palavra de Deus todos os dias e a vida de sacramentos com pressa, “não adiando a confissão, a eucaristia”. E o serviço ao próximo: “não estarmos fechados”.

O movimento não se baseia em reuniões. “A reunião é diária, na nossa casa. E a partir das nossas vivências é que temos vontade de estar com outras famílias, de nos encontrarmos, partilharmos a vida”. E este é um programa para todos. As famílias começam no ponto em que estiverem nas suas vidas. “Até porque há muitas famílias que não têm um casal. São recasados, famílias em que a mãe acredita e o pai não, ou vice-versa”. Tudo porque “se as pessoas quiserem dar a Deus o primeiro lugar, ter esse tempo de oração e tempo de família, as suas vidas à volta disso vão, como um puzzle, pouco a pouco encaixando e vão sendo desafiadas à santidade da forma que for possível para cada caso”, garante Teresa.

 

Uma família em missão

A família Power tem percorrido o país a dar o seu testemunho. “Estivemos sexta-feira à noite [29 de setembro] em Avanca, chegámos a casa à meia-noite e meia. E ontem passámos o dia todo em Matosinhos para falar para 500 pessoas. Como isto é um movimento de família, nós tentamos que os nossos filhos levem a missão a sério”. E levam. “Mas divertem-se imenso”, conta Teresa a sorrir. “A missão para eles tem sido sempre fonte de muito tempo em família”. E já têm amigos em todo o país.

“Eles aderem à missão com muita alegria. Ontem vínhamos de Matosinhos a rezar no carro. Eles vinham a agradecer e a dizer: Jesus, foi o melhor dia da minha vida, mas eu acho que já te disse isto muitas vezes”, lembrava Teresa com uma gargalhada.

 

Em Tua Casa

Com o livro “Em Tua Casa”, lançado este ano, a família Power quer chegar a ainda mais famílias. Reúne uma selecção de crónicas do blogue, unidas pela história da família. “Em Portugal, ainda somos muito teóricos. As pessoas não dão o passo para contar a sua história”, lamenta Teresa. “Dá-me muita vontade de abanar as pessoas porque é tão bom ser família. Não há nada melhor. É um desafio tão grande à santidade. Duas pessoas irem adaptando, servindo, calando a sua vontade. É um caminho tão grande de santidade. E depois, à medida que chegam os filhos, introduzi-los nesta dinâmica, a vida da família oferece tantas oportunidade de santidade”. E as pessoas deixam-se abanar e acordam, garante Teresa. “Afinal as nossas propostas são coisas tão simples”. Tão simples como desligar a televisão durante o jantar.

Sobre o futuro das Famílias de Caná, Teresa garante que deixa tudo nas mãos de Deus. “Nós gostávamos de chegar ao mundo inteiro, de acordar as famílias no mundo inteiro levando este nosso singelo testemunho. Temos vontade que isso aconteça. Mas não é nossa preocupação. A nossa preocupação é fazer a vontade de Deus”.

Encontre mais informação sobre o movimento em www.familiasdecana.pt


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Uma Aldeia de Caná em Cascais

Sónia e João Miranda Santos, da paróquia da Abóboda, Vigararia de Cascais, passaram pelo mesmo processo de busca de Teresa e Niall, depois de casarem. Com 4 filhos, e casados há 7 anos, descobriram cedo o blogue da família Power. “Foi encontrar exatamente aquilo que procurávamos”, conta Sónia. E “naturalmente” foram adoptando algumas modos de viver, trazendo as propostas para a caminhada da família. Hoje são oficialmente uma Família de Caná. Rezam em família todos os dias, “sem exceção”, juntando à volta do Canto de Oração os filhos de todas as idades. “Passámos a viver a nossa fé em conjunto e a sermos mais transparentes com os nossos filhos. Tentamos viver a fé todos os dias e crescemos nesta caminhada todos juntos”.

Mas não são os únicos na diocese de Lisboa. A Aldeia de Caná Nossa Senhora da Conceição congrega famílias da grande Lisboa que se reúnem uma vez por mês para rezarem unidas. Os encontros - que juntam, neste momento, cinco famílias - costumam acontecer no primeiro Domingo de cada mês, na igreja de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda. Para além da oração, há sempre partilha de um lanche e um tempo de convívio.

texto por Clara Nogueira e fotos por Famílias de Caná
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