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Manuel Barbosa, scj
Centenário com arte e beleza
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Fátima, 13 de outubro, ao final da tarde na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em plena escuta e visão do solene concerto de encerramento do Centenário das Aparições. No horizonte de sete anos, ao encerrarmos um ano muito intenso de celebrações jubilares somos convidados a continuar de modo sempre novo o que recebemos aqui em Fátima da Senhora do Rosário ao longo de cem anos, em mensagem profundamente evangélica, fecunda de paz, esperança e misericórdia.

Estamos a viver um momento de arte sublime, que nos é ofertado pelos compositores Eurico Carrapatoso e James MacMillan, pelo coro e orquestra Gulbenkian dirigido pela maestrina Joana Carneiro, pela elevada entoação da soprano Elisabete Matos, pela significativa presença do Presidente da República. Como o foi ontem, e assim seria nas noites seguintes, a projeção audiovisual «Fátima, Tempo de Luz», tendo como tela excecional a fachada da Basílica, narrativa a recordar os marcos espirituais e históricos mais importantes da história e da mensagem de Fátima. Como têm sido tantas iniciativas que decorreram ao longo destes anos: canto, música, teatro, exposições, congressos, conferências, mensagens, cartas pastorais, publicações…

Estas belas expressões artísticas ganham dimensão profunda porque garantidas no suporte supremo que é a oração e a adoração, a eucaristia e a reconciliação. É deste fundamento interior, pleno de arte e beleza, imensamente celebrado tanto na noite de ontem como ao logo deste dia, que ganha grandeza a peregrinação das nossas vidas cristãs, quer em festivos acontecimentos e sentidos silêncios, quer nos encontros solidários do quotidiano.

É o Coração de Maria, concentrado no Coração de Jesus, que embeleza os nossos corações, que dá arte aos nossos andamentos, que transforma os nossos gestos e atitudes em saída permanente para o encontro dos próximos, ora na dor e na angústia, ora no júbilo e na festa, mas sempre na alegria do amor.

Foi com arte e beleza que acolhemos a mensagem que o Papa Francisco nos enviou neste dia, com o gesto profético de tirar o terço do bolso e mostrá-lo a cada um de nós dizendo: «Quero-vos dar um conselho: nunca deixeis o Rosário. Nunca deixeis o Rosário, rezai o Rosário, como Ela o pediu. Ide em frente. E nunca vos afasteis da Mãe».

Foi com arte e beleza que acolhemos a mensagem final do Bispo de Leiria-Fátima que encerrou este itinerário celebrativo em compromisso com a bela história de Fátima: «Com o tom do evangelho, as palavras da Senhora do Rosário não envelhecem, não perdem atualidade. A conclusão deste ano de centenário abre-se, por isso, sobre um horizonte que continuará a encontrar em Fátima lugar de esperança e sinal de afirmação da presença do Deus próximo da história dos homens e dos homens da história».

Foi com arte e beleza que voltámos e festejar o dom da santidade dos dois pastorinhos Francisco e Jacinta, que o Santo Padre propôs a toda a Igreja na grande celebração de 13 de maio passado.

Foi com arte e beleza que vislumbrei os rostos de milhares de peregrinos que, das entranhas do coração que ama, rezavam, cantavam, aplaudiam, contemplavam, celebravam a vida tão abençoada por Deus no coração da Mãe!

Deste modo, encerrar com arte e beleza nunca será terminar um percurso, antes abrir novos caminhos a partir da essencial mensagem de Fátima que «é sempre nova», no dizer de São João Paulo II.

Oxalá que as muitas expressões de arte e beleza, como as destes dias 12 e 13 de outubro, nos aproximem cada vez mais de Maria, a Senhora do Rosário, que nos transporta à contemplação do mistério que é o próprio Jesus.


foto por Santuário de Fátima