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Semana dos Seminários
Etapas distintas, uma só casa
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São 66 os alunos que estão atualmente no Seminário dos Olivais. Pela primeira vez, desde a crise de vocações nos anos 70, estão a ser utilizados para a formação sacerdotal os dois pavilhões desta casa: um para a etapa discipular (1º e 2º ano) e outro para a etapa configuradora (3º ao 6º ano).

 

O início deste novo ano pastoral, no Seminário de Cristo-Rei dos Olivais, ficou marcado pela chegada de 28 alunos, do 1º e 2º ano, vindos do Seminário de São José de Caparide. Estes rapazes – 17 do Patriarcado e 11 de outras dioceses – são os primeiros seminaristas a ocupar o (agora renovado) pavilhão B desta casa de formação. “Houve um aproveitamento do 1º andar do pavilhão B, que esteve a ser utilizado, nos últimos anos, pelos serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, e foi só chegar com as nossas coisas, organizar as salas de estudo, de trabalho e de reunião. É um andar destinado, em primeiro lugar, para essa etapa do 1º e 2º ano, mas são espaços que estão disponíveis para todo o seminário”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o reitor do Seminário dos Olivais, cónego José Miguel Pereira.

O pavilhão B é o simétrico do pavilhão A – onde estão, atualmente, os alunos do 3º ao 6º ano – e sofreu, nos últimos meses, diversas obras de remodelação e requalificação. “No 3º andar, foram feitas obras para criar condições de quartos, com casa de banho privativa, para que os seminaristas do 1º e 2º ano, vindos de Caparide, pudessem habitar. Este piso ficou pronto em setembro, no início do ano pastoral, e foi um esforço muito grande dos trabalhadores, com prejuízo das suas férias, de forma a podermos começar o ano com todos os alunos, aqui, no Seminário dos Olivais. As obras do 2º andar, que vai servir também para quartos, com casas de banho individuais, estão agora a decorrer, assim como as obras nas fachadas, as impermeabilizações de algumas partes da galeria e de telhados que precisavam de melhoramentos. No rés-do-chão, há ainda alguns espaços que também precisam de arranjo”, descreve este sacerdote, sublinhando que “residem atualmente no Seminário dos Olivais 66 alunos: 28 seminaristas no pavilhão B, na etapa discipular, e 38 no pavilhão A, na etapa configuradora”. Neste Seminário Maior, estão presentes alunos de 11 dioceses: Lisboa, cinco dioceses portuguesas (Aveiro, Funchal, Leiria-Fátima, Portalegre-Castelo Branco e Santarém) e mais cinco estrangeiras (São Tomé e Príncipe, Mindelo e Santiago – Cabo Verde e Cochim e Trivandrum – Índia).

 

Espaços comuns e equipa única
No Seminário dos Olivais, os espaços comunitários, como a capela, o refeitório e os locais de convívio, mantêm-se comuns aos dois pavilhões. “Foi essa a intenção do senhor Patriarca, de acentuar que é um só seminário, como a ‘Ratio’ [novo documento do Vaticano sobre a formação sacerdotal] prevê, ainda que com etapas distintas e alguns ritmos distintos, mas é um só seminário”, esclarece o reitor.
A equipa formadora do Seminário dos Olivais foi agora “reforçada” com os cónegos Nuno Amador, vice-reitor, e Nuno Isidro, diretor espiritual, que estavam no Seminário de Caparide. À equipa chegou também o padre Bernardo Trocado, que ficou como prefeito e que acompanha, mais diretamente, o 1º ano. “Somos uma equipa única, no princípio da própria ‘Ratio’, que sugere que haja uma única equipa formadora, que acompanha os seminaristas do princípio ao fim”, assinala o cónego José Miguel.

Para o reitor do Seminário dos Olivais, com a chegada dos alunos ao 1º ano, após o Ano Propedêutico em Caparide, a equipa formadora tem de ter “dois cuidados importantes”: “Evitar a massificação, ou seja, uma comunidade muito grande onde depois não haja um acompanhamento personalizado; e evitar algum cansaço psicológico dos seminaristas, porque ao entrarem aqui, esperam-lhes seis anos...”

 

‘Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis’

Estas alterações nos seminários diocesanos coincidem com a publicação da nova ‘Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis’, para o mundo inteiro. Este documento da Congregação para o Clero, da Santa Sé, sobre a formação sacerdotal, apontou “para uma autonomização do Ano Propedêutico – o que está a acontecer no Seminário de Caparide – e para um seminário com várias etapas – uma primeira discipular, mais de formação humana e cristã/eclesial, e depois uma etapa configuradora, mais da dimensão do estudo teológico e da configuração pastoral, em ordem ao ministério, e ainda uma etapa de síntese vocacional, ou pastoral, com alguns dinamismos que ainda estamos a ver como pôr em prática”, explica o reitor.

A nova ‘Ratio’ foi publicada a 8 de dezembro do ano passado. “Estas orientações já existiam. Existia uma ‘Ratio’, de 1970, pós-Concílio Vaticano II, que agora foi renovada, já com o contributo da vivência da exortação apostólica ‘Pastores Dabo Vobis’, do início dos anos 90”, explica. Este sacerdote destaca os contributos que as dioceses deram. “Esta ‘Ratio’ não caiu do céu. Houve uma auscultação prévia às dioceses e aos seminários acerca do que se ia fazendo, quais os desafios, quais as dificuldades, quais as boas práticas. Tudo isso foi recolhido, houve um esboço de ‘Ratio’ que foi elaborado e devolvido às Conferências Episcopais para se poderem pronunciar”, acrescenta o cónego José Miguel, salientando, contudo, que as novas orientações “não trazem propriamente uma revolução”. “Podem vir a acentuar coisas no sentido de ajudar-nos a sistematizar iniciativas que já íamos fazendo mas que nos faltava clareza”, assume.
No entender do reitor do Seminário dos Olivais, o Patriarcado de Lisboa “adaptou-se muito bem” à nova ‘Ratio’. “Isto pode parecer uma revolução, mas, na minha opinião, que vale o que vale, não é uma revolução assim tão grande. Lisboa foi pioneira, ainda nos anos 70, na consciência de que a formação do seminário devia ter iniciação pastoral séria, o ano pastoral deve ter uma modalidade um pouco distinta das demais – agora, a ‘Ratio’ prevê que isso não seja feito no 6º ano, mas depois –, mas essa intuição já existia”, refere.

Ajudar os seminários
De que forma as comunidades cristãs podem ajudar os seminários diocesanos? O reitor do Seminário dos Olivais deixa a resposta: “Primeiro de tudo, através da oração. Não só a oração pelo seminário, pelo caminho dos seminaristas e pelo trabalho das equipas formadoras, mas também oração pela vocação dos seus filhos e dos filhos das comunidades. Depois, podem ajudar com a criação de um ambiente vocacional nas comunidades e nas famílias, onde a vocação não seja apenas algo que surge pontualmente num ou noutro jovem, mas que seja o habitual e que o amadurecimento da vida cristã leve os adolescentes, naturalmente, a perguntarem-se qual o seu lugar na Igreja e no mundo, e o que Deus quer deles – não apenas o que eu quero, mas o que Deus quer. É preciso trabalhar, muito insistentemente, esta confiança de que a vontade de Deus é o maior bem. Deus não quer estragar a vida de ninguém e, portanto, o que quer que seja que Deus pede é o maior bem para o próprio, para a Igreja e para o mundo. Mas isto é difícil de entrar nas famílias e nas comunidades, em geral. Finalmente, é possível ajudar o seminário financeiramente. Durante o ano, temos um conjunto de pessoas, benfeitores, que dentro das suas possibilidades vão fazendo ofertas. Não são muitos, são os que são, e são generosos, com dedicação e com esforço”, responde o cónego José Miguel, lembrando um episódio recente com duas leigas: “A propósito da renúncia quaresmal, cujo valor reverteu em favor das obras no seminário, a dada altura recebi duas senhoras que, não tendo possibilidades de fazer grandes ofertas de dinheiro, queriam oferecer os seus préstimos de decoradoras naquilo que fosse necessário para a decoração da parte nova do pavilhão B”.

 

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Seminaristas visitam paróquias

Foram cerca de 40 seminaristas que, durante dois dias, estiveram em diversas paróquias do Patriarcado de Lisboa, numa iniciativa organizada no âmbito da Semana dos Seminários, que está a decorrer desde o dia 12 até este Domingo, 19 de novembro. Salientando que “não é uma iniciativa nova, que já tem sido organizada em outros anos”, o reitor do Seminário dos Olivais, cónego José Miguel Pereira, destaca ao Jornal VOZ DA VERDADE a importância de as paróquias viverem constantemente em ambiente vocacional. “Algumas comunidades cristãs contactaram o seminário, outras fomos nós que contactámos, e participaram nesta iniciativa os 28 seminaristas da etapa discipular (1º e 2º ano), bem como os seminaristas da etapa configuradora que trabalham com o Pré-Seminário, mais os alunos de Penafirme e também um ao outro do Seminário de Caneças. No total, deverão ter sido mais de 40 rapazes que estiveram nas comunidades, no passado fim-de-semana, dias 11 e 12”, assinala este sacerdote.
Na edição do Jornal VOZ DA VERDADE do próximo dia 2 de dezembro, na secção Vocações (págs.10-11), não perca o testemunho de seminaristas que estiveram, por estes dias, nas paróquias, no âmbito da Semana dos Seminários que, este ano, teve como lema ‘Fazei o que Ele vos disser’ (Jo 2, 5).

 

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Seminários 2017/2018 | Patriarcado de Lisboa

 

São 110 os alunos que estão a frequentar, neste ano pastoral, os seminários diocesanos em Lisboa: 61 são seminaristas do Patriarcado e há também 49 seminaristas de outras dioceses a fazer a sua formação. A juntar a estes, há ainda 54 pré-seminaristas.

Informações: www.seminarios.patriarcado-lisboa.pt

 

Pré-Seminário, em Penafirme

Acompanha rapazes do 7º ano até aos universitários. Apresenta-os ao Seminário de Nossa Senhora da Graça (Penafirme) a partir do 10º até ao 12º ano e ao Seminário de São José (Caparide) para o Tempo Propedêutico (universitários). Os pré-seminaristas vivem com as suas famílias e frequentam as escolas da área da sua residência.

- 7º e 8º ano: 18 rapazes

- 9º ano: 9 rapazes

- 10º e 11º ano: 19 rapazes

- 12º ano: 8 rapazes

 

Seminário de Nossa Senhora da Graça, em Penafirme

Acompanha os seminaristas do 10º ao 12º ano. Apresenta-os ao Seminário de São José (Caparide) para o Tempo Propedêutico. Os seminaristas frequentam o Externato de Penafirme. O seminário disponibiliza-se para organizar encontros de jovens para as paróquias.

- 12º ano: 6 rapazes

 

Seminário Redemptoris Mater’, em Caneças

Seminário Diocesano de cariz missionário, orientado segundo a pedagogia do Caminho Neocatecumenal. Os alunos frequentam a Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

- 1º ano: 4 alunos

- 3º ano: 3 alunos

- 4º ano: 3 alunos

- 6º ano: 3 alunos

- Itinerância: 3 alunos

 

Seminário de São José, em Caparide

Acompanha os seminaristas no Tempo Propedêutico e apresenta-os ao Seminário de Cristo-Rei (Olivais).

- Patriarcado de Lisboa: 8 rapazes

- Outras dioceses: 14 rapazes

 

Seminário de Cristo-Rei, nos Olivais

Acompanha os seminaristas do 1º ao 6º ano de Teologia. Frequentam a Faculdade de Teologia da UCP. Apresenta-os em nome da comunidade cristã aos respetivos Bispos, para a Ordenação.

- 1º ano: 9 alunos (6 do Patriarcado e 3 de outras dioceses)

- 2º ano: 19 alunos (11 do Patriarcado e 8 de outras dioceses)

- 3º ano: 8 alunos (3 do Patriarcado e 5 de outras dioceses)

- 4º ano: 6 alunos (4 do Patriarcado e 2 de outras dioceses)

- 5º ano: 10 alunos (4 do Patriarcado e 6 de outras dioceses)

- 6º ano: 14 alunos (3 do Patriarcado e 11 de outras dioceses)

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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