Lisboa |
Visita Pastoral à Paróquia da Ameixoeira
Evangelho que passa da página para a concretização humana
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No âmbito da Visita Pastoral à Paróquia da Ameixoeira, D. José Traquina visitou a casa das Irmãs do Cottolengo, que acolhem, neste espaço, há 20 anos, doentes pobres e crónicos. O Bispo Auxiliar de Lisboa realçou o testemunho das religiosas que ajudam a “olhar com os olhos de Deus e a amar com o coração de Cristo”.

 

‘Providência’ é uma das palavras mais ouvidas numa das casas da Estrada da Ameixoeira. No número 129, existe uma instituição que acolhe doentes pobres, que padecem de doenças crónicas e que estão impossibilitados de estarem noutros centros ou hospitais. Esse é o carisma das Irmãs Servidoras de Jesus do Cottolengo do Padre Alegre. Chegaram a Lisboa em 1989 e estão instaladas, desde 1997, na Paróquia da Ameixoeira, na Vigararia Lisboa IV. A casa onde também reside – e sempre residiu – o “abandono à Providência”, a “centralidade na Eucaristia” e a “entrega da vida ao serviço dos outros” recebeu, na passada sexta-feira, 10 de novembro, a visita de D. José Traquina, que testemunhou o serviço “importantíssimo” que estas religiosas prestam à Igreja e a sua importância para a paróquia. “É, para mim, um bem muito grande conhecer esta casa e o bem que aqui se realiza”, referiu o Bispo Auxiliar de Lisboa, durante a visita às instalações onde cumprimentou, uma por uma, as doentes que ali se encontram. Durante a Missa na capela da casa, D. José referiu-se ao trabalho das cinco religiosas como um importante sinal do “Evangelho encarnado e concretizado no coração” das irmãs e da congregação. “É um bem muito grande saber que aqui o Evangelho passa da página para a concretização humana. Estamos gratos às irmãs pelo bem que fazem e as irmãs também reconhecem que é o carisma, que é ação de Deus a acontecer na vida da Igreja que, depois, também acontece nas pessoas que com elas estão. Esta ação também ajuda outras pessoas a olharem com os olhos de Deus e a amar com o coração de Cristo”, referiu D. José Traquina, na homilia da Missa que celebrou ao final da tarde, na capela da casa da congregação religiosa, durante a Visita Pastoral à Paróquia da Ameixoeira.

 

Riqueza

A presença das Irmãs do Cottolengo na Paróquia da Ameixoeira tem sido de “uma grande riqueza, uma referência da caridade e da Providência”, assinala ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco, padre Luís Leal. Apesar de não ser “prestado diretamente nenhum serviço à comunidade paroquial”, a experiência dos paroquianos que se voluntariam para ali trabalharem “passa para fora”. “Há uma relação espiritual e de testemunho da fidelidade, da caridade e da Providência”, salienta o sacerdote.

Pároco da Ameixoeira desde 2012, o padre Luís Leal classifica de “positiva” a Visita Pastoral, que decorreu de 7 a 12 de novembro, e demonstradora da realidade desta paróquia que está nos limites do concelho de Lisboa. “Procurei que o Bispo tivesse contacto com a realidade concreta da paróquia, nas suas várias dimensões. Por isso, visitámos e até tomámos refeições com algumas famílias da paróquia, de estratos sociais completamente distintos. Houve contacto com os diferentes grupos paroquiais, com as suas fragilidades e com os seus problemas. Foi apresentada a realidade da paróquia, com os problemas concretos mas também com as suas conquistas”, salienta o pároco, referindo também a visita a algumas das instituições mais relevantes da Ameixoeira.

 

Geografia

Os bairros sociais e os contrastantes condomínios fechados ditam uma freguesia muito heterogénea, no seu aspeto social. “Temos habitação social com situações muito problemáticas, com incapacidades de inculturação de algumas comunidades, mas, ao mesmo tempo, temos condomínios fechados de uma classe social média-alta e também algumas famílias nobres que sempre habitaram na região”, descreve o padre Luís Leal, classificando a “geografia” como um dos principais problemas da paróquia. “A igreja não está na zona central da paróquia. As famílias que vivem nos bairros de classe média-alta têm os filhos em colégios que, por sua vez, têm catequese. Os outros bairros ficam um bocadinho mais distantes da paróquia e da igreja paroquial”, lamenta o pároco, de 43 anos. Um exemplo é a proximidade com as Galinheiras, que pertence à Paróquia da Charneca. Para muitos, “fica mais fácil ir a pé até lá, ou mesmo, de autocarro, a paróquias vizinhas, como a do Campo Grande ou a do Alto do Lumiar”.

 

Continuar a missão

A geografia da paróquia causa também uma realidade pastoral com pouca adesão, mas, nem por isso, resiliente. “Estamos a trabalhar para que o grupo de jovens possa crescer, em número e em qualidade. Foi criado um grupo a que chamamos de ‘Jovens adultos’, com elementos a partir dos 20 anos, alguns já casados e com filhos, e profissionalmente no mercado que precisavam deste apoio de animação na fé”, refere o sacerdote, indicando também a existência do Apostolado de Oração e a restauração da Irmandade, que estava inativa desde 1966. “É a instituição mais antiga de região porque existe desde 1270. Foi recuperada para a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora da Encarnação”, refere.

A catequese conta com a assiduidade de 48 crianças e o trabalho de 13 catequistas. “Uma das preocupações que tenho tido na escolha dos catequistas é o facto de serem da comunidade e nela participarem. Podem não ser os melhores pedagogicamente mas são aqueles que, apenas pela sua forma de ser, fazem perceber às crianças o empenho na comunidade e a experiência do encontro com Jesus”, salienta.

A Visita Pastoral trouxe à Paróquia da Ameixoeira o desafio de “continuar a missão de viver, celebrar e transmitir a fé”, aponta o padre Luís Leal. “Foi um impulso. Às vezes precisamos de ânimo para conseguir fazer as coisas, para continuarmos o nosso trabalho e dedicação. Senti, com esta visita, o ânimo do Pastor que nos acalenta para continuarmos o trabalho”, frisa o pároco da Ameixoeira.

 

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Manter viva a proposta cristã

Entre 7 e 12 de novembro, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. José Traquina visitou as diferentes realidades da Paróquia da Ameixoeira. Na celebração conclusiva da visita, D. José salientou a “preocupação” da paróquia por “manter a proposta da vida cristã, à luz do Evangelho”, e sublinhou o desafio que encontrou com a diversidade populacional. “Existe, portanto, um desafio pastoral que tem a ver com a distinção dos diversos bairros da área geográfica da paróquia. Contudo, é necessário registar o seguinte: pude verificar, nas visitas que fizemos, beleza, dignidade, sensibilidade de fé cristã e cooperação de entreajuda, em famílias consideradas mais pobres”, observou D. José Traquina, Bispo eleito de Santarém, naquela que foi a penúltima Visita Pastoral enquanto Bispo Auxiliar de Lisboa.

texto por Filipe Teixeira; fotos por Filipe Teixeira e Paróquia da Ameixoeira
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